Família no Rio acusa Polícia Militar de abordagem racista a adolescentes em Ipanema; veja vídeo
Grupo entrava no condomínio quando foram rendidos por dois PMs; Jovens estão de férias no Rio
Imagens de câmeras de segurança de um prédio em Ipanema, na Zona Sul do Rio, gravaram a abordagem truculenta de dois policiais militares a quatro adolescentes na noite desta quarta-feira.
Os jovens entravam no prédio quando a viatura da PM parou em cima da calçada e os policiais desceram com as armas em punho. O grupo formado por um jovem branco e outros três negros foi obrigado a encostar na parede para serem revistados. Os amigos estão de férias no Rio.
A mãe de um dos adolescentes relatou o caso numa rede social. Ao saber do caso e ver as imagens da câmera se segurança, Rhaiana Rondon considerou a abordagem racista.
Leia também
• Ator denuncia racismo após ser acusado de roubar prêmio e ser revistado no palco
• Benedita vai processar Zambelli por racismo após ser chamada de "Chica da Silva"
• Canadenses são vítimas de racismo pela 2ª vez, e Conmebol emite terceiro registro
A PM do Rio deu mais um show de racismo. Meu sobrinho, um garoto branco, 13 anos de idade, estava com 3 amigos negros, da mesma idade dele, em Ipanema, quando chegou a polícia apontando armas, claro, para os 3 negros. Leiam o relato da minha cunhada e o vídeo da abordagem:
— GugaNoblat (@GugaNoblat) July 4, 2024
“Uma… pic.twitter.com/X45CKTMzIO
"Uma viagem de férias, planejada há meses entre quatro amigos. Com destino ao Rio, quatro adolescentes de 13 e 14 anos, acompanhado dos avós de um deles, experienciaram nas primeiras horas a pior forma de violência. Às 19h, voltando para casa em Ipanema, foram deixar um amigo na porta de casa, na Rua Prudente de Moraes, quando foram abruptamente abordados por policiais militares, armados com fuzis e pistolas, e sem perguntar nada, encostaram os meninos (menores de idade) no muro do condomínio. Três, dos quatro adolescentes, são NEGROS!"
O filho de Rhaiana, de 13 anos, contou à mãe que os amigos foram revistados e obrigados a tirar a roupa.
"Com arma na cabeça e sem entender nada, foram violentados. Foram obrigados a tirar casacos, e levantar o 'saco'. Após a abordagem desproporcional, testemunhada pelo porteiro do prédio, é que foram questionados de onde eram, e o que faziam ali. Os três negros não entenderam a pergunta, porque são estrangeiros, filhos de diplomatas, e portanto não conseguiram responder. Caetano, o menino branco e meu filho, disse que eram de Brasília e que estavam a 'turismo'. Após 'perceberem' o erro, liberaram os meninos, mas antes alertaram as crianças que não andassem na rua, pois seriam abordados novamente! As imagens, os testemunhos e o relato das crianças são claros!! Não há dúvida!!"
Rhaiana que mora com o filho em Brasília disse que Antes da viagem, fez recomendações e alertas sobre a violência no Rio.
"Não ande com o celular na mão, cuidado com a mochila, não fiquem de bobeira sozinhos”. Pensei em diversas situações, mas JAMAIS que a POLÍCIA seria a maior das ameaças. É traumático, triste, é doloroso. Estão assustados e machucados, com marcas que nem o tempo apagará."
O caso foi relatado ao Itamaraty e aos consulados do Canadá, Gabão e Burkina Faso, países de origem dos três jovens negros.
O Globo solicitou um posicionamento à Polícia Militar do estado do Rio de Janeiro e aguarda uma resposta.