Política

Doria e Leite cobram pressa, e PSDB quer prévias nesta semana com o mesmo app

A votação foi suspensa no domingo (21) por instabilidade no aplicativo, mas as empresas de tecnologia envolvidas no processo trabalham para cumprir a meta do partido

O governador de SP, João Doria (esq.), e o governador do RS, Eduardo LeiteO governador de SP, João Doria (esq.), e o governador do RS, Eduardo Leite - Foto: Arquivo/Agência Brasil e Reprodução/Facebook

Depois de os três candidatos das prévias presidenciais do PSDB afirmarem que desejam concluir nesta semana a votação, suspensa no domingo (21) por instabilidade no aplicativo, as empresas de tecnologia envolvidas no processo trabalham para cumprir essa meta.

A ideia seria abrir um dia de votação para os tucanos com mandato e um ou mais dias para os tucanos filiados ainda nesta semana. A decisão final, porém, deve ser tomada apenas na tarde desta segunda (22), após novas reuniões com representantes dos candidatos.

A inconclusão da votação apenas agravou a divisão interna entre os governadores João Doria (SP) e Eduardo Leite (RS). A disputa está acirrada e o resultado está em aberto. O terceiro concorrente, o ex-prefeito de Manaus, Arthur Virgílio, não tem chances de vencer e, na prática, se alia a Doria.

Em nota, o presidente do PSDB, Bruno Araújo, afirmou nesta segunda que "várias instituições e empresas de tecnologia, todas muito respeitadas, participaram da concepção e estão envolvidas no processo de correção da falha para que a votação continue".

"Todas as nossas energias estão concentradas para você que ainda não votou escolha quem será seu candidato à presidência da República. Contem com o nosso total e absoluto empenho para concluirmos a votação o mais rápido possível", conclui.

Diante do fiasco da votação no domingo (21), com aplicativo travado desde 8h30 da manhã até o fim do dia, parte dos tucanos ainda vê com ceticismo a hipótese de manter a votação pelo app, que foi desenvolvido pela Fundação de Apoio à Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Faurgs).

Na noite de domingo, Doria e Virgílio defenderam retomar a votação no domingo (28), enquanto Leite afirmou que a eleição interna deveria ser definida até terça-feira (23).

Araújo, no entanto, afirmou, no domingo, que a viabilidade técnica do app, ou seja, o prazo para a correção dos problemas é que será central na definição de novas datas -e não a vontade de cada um.

Para estabelecer esse prazo, várias reuniões entre o partido e as empresas de TI foram ficaram acertadas para esta segunda.

"Nos últimos meses, de forma exaustiva, toda equipe que faz o PSDB preparou com muito carinho e enorme dedicação uma festa para no último domingo escolhermos o primeiro candidato à Presidência com a participação de todos os filiados. É antes de tudo uma aposta na democracia. Eu mesmo, como voluntário do partido, tenho me dedicado integralmente ao projeto", diz a nota de Araújo divulgada nesta segunda.

"Lamentamos muito que um problema técnico no aplicativo desenvolvido para as prévias nos obrigou a não concluir uma comemoração que começou bonita pela manhã", afirma o presidente do PSDB.

A ideia de utilizar urnas eletrônicas, defendida por Doria, voltou a ser aventada após o problema com o app, mas é vetada por Leite.

No domingo, o PSDB fez uma votação híbrida. Num evento grandioso em Brasília, feito para anunciar o vencedor, mas que terminou de forma melancólica sem conclusão, puderam votar por meio de urnas eletrônicas os prefeitos e vices, deputados estaduais, deputados federais, senadores, governadores e vices e os ex-presidentes do partido.

Os filiados sem mandato e os vereadores deveriam votar pelo aplicativo, que não funcionou. A votação, que seria das 7h às 15h, foi ampliada para 18h e acabou suspensa. Outros tucanos do alto clero que não viajaram a Brasília e preferiram votar pela ferramenta online tampouco conseguiram votar.

O embate sobre a utilização exclusiva de urnas esbarra em dois fatores. O primeiro é de ordem prática: a capacidade logística do PSDB de espalhar urnas eletrônicas por todo o país. A ideia foi considerada inviável pelo alto custo.

A segunda questão diz respeito à oposição entre Doria e Leite. Enquanto o PSDB de São Paulo, que concentra os tucanos do país e os apoiadores de Doria, tem organização para mobilizar filiados e levá-los até o local de votação, isso não ocorre nos estados aliados a Leite.

Ao todo, 44,7 mil tucanos (cerca de 3% do 1,3 milhão de filiados) se inscreveram para a votação indireta, em que cada grupo representa 25% da pontuação: filiados; prefeitos e vices; vereadores e deputados estaduais; deputados federais, senadores, governadores e vices, ex-presidentes do PSDB e o atual.

São Paulo, pela concentração de mandatários e filiados cadastrados, larga com 35% de peso nas prévias. Além do Rio Grande do Sul, Leite tem o apoio de estados chave no tucanato, como Minas Gerais e Mato Grosso do Sul.

O saldo de domingo para o PSDB foi de vexame e mais tensão entre Doria e Leite, que trocaram acusações. Como mostrou o Painel, da Folha de S.Paulo, líderes de partidos da chamada terceira via veem o PSDB em frangalhos -uma união da sigla em torno do vencedor das prévias parece cada vez mais distante.

Araújo informou que de 62% a 65% dos votos, considerando os pesos desiguais dos grupos de votação, foram dados neste domingo, pela urna e aplicativo. Os resultados não serão apurados até que haja a votação complementar.

Ainda assim, o presidente do PSDB defendeu as prévias como um processo a ser adotado daqui em diante, afirmando que o partido se tornou protagonista no xadrez eleitoral de 2022. Disse ainda que o aplicativo não teve registros de ataques à segurança.

Para ele, o aplicativo é a ferramenta que chega ao maior número possível de tucanos. "A ousadia traz preço e risco", resumiu.

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