ASSÉDIO

Desde a saída de Pedro Guimarães, Caixa recebeu 60 denúncias de assédio

Banco tem 20 funcionárias que se revezam em chats, WhatsApp e e-mail para fazer os registros

Pedro Guimarães, presidente da CaixaPedro Guimarães, presidente da Caixa - Foto: Alan Santos/PR

Logo abaixo do gabinete da nova presidente da Caixa, Daniella Marques, no 20º andar do prédio sede do banco em Brasília, foi montada uma sala dedicada a questões relacionadas às denúncias de assédio moral e sexual dentro da empresa. Uma equipe formada por 20 mulheres se reveza em chats, WhatsApp e e-mails para ouvir funcionários que têm registrado comportamentos inapropriados no banco.

Pessoas próximas à investigação revelaram que, desde a saída de Pedro Guimarães, em 30 de junho, foram ao menos 60 denúncias de assédio registradas. Oficialmente, nem a Caixa nem os outros órgãos de controle divulgam dados sobre estas novas acusações.

A nova presidente da Caixa tem acompanhado a investigação de perto. Ela costuma descer com frequência para acompanhar todo o processo, segundo auxiliares. Para dar maior transparência à apuração, o Conselho de Administração da Caixa decidiu pela contratação de uma empresa independente e, nos próximos dias, o banco deve anunciar a contratação de um escritório de advocacia e de uma consultoria para auxiliar nas investigações das irregularidades.
 

Dessa forma, a Caixa garante isenção e demonstra compromisso com a apuração dos casos, tendo em vista, que, segundo relato de testemunhas, as denúncias eram acobertadas pela cúpula do banco na gestão de Guimarães.

Assédio também é moral: Pedro Guimarães xingava funcionários da Caixa, usava palavrões e esnobava diretores, revelam áudios obtidos por site

Para enfrentar uma das sua maiores crises institucionais, a força-tarefa criada para a apuração dos casos de assédio conta com o apoio de funcionários cedidos pela Controladoria-Geral da União (CGU) e da Advocacia-Geral da União (AGU). Eles compõem um comitê de acompanhamento, com membros do Conselho de Administração da Caixa.

Em outra frente, o Ministério Público Federal também está apurando as denúncias de assédio sexual e o Ministério Público do Trabalho, de assédio moral. Os processos correm em sigilo. O plano da nova direção da Caixa é acelerar a investigação das denúncias, que aumentaram após o afastamento de Guimarães.

A expectativa é que as primeiras conclusões só saiam em seis meses. Vai depender do que vier, disse um técnico do banco. Uma das principais dificuldades é coletar provas que configurem assédio sexual e moral.

Denúncias de 2020

No caso do assédio sexual, dificilmente o assediador deixa uma prova cabal. É preciso trabalhar os indícios e investigar o ambiente em torno das vítimas. Pelos relatos, os assédios aconteciam nas viagens a trabalho com Guimarães.

Neste caso, a equipe precisa colher provas em agências, restaurantes e hotéis em vários municípios. Após, a saída de Guimarães, a Caixa já afastou três vice-presidentes indicados pelo executivo e oito consultores estratégicos dos 26 contratados por ele.

O Ministério Público do Trabalho também apura outra denúncia, apresentada por entidades representativas dos trabalhadores no fim de 2020, que abrange queixas de 123 executivos contra o ex-presidente da Caixa, por desvio de função, transferências e reduções de salário.

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