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Israel enfrenta onda de indignação após novo ataque contra capacetes azuis no Líbano

O ataque contra as forças da ONU provocou reações severas, e na quinta-feira a Casa Branca expressou "profunda preocupação"

Membros da defesa civil libanesa combatem um incêndio no local de um ataque israelense Membros da defesa civil libanesa combatem um incêndio no local de um ataque israelense  - Foto: AFP

Israel enfrenta uma onda de indignação da comunidade internacional nesta sexta-feira (11), depois que suas forças atacaram, pelo segundo dia consecutivo, os capacetes azuis da ONU no Líbano, enquanto o primeiro-ministro libanês pediu um cessar-fogo "imediato" entre os israelenses e o movimento islamista Hezbollah.

A força da ONU, Unifil, que está instalada entre Líbano e Israel, informou nesta sexta-feira que dois capacetes azuis do Sri Lanka ficaram feridos perto da fronteira com o território israelense, após dois soldados indonésios terem se ferido na quinta-feira em um ataque que gerou condenações internacionais.

O ataque contra as forças da ONU provocou reações severas, e na quinta-feira a Casa Branca expressou sua "profunda preocupação"; a Itália chegou a mencionar a possibilidade de classificar os incidentes como "crimes de guerra", e nesta sexta-feira a França convocou o embaixador de Israel.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, afirmou que o incidente constitui "uma violação do direito humanitário internacional", enquanto a Unifil afirmou que essas ações "representam um grande risco para as forças de paz".

O Exército israelense anunciou que abriu uma investigação "em profundidade" e disse que disparou em direção a uma "ameaça" que estava localizada perto da posição das forças da ONU.

Além disso, o Líbano relatou a morte de dois de seus soldados em bombardeios israelenses no sul do país.

Os incidentes ocorrem após Israel intensificar a campanha militar contra a milícia libanesa Hezbollah, aliada ao Irã, em 23 de setembro, e uma semana depois de iniciar incursões terrestres no Líbano.

Líbano pede cessar-fogo "imediato" 
O primeiro-ministro do Líbano, Najib Mikati, pediu nesta sexta-feira ao Conselho de Segurança da ONU um cessar-fogo "imediato" entre Israel e o Hezbollah, depois de Beirute ter sido atingida, na quinta-feira, pelo bombardeio israelense mais letal, o qual deixou 22 mortos, desde a escalada do conflito.

Este bombardeio ocorreu na véspera do Yom Kippur, o Dia do Perdão, festividade mais importante do calendário judaico, que coincide com um momento em que Israel trava uma guerra contra o Hezbollah no Líbano e outra em Gaza contra o movimento islamista palestino Hamas.

Mikati pediu que o Exército libanês e as forças de paz sejam os únicos efetivos implantados no sul do país e afirmou que o "Hezbollah concorda", apesar de o grupo islamista não ter feito comentários a respeito

No Líbano, um país mergulhado em uma crise institucional e econômica, o poder e a influência do Hezbollah, que é formado por uma milícia, mas também por um partido político com uma importante representação parlamentar, se consolidaram.

"Nenhum lugar seguro?" 
O Hezbollah abriu uma frente contra Israel há um ano para apoiar o Hamas, que entrou em guerra com os israelenses após o ataque mortal de 7 de outubro de 2023.

Desde então, mais de 2.100 pessoas morreram no Líbano, das quais 1.200 perderam a vida desde a intensificação dos bombardeios israelenses em 23 de setembro, segundo um levantamento realizado pela AFP com base em números oficiais.

A ONU registrou cerca de 700.000 deslocados internos no Líbano devido à violência, e 400.000 pessoas fugiram para a Síria.

"O chefe do aparato de segurança do Hezbollah, Wafic Safa, foi o alvo" do bombardeio de quinta-feira em Beirute, indicou à AFP uma fonte próxima ao movimento islamista pró-iraniano, sem especificar o que aconteceu com o alto funcionário.

Na manhã seguinte, os moradores de Basta, uma das áreas mais afetadas, voltaram para suas casas.

"Aqui vivem muitas famílias", muitos deslocados do sul do Líbano que têm parentes no bairro, afirmou Bilal Othman. "Querem nos dizer que já não há nenhum lugar seguro neste país?".

Alerta antiaéreo no noroeste de Israel 
Os Estados Unidos, principal aliado de Israel, buscam impedir a propagação do conflito em todo o Oriente Médio, em um momento em que o governo israelense prometeu responder ao ataque de mísseis lançado pelo Irã contra seu território em 1 de outubro.

Segundo especialistas, os países do Golfo não permitirão que Israel utilize seu espaço aéreo para atacar o Irã.

O conflito entre Israel e Hamas eclodiu após o ataque sem precedentes de milicianos islamistas em solo israelense, em 7 de outubro de 2023, que causou a morte de 1.206 pessoas, a maioria civis, segundo um levantamento da AFP com base em números oficiais israelenses.

Em resposta, Israel lançou uma ofensiva implacável que já matou 42.126 palestinos na Faixa de Gaza, governada pelo Hamas. As vítimas são majoritariamente civis, segundo dados do ministério da Saúde do território palestino, considerados confiáveis pela ONU.

Desde domingo, as tropas israelenses cercam e bombardeiam a localidade de Jabaliya, no norte de Gaza.

Segundo o porta-voz da Defesa Civil de Gaza, Mahmud Basal, ao menos 140 pessoas morreram desde o início desta operação.

Após ter enfraquecido o Hamas em sua ofensiva em Gaza, o Exército israelense deslocou, em meados de setembro, a maior parte de suas operações para o Líbano, a fim de combater o Hezbollah e permitir o retorno dos deslocados pela violência em sua fronteira norte.

A poucas horas do início do Yom Kippur, as sirenes de alerta antiaéreas soaram em várias localidades do noroeste de Israel.

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