Exército israelense confirma morte do líder do Hamas Yahya Sinwar
"Após uma busca de um ano [...] soldados das IDF do Comando Sul eliminaram o líder da organização terrorista Hamas", diz comunicado
O líder do Hamas, Yahya Sinwar, morreu durante uma operação do Exército de Israel na Faixa de Gaza, informaram fontes israelenses ao jornal americano Washington Post.
O comando militar de Israel e o serviço de segurança interna Shin Bet anunciaram mais cedo que a morte de Sinwar estava sob investigação e que testes de DNA estavam sendo realizados para confirmar se ele estava entre os mortos durante uma incursão das tropas.
Embora as autoridades não tenham confirmado oficialmente até o momento, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, convocou a imprensa para um pronunciamento às 14h30 (horário de Brasília).
Duas fontes israelenses ouvidas em anonimato pelo jornal americano afirmaram que exames de DNA confirmaram que o líder do Hamas é um dos mortos em Gaza. Um outro exame, de reconhecimento pela arcada dentária, também teria confirmado a identidade do palestino, apontado por Israel como o mentor do atentado terrorista de 7 de outubro de 2023.
Em um comunicado inicial divulgado pelas Forças Armadas israelenses, uma operação em um prédio no enclave palestino terminou com três homens do Hamas mortos. As autoridades israelenses afirmaram que tanto o Exército quanto o Shin Bet "examinam a possibilidade" de que um dos alvos seja Sinwar.
"A possibilidade de que um dos três terroristas mortos na operação em Gaza seja Yahya Sinwar está sendo examinada", informou o Exército israelense em uma publicação no site oficial da força militar.
Uma fonte israelense ouvida pela agência de notícias francesa AFP afirmou que testes de DNA estão sendo conduzidos para confirmar se um dos corpo é do líder do Hamas. Em uma postagem enigmática nas redes sociais, o ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, publicou as fotos de líderes do Hamas e do Hezbollah mortos, Hassan Nasrallah e Mohammed Deif, com uma terceira imagem ainda apagada, todos com um sinal de eliminado.
"Nossos inimigos não podem se esconder. Nós os perseguiremos e eliminaremos", escreveu Gallant.
Dinheiro, documentos de identificação e equipamentos de combate teriam sido encontrados junto aos corpos dos três mortos na operação, segundo o jornal israelense Haaretz. A publicação aponta que a unidade militar que encontrou os homens do Hamas não estavam em uma operação de neutralização de um alvo específico e não tinham informações prévias sobre a presença de Sinwar.
Há um ano, a localização de Sinwar é um mistério para as autoridades israelenses, que prometeram eliminar a ameaça do Hamas em Gaza e punir os responsáveis pelo atentado de 7 de outubro. Muito se especulou que o líder palestino estivesse escondido na densa rede de túneis mantida pelo grupo para operações ofensivas e deslocamentos no enclave.
Uma das hipóteses levantadas foi de que Sinwar teria se cercado de reféns capturados em Israel para impedir ou dificultar uma operação contra ele. Outra hipótese é de que se vestisse de mulher para escapar das operações. De acordo com o relato inicial israelense, não havia nenhum refém no local da operação.
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Quem é Yahya Sinwar?
Líder do Hamas em Gaza desde 2017, Sinwar, de 62 anos, é apontado como o maior responsável pelo ataque contra Israel em 7 de outubro de 2023, quando quase 1,2 mil pessoas foram mortas e mais de 250 foram sequestradas.
Ele nasceu no campo de refugiados de Khan Younis e entrou para a militância armada quando Israel ainda ocupava a Faixa de Gaza. Sua primeira prisão foi em 1982, por “atividades islâmicas”, sendo novamente detido em 1985.
Na época, se aproximou do fundador do Hamas, Ahmed Yassin, e assumiu o serviço de segurança interna do grupo. Seus alvos, além de pessoas acusadas de colaborarem com Israel, eram as “atividades imorais”, como lojas com material pornográfico. Em 1989, foi condenado à prisão perpétua por quatro homicídios.
Na prisão, tornou-se fluente em hebraico e, após ter feito uma cirurgia para retirar um tumor no cérebro, chegou a receber uma proposta para colaborar com Israel. Ele recursou. Em 2011, quando houve aquela que, até agora, era a mais famosa troca de reféns por prisioneiros da História de Israel — a de mil palestinos pelo soldado Gilad Shalit — Sinwar ganhou a liberdade e voltou para Gaza como um nome de destaque do Hamas.
Seis anos depois, em 2017, quando já integrava uma lista de pessoas consideradas terroristas pelos EUA, foi escolhido chefe do conselho político do Hamas na Faixa de Gaza, sucedendo a Ismail Haniyeh, que vivia no Catar. Apesar do passado “linha-dura”, que incluiu a ordenação de execuções de adversários mesmo quando estava na cadeia, os primeiros sinais enviados a Israel eram um pouco diferentes.
Em 2018, mandou mensagens, incluindo ao próprio premier Benjamin Netanyahu, afirmando que estava cansado da guerra e que seu objetivo era transformar Gaza numa sociedade funcional e pacífica. Um discurso que, como apontam analistas hoje, convenceu muita gente.
Ao longo dos anos, Sinwar manteve contatos indiretos com o governo israelense e com a Autoridade Nacional Palestina, que controla a Cisjordânia ocupada, obtendo inclusive novas permissões para cerca de 18 mil palestinos que vivem em Gaza trabalhassem em Israel. A ideia que passava era de que o Hamas não estava preocupado com a guerra, mas sim com o dia a dia dos mais de 2 milhões de habitantes do enclave.
Após a morte do chefe do Gabinete político do Hamas, Ismail Haniyeh, em um bombardeio israelense em Teerã, em julho, Sinwar foi nomeado como seu sucessor. (Com AFP e NYT)