Fiesp: juro real alto proposto como provisório no Plano Real se tornou permanente, diz Josué
Josué questiona como um setor que é altamente intensivo em capital geraria recursos necessários para manter a sua produtividade
O presidente da Federação da Indústria do Estado de São Paulo (Fiesp), Josué Gomes, disse nesta terça-feira, 23, durante a abertura do Fórum Estadão Think - A Indústria no Brasil Hoje e Amanhã, que no Brasil, viver de renda se tornou um grande negócio e produzir, um péssimo negócio.
Isso porque, de acordo com ele, o Plano Real que pôs fim ao flagelo da hiperinflação, propôs uma taxa de juro real alta que era para ser transitória, mas que se tornou permanente.
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"Ao longo dos últimos 30 anos, se nós tivéssemos aplicado R$ 100 em CDI, títulos públicos sem qualquer spread bancário, teríamos hoje R$ 8.043. enquanto um bem ou serviço que custava R$ 100 há 30 anos, hoje, se corrigido pelo IPCA, custaria R$ 808. Ou seja, a taxa de juro real nestes 30 anos é dez vezes maior que a taxa de inflação", disse Josué acrescentando que no Brasil, viver de renda se tornou um bom negócio e produzir um péssimo negócio.
"Mesmo se levarmos em consideração os últimos 25 anos desde a criação do tripé macroeconômico colocado em prática pelo Armínio Fraga nós vamos ver que a taxa de juro, em média, foi de 12,4% contra uma taxa de inflação de -6,5%. Taxa de juros real de 6% ao longo de 30 anos sendo que dos últimos 30 anos sendo que por 20, 15 anos vivemos com taxas de juros negativas no mundo desde 2008", criticou o presidente da Fiesp.
Ele questiona como um setor que é altamente intensivo em capital geraria recursos necessários para manter a sua produtividade e investir e meios de capitais modernos pari passu com seus competidores se por um lado você não poder tomar recursos de terceiros por serem proibitivos e tem uma carga tributária pesada que faz com a que a geração própria de caixa, que também é outra fonte de investimento, seja diminuída.
"Como que se quer que mantenha competitividade em um contexto de competitividade como este?", questionou Josué emendando que tem que se aplaudir o desempenho do agro brasileiro, mas lembrar que desde 2003 conta com o Plano Safra.
É a indústria, segundo Josué, que produz aumento de produtividade e inovação de tecnologia na economia. Por isso, segundo ele, os polos de tecnologia e inovação têm que estar próximos dos centros de produção, da indústria. Ele cita como exemplo os Estados Unidos e o Partido Republicano, conservador, que voltou atrás na sua ideologia e passa a defender a exportação de sua indústria.
"Os Estados Unidos estão se dando conta de que exportar sua indústria dentro deste extremo liberalismo era preciso ser eficiente e buscar eficiência nos países de menor custo de produção, de custo de trabalho mais baixo e de simples regulações ambientais e se deram conta de que perderam sua classe média. Agora o próprio partido conservador volta atrás nos seus conceitos e a defender a indústria americana com vigor", disse o presidente da Fiesp acrescentando esperar que o Brasil se dê conta da importância da indústria da transformação e passe a defende-la com vigor.