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Ataque com faca na França: ex-mulher diz que agressor tinha "pensamentos ruins"

Justiça francesa descarta "motivação terrorista", por ora, e avalia estado psiquiátrico do agressor

Peritos trabalham em parque infantil em Annecy onde um homem feriu seis pessoas a facadas Peritos trabalham em parque infantil em Annecy onde um homem feriu seis pessoas a facadas  - Foto: Olivier Chassignole / AFP

A ex-mulher de um refugiado sírio que, armado com uma faca, feriu seis pessoas em um parque de Annecy, nos Alpes franceses, nesta quinta-feira, afirmou que o ex-marido tinha "pensamentos ruins" e estava vivendo "em uma igreja" da França nos últimos quatro meses. Ele foi preso logo após o ataque, que deixou quatro crianças em estado crítico.

Segundo a mulher, o ex-marido, com quem tem uma filha de três anos, foi embora da Suécia porque não obteve a nacionalidade do país. Já a mãe do autor do ataque, que vive nos Estados Unidos há dez anos, disse à AFP estar em "estado de choque".

— Ele não me disse nada. Foi minha nora quem me disse — detalhou. — Ela dizia que ele nunca estava bem, sempre deprimido, com pensamentos ruins, não queria sair de casa, não queria trabalhar.

O ataque gerou comoção e revolta na França, cujas autoridades agora investigam a motivação do agressor. A Justiça abriu uma investigação por tentativas de assassinato, descartando por ora uma "motivação terrorista", disse a promotora de Annecy, Line Bonnet-Mathis, que também detalhou que o agressor não agiu sob efeitos de drogas ou álcool.

A primeira-ministra francesa, Élisabeth Borne, que visitou a cidade turística de cerca de 140 mil habitantes nos Alpes, observou que o homem não tinha antecedentes judiciais ou psiquiátricos conhecidos.
 

O ministro do Interior Gérald Darmanin declarou à emissora TF1 que, na manhã desta sexta-feira, o homem deverá ser submetido a um exame psiquiátrico. Darmanin afirmou que, "por razões ainda não esclarecidas", o agressor buscou asilo também em Suíça, Itália e França. Em seguida, descreveu a recusa dos pedidos de asilo e o ataque com faca como uma "preocupante coincidência".

O agressor era um refugiado sírio que obteve proteção na Suécia em 2013, onde viveu por dez anos. Ele se mudou para a França no fim de 2022, onde solicitou asilo em novembro, segundo várias fontes.

O agressor exclamou "em nome de Jesus Cristo" em inglês quando atacou, segundo um vídeo ao qual a AFP teve acesso. Quando foi detido, portava uma cruz e, em seu arquivo de pedido de asilo, declarou-se um "cristão da Síria", de acordo com uma fonte policial.

Este "ataque absolutamente covarde" e que deixou "várias crianças e um adulto entre a vida e a morte", nas palavras do presidente Emmanuel Macron, causou comoção na França e demonstrações de solidariedade na Europa.

Quatro crianças em estado crítico
O ataque ocorreu por volta das 9h30 (4h30 no horário de Brasília), nos Jardins da Europa, um parque muito frequentado às margens do Lago Annecy. Vestido de preto e com um lenço na cabeça, o agressor caminhou em direção aos carrinhos e atacou as crianças em uma área de recreação.

Diversas testemunhas relataram que o agressor tentou fugir, ferindo um homem em seu caminho, antes de ser rapidamente detido pela polícia, que atirou contra ele.

— Ele queria atacar todo mundo. Eu me afastei, e ele atacou um avô e uma avó e esfaqueou o avô — disse Anthony Le Tallec, ex-jogador do Saint Etienne e do Liverpool, ao jornal regional "Le Dauphiné".

Seis pessoas ficaram feridas, entre elas quatro crianças, que se encontram em estado crítico. Há também um adulto em estado grave, segundo a promotora de Annecy. As quatro crianças, entre elas uma holandesa e uma britânica, foram levadas para Genebra (Suíça) e Grenoble, depois de um primeiro atendimento no local.

— O estado de saúde é extremamente frágil, estão ainda em emergência absoluta — disse a promotora Bonnet-Mathis, que destacou que o agressor mirou nas "partes vitais".

Um adulto também foi internado após ser atacado pelo agressor e atingido depois por disparos da polícia durante a detenção. Outro adulto teve ferimentos leves, segundo a promotora.

Pela tarde, as autoridades reabriram o acesso ao parque. Muitas crianças voltaram a brincar na mesma área onde ocorreu a agressão.

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