Amiga diz que Raynéia ajudava a tratar feridos em protestos na Nicarágua
Estudante pernambucana Raynéia Gabrielle, natual de Vitória de Santo Antão, estudava medicina na Nicarágua e foi metralhada durante os violentos confrontos políticos que tomam conta do país
A estudante de medicina pernambucana Raynéia Gabrielle Lima - metralhada e morta na Nicarágua na noite de segunda-feira (24) - não participava dos protestos, mas ajudava a tratar os feridos, assim como muitos companheiros de universidade, de acordo com uma amiga da estudante. A jovem conversou com a reportagem da Folha de Pernambuco, mas pediu para não ser identificada com medo da perseguição do governo. O crime ocorreu em meio aos intensos confrontos políticos que tomam conta do país.
Raynéia nasceu no município de Vitória de Santo Antão, na Zona da Mata Sul de Pernambuco, e estudava medicina na Universidade Americana (UAM) em Manágua, capital do país. A estudante pernambucana foi metralhada por paramilitares enquanto dirigia seu carro na noite da última segunda-feira (23).
Família
No Facebook, a irmã da vítima, Ketelly Lima, lamentou o ocorrido. "Mesmo sabendo que um dia a vida acaba, a gente nunca está preparado para perder alguém", desabafou na publicação. Ela ainda relata que a irmã, que estava na Nicarágua há seis anos, sempre pedia para ver fotos de sua sobrinha. "Ficam as lembranças para contar como foi sua vida e restam as saudades para lembrar a falta que você fará", postou.
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Massivas mobilizações estudantis foram realizadas no Dia do Estudante na Nicarágua, na última segunda-feira (23). Segundo a estudante amiga de Rayneia, o regime realizou uma mobilização à parte para provocar os estudantes, que só foi anunciada um dia antes, enquanto que a dos estudantes, que pedem a renúncia de Ortega e Murillo, foi divulgadas dias antes. "Eles retiraram violentamente os estudantes entrincheirados na Universidade Nacional Autónoma de Nicaragua (Unan). E a contramarcha partiu daí."
O incidente com Raynéia aconteceu perto da Unan, uma área com forte presença de policiais e paramilitares pró-regime. "Ela havia acabado de sair do hospital onde deu expediente e ia visitar o namorado, quando seu veículo foi metralhado por paramilitares por volta das 11h da noite de ontem [segunda]."