Homenageados do Carnaval: as raízes sambistas de Belo Xis
Com 45 anos de carreira, Belo Xis é o puxador oficinal da escola Gigantes do Samba, da Bomba do Hemetério
O samba faz parte das raízes do cantor e compositor Antônio José de Santana, popularmente conhecido como Belo Xis. Dos 72 anos ostentados com orgulho, 45 são dedicados ao ritmo que aprendeu a amar com os pais. Ele é o puxador oficinal da escola Gigantes do Samba, da Bomba do Hemetério, e integrante da ala de compositores da Mocidade Independente de Padre Miguel, no Rio de Janeiro. Neste ano, o artista é um dos homenageados do Carnaval do Recife, por sua história de dedicação à música.
Filho de sambistas, nascido no bairro da Torre, Belo Xis encontrou na família sua primeira escola musical. "Na minha casa só se escutava os grandes sambistas, com Ataulfo Alves, Ciro Monteiro e Jorge Veiga. Meu pai e minha mãe administravam uma escola de samba, chamada Geográficos do Samba, que chegou a ser campeã do segundo grupo", relembra. Na adolescência, o futebol acabou levando o futuro artista para o Rio de Janeiro, onde a veia sambista começou a falar ainda mais forte.
"Fui jogar futebol no Vasco e, depois, fui transferido para o Madureira. Chegando lá, o goleiro titular era o Roberto Ribeiro, famoso sambista. Ao lado da concentração, onde a gente morava, ficava a Império Serrano. Do outro, estava a Portela. Nos bairros vizinhos, a gente encontrava a Imperatriz Leopoldinense, a Mocidade e a Tradição. Estava cercado pelo samba", conta.
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Entre LPs e CDs, o pernambucano tem 12 discos lançados. Seu primeiro compacto foi gravado pela Band Music no final da década de 1970. Uma das faixas do álbum, "Inflação", entrou para a trilha sonora da novela "Cavalo Amarelo" (1980), da Bandeirantes. De volta ao Recife, ele lutou para que o samba tivesse seu lugar em Pernambuco. Uma de suas vitórias foi a criação do Dia Municipal do Samba em 2012.
"Eu me sinto realizado naquilo que eu faço, na minha luta. Hoje, estou feliz por Recife ter grandes sambistas, tanto homens como mulheres. No início, quase ninguém queria tocar, porque diziam que era um ritmo carioca. Aos poucos, fui ajudando a acabar com isso. Agora cabe, daqui para frente, preservarmos essa marca", diz.