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SAÚDE

Cetamina: o que é, para que serve e os riscos de substância que provocou a morte de Matthew Perry

Intérprete de Chandler, da série Friends, morreu em outubro; droga alucinógena, também conhecida como ketamina, também é usada no tratamento de depressão

Matthew PerryMatthew Perry - Foto: Divulgação/Reprodução

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Após semanas de especulação, o departamento médico legista do condado de Los Angeles divulgou, nesta sexta-feira (15), que o ator Matthew Perry morreu por “efeitos agudos de quetamina”.

O intérprete do personagem Chandler na série “Friends” foi encontrado inconsciente na casa dele, em Los Angeles, aos 54 anos, em 28 de outubro. Segundo o departamento, Perry morreu “acidentalmente”.

Conhecida como quetamina, cetamina ou ketamina, a substância, que tem efeitos alucinógenos, vem sendo usada no tratamento de doenças mentais. Entenda:

O que é?
A cetamina é um poderoso anestésico utilizado há mais de 50 anos. A substância também é utilizada como droga recreativa ilícita por seu efeito psicodélicos. Drogas psicodélicas são aquelas que alteram drasticamente alguns neurotransmissores no cérebro para criar uma mudança profunda na percepção, humor e ansiedade.

Estudos em animais mostraram que a cetamina aumentou os níveis de certas substâncias químicas cerebrais, como a dopamina, em até 400%. Isso deu origem a investigações sobre o potencial terapêutico da droga contra doenças mentais, como depressão resistente e transtorno de estresse pós-traumático (TEPT).

Como droga recreativa, costuma ser vendida sob os nomes "special K", "Key" ou "Keta".

Para que serve?
Estudos recentes mostram que ela pode ser uma boa opção para pessoas com depressão resistente, aquela que não responde a tratamentos orais tradicionais.

De acordo com um estudo australiano publicado recentemente, pessoas com depressão resistente (que já tentaram pelo menos dois antidepressivos sem sucesso) apresentaram melhora quando receberam injeções de ketamina.

O tratamento com cetamina também é um caminho para a prevenção do suicídio. Um estudo feito por pesquisadores de várias instituições americanas e publicado no Journal of Clinical Psychiatry apontou que metade dos voluntários que apresentavam ideação suicida no começo da pesquisa não a apresentava mais seis semanas após a realização de seis sessões de infusão.

Metade das 424 pessoas com depressão resistente respondeu ao tratamento e 20% tiveram sintomas depressivos em remissão. As taxas de resposta e remissão foram de 72% e 38%, respectivamente, após 10 infusões, escreveram os pesquisadores no estudo.

Como é usada?
Além da injetável, existem outras formas de administrar a droga, incluindo uma versão em spray nasal, chamada escetamina, que já é aprovada para o tratamento de depressão resistente.

Quais os riscos?
O uso apresenta riscos, por isso exige supervisão médica em ambiente controlado. Durante a sessão de infusão, o paciente pode apresentar aumento do ritmo cardíaco e de pressão arterial. Outro perigo é o aumento da ideação suicida.

O que ocorre no Brasil?
Clínicas brasileiras já oferecem tratamentos com a substância para tratamento de doenças mentais, como depressão resistente.

Cada sessão custa, em média, entre R$ 1.500 e R$ 2.000 e, normalmente, são necessárias de seis a oito infusões, mas a quantidade exata só pode ser determinada pelo médico responsável pelo procedimento, após a avaliação do estado de saúde do paciente.

Além de São Paulo, há clínicas oferecendo esse tratamento com cetamina para depressão resistente no Rio de Janeiro, Paraná e Santa Catarina.

O paciente se submete sessões de infusão que duram aproximadamente 50 minutos, duas vezes por semana. A aplicação endovenosa de pequenas doses de cetamina deve ocorrer em clínicas especializadas ou em ambiente hospitalar, e sob supervisão de um médico anestesista.

Em razão dos riscos citados acima, o paciente deve estar com os sinais vitais monitorados, fazendo uso de oxímetro, tendo os batimentos cardíacos acompanhados e a pressão arterial aferida a cada dez minutos.

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