violência doméstica

Antony é denunciado por quatro crimes na Inglaterra e penas variam de 6 meses a 26 anos de prisão

Assédio, cárcere privado, agressão e lesão corporal grave são destacados na ação movida pela DJ Gabi Cavallin, que já foi ouvida pela polícia inglesa

DJ Gabi Cavallin e Antony Santos, jogador do Manchester UnitedDJ Gabi Cavallin e Antony Santos, jogador do Manchester United - Foto: Reprodução Instagram

Desde a última sexta-feira, 1 de setembro, a polícia de Manchester investiga as acusações feitas por Gabi Cavallin contra Antony. Na ação de 70 páginas também entregue ao Crown Prosecutor Service (promotoria da Inglaterra), quatro crimes foram comunicados: assédio, agressão, cárcere privado e lesão corporal grave.

Cada um deles tem uma penalidade, que pode variar de dois anos de prisão e pagamento de 5 mil libras, (algo em torno de R$ 31 mil) no caso de harassment (assédio) a 26 anos de reclusão no caso de Grievous bodily harm (GBH), que é lesão corporal grave.

A DJ, que namorou o jogador entre 2021 e 2023, inclusive, já prestou depoimento numa videochamada gravada pelos investigadores, na própria sexta-feira. Ela está no Brasil e agora aguarda ser chamada para novos esclarecimentos. "Estou á disposição para ir a qualquer hora", diz a ex do jogador.

Ainda não se sabe quando Antony irá prestar seu depoimento, mas segundo a advogada Vanessa Souza, que representa o caso na Inglaterra, não é o tipo de coisa que demora muito.

"Aqui nós não temos uma Lei Maria da Penha, mas tem um código muito efetivo que foi elaborado pelo CPS, então tem várias medidas extremamente rápidas, tanto que fiz uma representação na quinta-feira e na sexta-feira a Gabriela já foi ouvida mesmo á distância, eu estando aqui em Londres e ela no Brasil. Existem vários crimes autônomos que ele pode responder, não só dentro dos crimes que estão na Lei Maria da Penha no Brasil", explica a advogada.

Não só órgãos de investigação, mas também o Manchester United já foi comunicado dos supostos crimes cometidos pelo atacante.

"Fiz uma representação formal perante a polícia de Manchester e a o clube também já foi notificado", diz Vanessa: "Serão interpostas ações cíveis e utilizaremos todos os mecanismos previstos no código de domestic abuse (abuso doméstico) inglês".

Pelo código inglês, as lesões corporais graves (GBH) ocorrem quando alguém, intencionalmente ou de forma imprudente, inflige lesões corporais graves a outra pessoa. Exemplos comuns incluem uma perna quebrada, um crânio fraturado e até mesmo uma lesão psiquiátrica que se apresentou de forma visível.

No caso de Gabi, o dedo, que teria sido lesionado em 8 de maio após Antony arremessar uma taça de vidro na direção de seu rosto, defendido com a mão, caracterizaria um GBH.

Dedo quebrado e cárcere privado

Na ação que move, ela conta que, por volta das 22h do dia 8 de maio de 2023, em Manchester, na Inglaterra, ela e Antony estavam na sala quando ele num "surto de ciúme" não gostou de vê-la olhando o celular e teria partido em sua direção enfurecido. "Tomado pelo ciúme, se ajoelhou na frente da DJ e retirou a taça que estava em sua mão de forma abrupta e a arremessou na direção de seu rosto. Para se defenter, Gabriela colocou a mão institivamente na frente e bloqueou a taça, que estilhaçou seus dedos, causando cortes bem profundos", diz o depoimento.

Este é o relato que acompanha a a ação movida pela DJ que acusa o jogador por agressão. Ainda de acordo com Cavallin, Antony a teria impedido de procurar atentidmento num pronto-socorro após o ocorrido.

"Contudo, em que pese a gravidade das lesões, ANTONY impediu que a vítima fosse imediatamente socorrida em uma unidade hospitalar, tendo continuado a proferir xingamentos e praticar agressões físicas e verbais, mesmo com a vítima gravemente machucada, mantendo-a sob cárcere privado no interior de sua residência, precisamente no interior da quadra de futebol que tem em sua casa, a qual é escura e tem a aparência de uma espécie de jaula", diz o texto da ação.

A "jaula" em questão é uma quadra de futebol de salão que fica praticamente na sala da mansão que o jogador ocupa na cidade inglesa. O imóvel foi do também jogador francês Paul Pogba. Antony "herdou" a casa com porteira fechada, ou seja, ficou com os móveis e decoração do lugar e o mini campo de futebol que teria servido de "prisão" para Gabriela.

