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Política

Com queda de Milton Ribeiro, Bolsonaro teve um novo ministro a cada 43 dias

Na pasta da Educação, passaram nomes como Ricardo Vélez Rodríguez, Abraham Weintraub, Antonio Paulo Vogel (interino) e Milton Ribeiro

Presidente da República, Jair BolsonaroPresidente da República, Jair Bolsonaro - Foto: Clauber Cleber Caetano/PR

Com a saída de Milton Ribeiro do comando do Ministério da Educação (MEC), o governo Bolsonaro coleciona uma queda de ministro a cada 43 dias. Desde 1º de janeiro de 2019, quando assumiu a Presidência da República, Jair Bolsonaro (PL) fez 27 trocas em ministérios.

Na pasta da Educação, passaram nomes como Ricardo Vélez Rodríguez, Abraham Weintraub, Antonio Paulo Vogel (interino), além de Milton Ribeiro. Carlos Decotelli chegou a ser anunciado, mas não foi empossado.

Se levados em consideração apenas os que exerceram o cargo no MEC, a Educação teve uma troca de ministro a cada 9 meses e meio, em média. Até o momento, o nome do novo ministro da Educação não foi anunciado.
 

Esta semana está prevista reforma ministerial em que até 11 ministros devem se desencompatibilizar dos cargos para serem candidatos nas eleições de outubro — o que aumentará este número de trocas no primeiro escalão do governo. De acordo com a colunista Malu Gaspar, os generais do Alto Comando já foram informados de que o comandante do Exército, Paulo Sergio de Oliveira, será o próximo ministro da Defesa.

Pastor na Igreja Presbiteriana, teólogo e advogado com doutorado em educação, Milton Ribeiro foi o quarto ministro da Educação do governo Bolsonaro. Ele, que vinha balançando no cargo após virem à tona suspeitas de lobby de pastores evangélicos na pasta, construiu uma carreira juntando religião e pedagogia. À frente do ministério que chefiava desde julho de 2020, colecionou polêmicas e crises.

Ribeiro tem 64 anos e é membro do Conselho Deliberativo do Instituto Presbiteriano Mackenzie, mantenedora da Universidade Presbiteriana Mackenzie, da qual foi vice-reitor e reitor em exercício, entre os anos de 2000 e 2003. Ele é pastor na Igreja Presbiteriana Jardim de Oração de Santos, no litoral de São Paulo.

Segundo seu currículo acadêmico na plataforma Lattes, Ribeiro é graduado em Teologia e Direito, fez mestrado em Direito e doutorado em Educação — essa última formação pela Universidade de São Paulo, em 2006. Sua tese de doutorado é sobre os valores, princípios e doutrinas calvinistas e sua relação com a educação no Brasil.

Ainda em seu currículo, ele afirma ter sido responsável por 38 cursos de especialização e cinco cursos de extensão na universidade. Além disso, também é diretor da instituição Luz para o Caminho, que cuida da relação da Igreja Presbiteriana do com a mídia.

Milton Ribeiro já havia sido nomeado por Bolsonaro, em maio de 2019, para a Comissão de Ética Pública, ligada à Presidência da República.

Segundo publicou O GLOBO na época, Ribeiro teve seu nome levado a Bolsonaro pelo então Ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência do Brasil, Jorge Oliveira. Seu nome também foi encampado pelo então titular da Justiça e atual ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), André Mendonça, que também é pastor presbiteriano.

Como titular da pasta, Milton Ribeiro coleciona frases controversas que foram amplamente criticadas, além de crises de gestão no MEC que provocaram debandadas em entidades da pasta. Em setembro de 2020, Ribeiro fez declarações homofóbicas relacionando a homossexualidade a famílias desestruturadas.

"Acho que o adolescente, que muitas vezes, opta por andar no caminho do homossexualismo (sic), tem um contexto familiar muito próximo, basta fazer uma pesquisa. São famílias desajustadas, algumas. Falta atenção do pai, falta atenção da mãe", disse. A fala fez a Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciá-lo ao STF por crime de homofobia.

No ano passado, Ribeiro declarou que a "universidade deveria, na verdade, ser para poucos". Além disso, afirmou que, quando um aluno com deficiência é incluído em salas de aula comuns, ele não aprende e ainda "atrapalha" a aprendizagem dos colegas.

Também no ano passado, há menos de três semanas da aplicação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), 37 servidores do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), responsável pela prova, entregaram seus cargos numa demissão em massa da entidade.  Eles justificaram a saída pela "fragilidade técnica e administrativa da atual gestão máxima" do órgão, além de mencionaram episódios de assédio moral.

Após o episódio dos servidores do Inep relataram uma tentativa de interferência na montagem do Enem. Alguns profissionais acusaram o órgão subordinado a Ribeiro de praticar pressão e vigilância para que evitassem escolher questões polêmicas na prova que eventualmente poderiam incomodar Bolsonaro.

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