EUA faz operações para conter imigrantes brasileiros na fronteira com o México
Desde outubro, agentes americanos realizaram dez ações para interceptar caravanas de indocumentados com até 93 pessoas, entre adultos, crianças e idosos
Agentes do Departamento de Alfândega e Proteção de Fronteira (CBP, sigla em inglês) realizaram dez operações entre outubro e novembro para interceptar grupos compostos sobretudo por brasileiros e venezuelanos que tentavam entrar ilegalmente nos Estados Unidos. As ações resultaram na detenção de 711 imigrantes que partiram de Tijuana, no México, com destino à San Diego, na Califórnia.
O governo americano considerou os "grupos de migrantes de tamanhos incomuns para a região". As ações foram conduzidas em parceria com o governo do México, que também tem observado um número crescente de famílias brasileiras no país com desejo de fazer a travessia clandestina para os EUA.
O CBP divulgou um relatório na última sexta-feira (19). Entre 28 de outubro e 9 de novembro, os agentes encontraram cinco grupos compostos por imigrantes do Brasil e da Venezuela. "Todos os grupos entraram nos Estados Unidos ilegalmente e consistiam em homens, mulheres e crianças", diz o texto. Os grupos flagrados tinham 43, 49, 73, 84 e 93 pessoas.
Leia também
• Família de imigrantes brasileiros é detida em hotel na fronteira dos EUA com o México
• Mais de 15 mil brasileiros chegaram ilegalmente ao México nos últimos dois meses
• Após União Europeia, outros países podem barrar produtos brasileiros alegando desmatamento
Em 27 de outubro, os agentes do CBP interceptaram um caminhão deixando um grupo de pessoas no lado sul da cerca da fronteira internacional. Após o desembarque, os imigrantes começaram a entrar nos EUA por meio de um tubo de drenagem desativado. Ao todo, eram 67 homens, mulheres e crianças do Brasil e da Venezuela.
Na véspera, dia 26 de outubro, os agentes da CBP fizeram as maiores apreensões de brasileiros: 155 pessoas. Primeiro foram encontrados 86 brasileiros tentando atravessar a fronteira por meio de uma tubulação de esgoto. Horas depois, um segundo grupo formado por 69 brasileiros - entre homens, mulheres e crianças - foi detido no mesmo local.
Em 23 de outubro, os agentes observaram um grupo de imigrantes entrar ilegalmente nos EUA por meio de um tubo de drenagem situado a cerca de 5km do porto de entrada de San Ysidro, a maior travessia de fronteira terrestre entre San Diego e Tijuana. Ao todo, havia 72 brasileiros e venezuelanos no grupo.
De acordo com o relatório da CBP, apenas em 4 de novembro houve prisões de coiotes. Na ocasião, os agentes detiveram dois mexicanos que transportavam 75 pessoas do Brasil, Venezuela e Portugal dentro de um caminhão baú.
Na última semana, o GLOBO mostrou que que nos últimos dois meses, mais de 15 mil brasileiros chegaram ao México, de acordo com dados do Instituto Nacional de Migração, órgão do governo mexicano responsável pelo controle de entrada, trânsito e saída de estrangeiros do país. A incidência de casos de tráfico de pessoas tem preocupado as autoridades locais, que temem que estes estejam relacionados ao movimento migratório.
Imagens da apreensão dos brasileiros logo ganharam as redes sociais do México. O vídeo gravado por uma testemunha mostra quando os imigrantes saem da carroceria de uma caminhonete, onde viajavam escondidos, e tentam correr em direção aos EUA. Eles foram detidos por agentes americanos.
Na última sexta-feira, uma família brasileira foi encontrada “escondida” em um hotel na cidade de Juárez, aguardando para ser levada ilegalmente aos EUA por um coiote. Os policiais foram até o local após uma denúncia anônima e encontraram uma família de três pessoas, formada pelo pai, pela mãe e pelo filho, todos brasileiros.
Em setembro, técnica de enfermagem Lenilda dos Santos, de 49 anos, morreu quando enfrentava a travessia ilegal para os Estados Unidos via fronteira do México. Ela estava acompanhada de um grupo de amigos e era guiada por um coiote.