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Aliados de María Corina e González cobram atas eleitorais em audiência na Suprema Corte da Venezuela

Aliados do candidato opositor se apresentaram ao órgão judicial após negativa de González e apresentaram as principais demandas sobre o processo

Edmundo González e a líder opositora María Corina Machado Edmundo González e a líder opositora María Corina Machado  - Foto: Federico PARRA / AFP

Em meio a questionamentos da comunidade internacional e da oposição sobre a falta de transparência na divulgação dos resultados na Venezuela e o procedimento judicial que averigua o resultado apresentado pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), lideranças de partidos de oposição alinhados ao candidato Edmundo González Urrutia compareceram ao Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) nessa quarta-feira (7).

Os representantes levaram ao órgão judicial duas das principais demandas da oposição unificada, a publicação das atas eleitorais na íntegra e o "respeito ao voto", após González Urrutia anunciar que não atenderia à convocação, alegando questões de segurança e irregularidades no processo.

O governador de Zulia, Manuel Rosales, presidente da sigla Um Novo Tempo (UNT), José Luis Cartaya, representante do Mesa da Unidade Democrática (MUD) e Simón Calzadilla, líder do Movimento Pela Venezuela (MPV), que endossaram a candidatura de González Urrutia à presidência, compareceram ao tribunal na manhã de quarta-feira.

Eles descreveram o procedimento no órgão judicial — que a oposição diz não estar previsto em nenhuma legislação do país — como "interrogatórios exaustivos", feitos separadamente. Apesar disso, disseram ter feito cobranças nas audiências.

— Aproveitamos esta audiência para exigir em nome de todo o povo, do CNE, aproveitando dos nossos direitos constitucionais, a publicação das atas finais do processo eleitoral de 28 de julho, que reflete o que significou a participação massiva do povo — declarou Rosales a jornalistas, após deixar o tribunal.

O governador, que chegou a ser considerado para substituir María Corina após a inabilitação da líder opositora, também afirmou que o cenário atual cria uma "dúvida razoável" sobre o processo de contagem e apuração dos votos, exigindo a publicação das atas para que qualquer resultado seja admitido.

— Todos temos direito à dúvida razoável, a reclamar a publicação daquelas atas. Somos membros da Plataforma Unitária e do Comando Com a Venezuela e as cópias das atas que temos foram publicadas — disse Rosales. — Para nós, é claro que o CNE tem competência e deve publicar as atas final, por respeito ao voto, respeito pelos resultados e isso é baseado nas atas.

Simon Calzadilla, líder do MPV, também questionou o procedimento anormal pelo qual ocorreu a apresentação do resultado eleitoral. Assim como González, ele criticou a falta de transparência, e questionou o fato do processo eleitoral estar sendo finalizado no Judiciário — algo que também foi questionado por González Urrutia na quarta-feira, que afirmou se tratar de uma usurpação de competência.

— Nenhum partido político sabe, 11 dias após a eleição, qual foi o resultado da votação.

O TSJ continuará as oitivas com partidos envolvidos no processo hoje. Pelo calendário inicial divulgado pelo órgão — amplamente dominado por aliados chavistas —, o procedimento de ouvir os partidos segue até a sexta-feira, com a participação do presidente Nicolás Maduro.

A Câmara Eleitoral do Judiciário tem até 15 dias para apresentar sua sentença final sobre o resultado divulgado pelo CNE — algo que a oposição diz ser inconstitucional, e aponta como uma possível forma do oficialismo dar ares de institucionalidade à reeleição de Maduro, que dizem ser uma fraude. (Com AFP)

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