Antony só teria retirado Gabriela da quadra após a chegada de seu próprio fisioterapeuta, Fernando Roberto Silva, que a levou ao hospital. O fisioterapeuta seria "pessoa de sua confiança e que garantiria que Gabriela não contaria o ocorrido para os médicos".

O fisioterapeuta, segundo depoimentos, mora a cerca de uma hora da casa de Antony em Manchester. Gabriela foi obrigada a aguardar a chegada dele para que pudesse sair em busca de ajuda especializada. Somente por volta das quatro da manhã já do dia 9 de maio de 2023 é que o jogador a destrancou para que fosse até uma unidade hospitalar para tratar os seus ferimentos.

"Estou em um bom dia". Esta foi a primeira declaração de Gabriela Cavallin após o corte de Antony na seleção brasileira de futebol. Depois que as denúncias contra o ex-namorado vieram à tona, com o vazamento de prints, vídeos e áudios que comprovariam o suposto comportamento violento do atacante, a CBF tomou a decisão de deixá-lo fora dos amistosos que o Brasil enfrenta essa semana.

"Sinto que estamos começando a ter a justiça e a atenção que o caso merece", avalia Gabriela, que denunciou Antony em maio deste ano após vivenciar uma série de episódios de agresão verbal e física enquanto os dois estiveram juntos, de 2021 ate este ano.

Com a ação sendo tramitada também na Justiça inglesa, Gabriela e seu advogado, Daniel Bialski, aguardam agora um posicionamento do Manchester United, time pelo qual Antony atua como atacante. A DJ aguarda que eles sejam tão severos quanto foram no caso de Mason Greenwood, também atacante do time, que foi acusado pela ex-namorada por tentativa de estupro e importunação sexual e afastado em definitivo pelo clube: "É o que esperamos".

Polícia britânica investiga

As denúncias da DJ Gabi Cavallin contra o jogador Antony, seu ex-namorado, já estão sendo investigadas pela polícia britânica. Segundo o jornal "The Telegraph", a polícia da região metropolitana de Manchester (Greater Manchester Police) já investiga o brasileiro. Em nota enviada ao jornal inglês a instituição confirmou que o caso está em averiguação.

"A polícia da região metropolitana de Manchester está ciente das alegações feitas e investigações estão em andamento para estabelecer as circunstâncias destas denúncias. Não faremos comentários além disso neste momento", diz a nota.

No início, uma mentira

Gabi Cavallin conheceu Antony num churrasco de amigos, há dois anos. Ela acabara de terminar um relacionamento. Ele estava sem aliança e não tinha um celular o rastreando. Para todos os fins, o jogador, estava solteiro.

“Eu não tinha como saber, nem o conhecia. Não sabia quem ele era. Quando fomos apresentados, o Antony me disse que me seguia desde 2018 no Instagram, que me mandou mensagem. Eu nem vi. Como ia saber que ele estava casado, se dizia e fazia o contrário?”, recorda ela, que, porém, reconhece o erro de ter mantido a relação após saber do estado civil do atleta.

“Aí a gente já estava apaixonado, e a paixão faz com que a gente não meça consequências. Não me orgulho disso. Mas eu acreditei quando ele dizia que aquele ‘pesadelo’ iria acabar”, diz. Até que a relação dos dois se tornou o pesadelo.

“Vivi um conto de fadas no início e no fim meu maior trauma”, avalia Gabi, que jura não ter percebido os primeiros sintomas de um relacionamento abusivo quando era proibida de falar com amigas ou sair sem que ligasse a câmera do celular para que Antony se certificasse de que não havia homens ao seu redor.

"Muitas vezes, eu ia jantar sozinha em Londres, onde ficava durante a semana para estudar, e era obrigada a ligar a câmera do celular para que ele me vigiasse, eu passava o jantar todo com ele me olhando. No início não percebia que era ciúme doentio, parecia cuidado somente", relata.

A suposta insegurança do jogador passou a refletir na relação. Gabi conta que foram várias as agressões que sofreu. “Ele se descontrolava, virava bicho, depois chorava, pedia perdão, era carinhoso. Eu acreditava na mudança dele”, confessa, quase envergonhada: “Minha mãe me avisava, minhas amigas, mas eu não acreditava que ele fosse capaz de fazer algo mais sério comigo, algo mais grave. Hoje vejo que eu estava errada”.

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