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Carnaval 2022

Em meio às dificuldades, escolas de samba vivem incerteza com o Carnaval

Aldo Alexandre, presidente da Gigante do Samba, entre os materiais deterioradosAldo Alexandre, presidente da Gigante do Samba, entre os materiais deteriorados - Foto: Melissa Fernandes/Folha de Pernambuco

Incerteza. Este é o sentimento de quem ano após ano espera o Carnaval para "aparecer". Com a dúvida sobre a realização da festividade em 2022, os responsáveis por levar alegria a milhões de pernambucanos esperam um retorno das autoridades para saber se vão poder fazer aquilo que mais amam durante aproximadamente cinco dias de Folia. Não é diferente com as escolas de samba. Durante a pandemia, algumas fecharam, outras capengam, mas o objetivo é poder estar presente na tradicional festa que atrai pessoas de todo o mundo. 

Para que a Folia de Momo possa acontecer, a expectativa do Governo de Pernambuco é que cerca de 90% da população do Estado esteja totalmente vacinada contra a Covid-19 até fevereiro. Até o momento, aproximadamente 5,5 milhões dos pernambucanos estão 100% imunizados, o que significa 56,75% da população. Levando em consideração o período de aplicação entre uma dose e outra, a tendência é que o número suba até a festividade. Isso porque, mais de 7 milhões de pessoas já foram vacinadas com a primeira dose, ou 73,62%, segundo o Consórcio de veículos de imprensa, a partir de dados divulgados pela Secretaria de Saúde. 

No entanto, mesmo que o Carnaval dê o ar da graça em 2022, as escolas de samba não irão desfilar como o de praxe. Com pouco tempo hábil para se prepararem, além de recursos escassos, elas se planejam para realizar apenas um cortejo. É o que explica o presidente da Federação das Escolas de Samba de Pernambuco (Fesape), Francisco Carlos.

"A proposta que foi elaborada em conjunto entre nós da Fesape com as escolas é que haja um cortejo com no máximo 100 pessoas por agremiação. Não vai haver julgamento, apenas uma avaliação, até para não ter um relaxamento por parte das escolas. Elas seriam avaliadas por questão de controle, e que houvesse uma divisão das premiações, até para fortalecê-las para o Carnaval do ano seguinte. Queremos em 2023 fazer um Carnaval forte, para matar a saudade e celebrar a vida", detalhou Chico da Limonil, como é conhecido. 

 

Para quem sacode o público, a situação é ainda mais delicada. Prestes a completar 80 anos, a Gigante do Samba é uma das mais tradicionais escolas do Estado. Localizada na Bomba do Hemetério, soma 59 títulos e foi a única do Recife a ser convidada para se apresentar na Europa e no Japão. Hoje, o barracão reflete às dificuldades impostas pela pandemia. Em visita da reportagem, foi possível ver carros alegóricos desfigurados e materiais destruídos. Cenário oposto ao de outros anos nesta mesma época. 

"Nessa época estaríamos com o barracão de fantasia funcionando, alegorias quase prontas, costureiras fazendo as fantasias e os ensaios lotados. São mais de 1.500 integrantes, a tristeza é grande por não ter como colocar o pessoal na rua. É uma situação delicada, mas que as outras escolas também estão passando. Temos feito ensaios técnicos dia de sexta, porque o pessoal não aguentava mais ficar em casa, mas é sem nenhum objetivo, a não ser o cortejo caso aconteça", lamentou Aldo Alexandre, presidente da agremiação.

Cenário ainda imprevisível

A ideia de flexibilizar a realização dos desfiles, mesmo que com restrições, não é, porém, completamente indicada por quem estuda a Covid-19 e atua na linha de frente. A médica Sylvia Lemos, consultora de biossegurança da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), argumenta que o cenário para os próximos meses ainda é imprevisível e, por isso, qualquer iniciativa que possa promover aglomerações deve ser evitada. “Sabemos que, apesar do avanço da vacinação aqui no nosso País, muitos países no mundo ainda têm taxas de vacinação menores que a esperada. Por isso, é hora de a gente observar e evitar mais riscos de contaminações.”

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