Duas barragens se rompem na Bahia e risco de enxurradas leva preocupação a populações ribeirinhas
Nas redes sociais, população de Itambé relata que a cidadezinha de pouco mais de 22 mil habitantes foi atingida pela maior chuva em duas décadas
O cenário dramático causado pelas fortes chuvas que atingem o Sul e o Sudoeste da Bahia ganhou contornos ainda mais graves neste fim de semana. Com a quantidade de água, duas grandes barragens se romperam, levando desespero, risco de enxurradas e obrigando a moradores de cidades vizinhas a deixarem suas casas às pressas. A primeira foi no sábado (25), em pleno Natal, em Vitória da Conquista. A segunda, neste domingo (26), próximo ao município de Jussiape, na região da Chapada Diamantina.
Com o rompimento da primeira grande barragem, a prefeitura de Itambé — que fica a uma distância de aproximadamente 58km do local — alertou a moradores ribeirinhos, que vivem próximo Rio Verruga, para que deixem suas casas com urgência, devido ao risco de enxurrada. O riacho do represamento atinge rios que chegam até o município, e o Verruga já havia transbordado e alagado residências na madrugada de sábado.
Nas redes sociais, população de Itambé relata que a cidadezinha de pouco mais de 22 mil habitantes foi atingida pela maior chuva em duas décadas. No Dia de Natal, alguns bairros haviam registado alagamentos, como o Agenor Novaes, Centro e Sidney Pereira de Almeida. Centenas de famílias estão desabrigadas e desalojadas. Defesa Civil e a prefeitura estão nas ruas fazendo levantamento dos estragos e dando assistência para a população. As famílias afetadas foram abrigadas em uma escola.
Já na manhã deste domingo, o alerta chegou através da prefeitura de Jussiape, na região da Chapada Diamantina, que anunciou que uma barragem havia se rompido na região, e que o perigo era grande no local. Num vídeo publicado pelo município, é possível ver a força da água. "Uma cheia jamais vista", diz a descrição da gravação.
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No comunicado, o município de Jussiape pede que moradores busquem locais seguros, e oferece o ginásio da Escola municipal José Mancos Freire como abrigo.
O estado da Bahia sofre com os efeitos das fortes chuvas desde o fim de novembro, cenário que só se agravou com a chegada do verão. São 66 cidades em situação de emergência, pelo menos 37 alagadas e, desde o início dos temporais, há registro de 18 mortes, de acordo com a Defesa Civil estadual, e 286 feridos com as enchentes. Ainda segundo o último balanço da pasta, até agora são 4.185 pessoas desabrigadas e 11.260 desalojadas — ou seja, precisaram deixar suas casas, mas não requisitaram abrigo. A estimativa é de que uma população de 400 mil pessoas já tenha sido afetada. O superintendente da pasta, Coronel Miguel Filho, admite que os números mudam a todo momento.
Uma série de vistorias técnicas têm sido realizadas em diversas cidades para verificar o estado das barragens as fortes chuvas dos últimos dias, de acordo com o governo estadual da Bahia. Além das duas grandes represas que se comperam, uma outra — essa de menor porte, conhecida como barra Beija-Flor — também rompeu na divisa de Anagé com Vitória da Conquista, mas a água correu para o Rio de Contas e não causou danos significativos, de acordo com o governo. A Secretaria do Meio Ambiente (Sema), que realiza as inspeções junto ao Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema) afirma ainda que algumas barragens foram orientadas a realizar "intervenções" para "amenizar futuras complicações", mas não foram revelados maiores detalhes.
Além de todos os problemas, a previsão de chuva continua pelo menos para os próximos 7 dias, podendo ser forte, o que preocupa ainda mais. Enquanto isso, campanhas são criadas por moradores para ajudar aqueles que perderam suas casas, que precisam da doação de comida, roupas e objetos pessoais.