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Machismo

Damares pede cassação de Arthur do Val: 'Já desce no Brasil com a sua carta de renúncia'

Ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos classificou o áudio vazado do parlamentar de "baixo, nojento e sujo".

Ministra DamaresMinistra Damares - Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

A ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, publicou um vídeo, neste sábado (5), dizendo que vai entrar com um pedido de cassação "imediata" contra o deputado estadual Arthur do Val (Podemos-SP), o "mamãefalei". Durante viagem à Ucrânia, o parlamentar enviou um áudio para amigos com conteúdo machista no qual afirmava que as mulheres ucranianas "são fáceis, porque são pobres".

— Já desce no Brasil com a sua carta de renúncia porque nós vamos pedir a sua cassação e vamos tomar todas as providências jurídicas em relação à sua fala — declarou a ministra ao lado da secretaria nacional da Política para as Mulheres, Cristiane Britto, que acrescentou que do Val cometeu uma "violência contra a mulher em situação de dupla vulnerabilidade, mulher refugiada e em situação de guerra".

Na manhã deste sábado (5), o deputado desembarcou no aeroporto internacional de Guarulhos (SP) e se explicou sobre o áudio, que provocou uma onda de repúdio de diversas figuras políticas, inclusive entre seus aliados, como o ex-ministro da Justiça Sergio Moro (Podemos-PR).

— Foi errado o que eu falei, não é isso o que eu penso. O que falei foi um errou num momento de empolgação.  Foi um áudio machista, assumo, peço desculpas a todas as mulheres — explicou Do Val.Segundo o palarmentar, o áudio foi enviado a um grupo privado e teria ocorrido em um momento de descontração, quando cruzava a fronteira da Ucrânia com a Eslováquia.

— Uma coisa é o Arthur que foi lá, fez a missão e saiu. Outra coisa é o Arthur que já tinha saído e mandou um áudio num grupo privado para os amigos dele, de forma errada, descabida, não foi a melhor das posturas, é nítido — afirmou ele.

Na publicação, Damares classificou as palavras de Do Val como "horripilantes" e o áudio como "nojento, baixo, sujo", e "recomendou" a outros países da Europa que "não recebam este homem em suas terras". Por fim, disse que os homens brasileiros não pensam como ele e mandou um "abraço do governo Bolsonaro" às mulheres ucranianas.

Colegas de Arthur do Val na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) já iniciaram desde ontem uma mobilização para entrar com pedidos de cassação contra o deputado estadual. Entre eles, estão parlamentares de diferentes espectros políticos, como Isa Penna (PSOL-SP) e Gil Diniz (PL-SP). O presidente da Casa Legislativa, Carlão Pignatari (PSDB-SP), divulgou uma nota hoje, afirmando que as declarações foram "inaceitáveis" e que a Assembleia irá "investigar a conduta com rigor e seriedade"

O representante da Uneafro, Douglas Belchior, também enviou um ofício ao Ministério Público de São Paulo, pedindo uma investigação contra o parlamentar pela fala "abjeta sobre a vida das mulheres que vivem em contexto de guerra, de quem desconhece como, em situações de guerra às violações sexuais aumentam neste contexto". Belchior também solicitou uma apuração sobre a suposta relação do Movimento Brasil Livre, ao qual Arthur do Val faz parte, com grupos de extrema direita ucraniana de orientação neonazista.

No último dia da viagem que fez para "apoiar" o povo ucraniano e "ver in loco" o que estava acontecendo na guerra, conforme as suas publicações nas redes sociais, Do Val teve um áudio vazado em que descreve as suas impressões sobre as mulheres da Ucrânia.

— Vou te dizer: elas são fáceis porque são pobres. E aqui, cara, minha carta do Instagram cheio de inscritos funciona demais, funciona demais. Não peguei ninguém, mas eu colei em duas minas, e é inacreditável a facilidade. Essas minas em São Paulo, você dá bom dia e elas iam cuspir na sua cara — afirmou ele em áudio obtido pelo GLOBO e revelado pelo colunista Lauro Jardim.

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