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Internacional

Boris Johnson confirma que esteve em festa durante confinamento e pede desculpas

O primeiro-ministro britânico alega que era uma reunião de trabalho e pediu desculpas no Parlamento

Primeiro-ministro do Reino Unido, Boris JohnsonPrimeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson - Foto: Adrian Dennis / Pool / AFP

Mergulhado em escândalos e perdendo popularidade, o primeiro-ministro britânico Boris Johnson reconheceu, nesta quarta-feira (12), que esteve em uma festa nos jardins de Downing Street durante o confinamento e pediu desculpas, levando a oposição a exigir sua renúncia.

Numa Câmara dos Comuns agitada, o chefe do governo conservador justificou-se dizendo que acreditava que o evento de 20 de maio de 2020 nos jardins de sua residência oficial era uma reunião de trabalho.

Naquela época, em plena primeira onda da Covid-19, apenas duas pessoas eram autorizadas a permanecer em ambientes externos e muitos britânicos não puderam se despedir de seus entes queridos, daí a extensão da raiva causada por esse evento que reuniu mais de 100 pessoas com instruções para trazer uma bebida.

O polêmico líder defendeu-se explicando ainda que "os jardins são uma extensão do escritório, que esteve em uso constante devido ao papel do ar fresco na contenção do vírus". 

"E quando fui às seis da tarde de 20 de maio de 2020 para encontrar grupos de funcionários antes de retornar ao meu escritório 25 minutos depois, para continuar trabalhando, acreditei implicitamente que era um evento de trabalho", assegurou.

No entanto, em face ao escândalo que esta última revelação de uma longa série de alegadas infrações tem causado no país, reconheceu que "deveria ter mandado todos de volta para dentro".

E, apesar de insistir que "tecnicamente" poderia se dizer que estava dentro das normas, pediu "sinceras desculpas" aos britânicos, que naquele momento estavam "totalmente proibidos de se reunir com seus entes queridos".

Ele afirmou que assumiria a "responsabilidade" pelos "erros" que foram cometidos.

Acusando Boris Johnson de "mentir descaradamente", o líder da oposição trabalhista, Keir Starmer, considerou a defesa do primeiro-ministro "tão ridícula" que é "um insulto" aos britânicos. "Ele agora terá a decência de renunciar?", questionou. 

Os escoceses do SNP e os liberais democratas também pediram sua saída. 

Nesse ponto, Boris Johnson se referiu à investigação interna que confiou à Sue Gray.

Acúmulo de escândalos 

Após revelações em dezembro de várias supostas infrações, Johnson esperava ter deixado para trás o chamado "partygate", o escândalo das festas.

Mas na noite de segunda-feira (10) uma nova bomba explodiu e o primeiro-ministro não fez nenhum comentário desde então, evitando uma convocação para comparecer com urgência ante os deputados na terça-feira, possivelmente para preparar uma resposta em que cada palavra parece cuidadosamente calibrada.

A imprensa publicou um e-mail de 20 de maio de 2020 em que seu secretário particular, Martin Reynolds, convidava uma centena de funcionários a "aproveitar o bom tempo" tomando "algumas bebidas com distanciamento social" nos jardins de Downing Street. "Tragam suas próprias bebidas", dizia a mensagem.

Somando-se a outros escândalos de corrupção e clientelismo, essas revelações provocaram a ira da opinião pública, e de muitos deputados de seu próprio partido que estão inclusive contemplando uma moção de confiança interna, contra o líder conservador de 57 anos, eleito triunfalmente em 2019, mas que agora não para de perder popularidade. 

Dos 5.391 adultos entrevistados pelo YouGov na terça-feira, 56% consideraram que o premiê deveria renunciar.

Em 20 de maio de 2020, dois meses após a imposição pelo próprio Johnson do primeiro confinamento, apenas duas pessoas podiam sair juntas ao ar livre, em local público - e não em jardins privados - e respeitando dois metros de distância.

Essa foi a primeira flexibilização das regras para os 67 milhões de britânicos que até então só podiam sair de casa para comprar comida ou remédios e se exercitar uma vez por dia.

As autoridades multavam aqueles que infringiam as regras e poderiam indiciar reincidentes.

Desde então, o coronavírus matou 150 mil pessoas no Reino Unido, um dos países da Europa mais atingidos pela pandemia.

Quando o escândalo das festas ilegais estourou em dezembro, o primeiro-ministro afirmou ter recebido garantias de que "as regras sempre foram respeitadas".

Ele encomendou uma investigação interna à Sue Gray, que ainda não publicou seus resultados, e prometeu que, se violações foram cometidas, haveria "consequências".

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