Fachin diz que "forças desarmadas" são responsáveis por eleições: "Ninguém nem nada vai interferir"
Presidente do TSE sobe o tom e diz que quem dá a palavra final sobre as eleições é a Justiça Eleitoral
O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Edson Fachin, afirmou nesta quinta-feira que a Justiça Eleitoral está "aberta a ouvir, mas jamais se curvará a quem quer que seja" e disse que "quem trata de eleições são forças desarmadas". A dura fala do ministro ocorre em um momento de tensão entre a Corte eleitoral e as Forças Armada sobre as urnas eletrônicas.
Após a declaração, Fachin foi cumprimentado pelos demais integrantes da Corte e disse, reservadamente, que subiu o tom, "um pouco", "mas que era o necessário". A fala do ministro foi presenciada pelo Globo.
— Quem trata de eleições são forças desarmadas, e, portanto, as eleições dizem respeito à população civil, que de maneira livre e consciente escolhe seus representes. Logo, diálogo sim, colaboração, sim, mas na Justiça Eleitoral quem dá a palavra final é a Justiça Eleitoral. E assim será durante a minha presidência. A Justiça Eleitoral está aberta a ouvir, mas jamais estará aberta a se dobrar a quem quer que seja [sic] tomar as rédeas do processo eleitoral —, afirmou o ministro, que falou ao lado dos outros seis ministros que integram o TSE.
Disse ainda o presidente do TSE sobre a realização das eleições:
— Ninguém nem nada interferirá na Justiça Eleitoral. Não admitiremos qualquer circunstância que obste a manifestação da vontade soberana do povo brasileiro —, pontuou.
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Ao lado de Alexandre de Moraes, Ricardo Lewandowski, Mauro Campbell Marques, Benedito Gonçalves, Sérgio Banhos e Carlos Horbach, Fachin visitou o local onde está sendo feito o último Teste Público de Segurança do Sistema Eletrônico de Votação, quando investigadores examinam e avaliam as soluções desenvolvidas pela equipe técnica da Corte para sanar as vulnerabilidades identificadas em novembro do ano passado.
Ainda segundo Fachin, "quem vai ganhar as eleições" deste ano "é a democracia", garantindo que "isso certamente ocorrerá". Segundo o ministro, o TSE está aberto a contribuições, mas lembrou que a Corte é um tirbunal que opera com racionalidade técnica.
— No Brasil de Hoje, quem duvida do processo eleitoral é porque não confia na democracia — , disse o presidente do TSE, que deixa o posto em agosto, quando passará a condução das eleições para Alexandre de Moraes.
Nesta quarta-feira, o presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a colocar em dúvida o sistema eleitoral, disse que "sabe o que está em jogo" e afirmou que o seu governo não aceita provocações.
— Nós sabemos o que está em jogo. Todos sabem o que o governo federal defende: defende a paz, a democracia e a liberdade. Um governo que não aceita provocações, um governo que sabe da sua responsabilidade para com o seu povo — , disse o presidente durante uma viagem ao Paraná.
Na quinta-feira da semana passada, Bolsonaro afirmou que o PL iria contratar uma empresa para fazer a auditoria nas eleições desse ano. Ele, porém, não especificou qual tipo de auditoria seria feita. Em ocasiões anteriores, o presidente já pediu a contagem pública dos votos, ou que eles possam ser impressos para serem recontados.