Israel anuncia lançamento de ofensiva terrestre no sul do Líbano
As autoridades forneceram poucos detalhes sobre a operação
Israel anunciou nesta terça-feira (1º) ataques terrestres de suas tropas contra o Hezbollah no sul do Líbano e a mobilização de mais forças, após uma semana de intensos bombardeios contra o movimento islamista pró-Irã que causaram centenas de mortes.
A extensão da ofensiva israelense não ficou clara, mas a missão de paz da ONU no Líbano disse que não envolvia uma "incursão terrestre", enquanto o Hezbollah negou que soldados israelenses tivessem entrado em território libanês.
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Desde que o Exército confirmou nesta terça-feira que suas tropas iniciaram "ataques terrestres seletivos" no sul do Líbano, as autoridades forneceram poucos detalhes sobre a operação.
Um oficial de segurança israelense afirmou que os ataques tiveram alcance limitado, enquanto uma fonte do Exército libanês garantiu à AFP que "não foi observada nenhuma incursão de forças inimigas israelenses em território libanês". Não foi possível confirmar imediatamente essas afirmações.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, apelou a um cessar-fogo "imediato" e destacou que "a soberania e a integridade territorial do Líbano devem ser respeitadas", segundo uma declaração do seu porta-voz, Stéphane Dujarric.
Israel já havia alertado que a batalha não terminou, apesar de seu ataque contra o movimento islamista que matou seu líder, Hassan Nasrallah, na sexta-feira perto de Beirute.
Os militares israelenses anunciaram nesta terça-feira que mobilizaram mais quatro brigadas para serem enviadas à fronteira com o Líbano e anunciaram novas restrições às reuniões públicas em Israel.
Ajuda urgente
Nesta terça-feira, Israel bombardeou o sul de Beirute, reduto do Hezbollah, os arredores de Damasco, na Síria, e a Faixa de Gaza, onde responde ao ataque sem precedentes do movimento palestino Hamas, em 7 de outubro.
A Agência Nacional de Notícias do Líbano (ANI) disse que os ataques aéreos israelenses atingiram subúrbios ao sul de Beirute, enquanto Israel anunciou um ataque à capital libanesa.
O Hezbollah informou que disparou foguetes contra a principal base de inteligência militar israelense, Glilot, e contra a base aérea de Sde Dov, ambas perto de Tel Aviv, após atacar soldados israelenses com artilharia e disparar foguetes contra Avivim e Metula, norte de Israel.
Sirenes de ataque aéreo soaram no centro de Israel.
Após o ataque de 7 de outubro, o Hezbollah abriu uma frente na fronteira com Israel em apoio ao seu aliado Hamas, que governa a Faixa de Gaza.
Após meses de trocas de disparos na fronteira, os israelenses intensificaram sua campanha em meados de setembro, com o objetivo de enfraquecer o Hezbollah e permitir o retorno para casa de milhares de israelenses deslocados.
Desde este aumento da violência, mais de mil pessoas morreram no Líbano, segundo o Ministério da Saúde.
O primeiro-ministro libanês, Nayib Mikati, e a ONU pediram nesta terça-feira mais de 400 milhões de dólares (2,18 bilhões de reais) em ajuda aos deslocados, segundo seus dados.
Apelos à desescalada
Os apelos internacionais para evitar uma guerra regional se multiplicaram.
A China se opôs às "violações da soberania libanesa", enquanto a Rússia apelou às autoridades israelenses a cessarem imediatamente as hostilidades" e "retirarem suas tropas".
De Washington, o secretário da Defesa dos EUA, Lloyd Austin, concordou com Israel sobre "a necessidade de desmantelar a infraestrutura do Hezbollah", mas defendeu uma "solução diplomática".
O Pentágono declarou que os Estados Unidos decidiram aumentar sua força militar no Oriente Médio diante da escalada.
A companhia aérea alemã Lufthansa prorrogou a suspensão dos seus voos para Beirute e Tel Aviv, citando "a situação atual no Oriente Médio", e a holandesa KLM fez o mesmo.
O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, apelou à comunidade internacional a "parar Israel sem perder mais tempo".
Na Faixa de Gaza, a ofensiva israelense continua, embora os bombardeios tenham diminuído nos últimos dias.
A Defesa Civil palestina disse nesta terça-feira que 12 pessoas morreram em um bombardeio ao campo de refugiados de Nuseirat, no centro de Gaza, e outras sete em um ataque a uma escola que abrigava deslocados perto da cidade de Gaza, no norte.
Até agora, a ofensiva israelense deixou mais de 41.600 mortos em Gaza, a maioria civis, segundo o Ministério da Saúde do território.