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Marco Legal do Saneamento

Lira diz que Congresso não vai admitir retrocessos no saneamento

Presidente da Câmara fez a crítica referindo-se aos decretos editados pelo presidente Lula, que alteram as regras do marco regulatório aprovado em 2020

Declaração do presidente da Câmara foi interpretada como um sinal de que os parlamentares irão se mobilizar para derrubar parte dos atos de Lula.Declaração do presidente da Câmara foi interpretada como um sinal de que os parlamentares irão se mobilizar para derrubar parte dos atos de Lula. - Foto: Bruno Spada/Câmara dos Deputados

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), afirmou nesta sexta-feira que o Congresso Nacional não vai admitir "retrocessos" no marco legal do saneamento básico. O dirigente se referiu aos decretos baixados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva na última quarta-feira.

"Defendo a revisão do Marco Legal do Saneamento com o propósito de aperfeiçoar a legislação vigente. Porém, alerto que o parlamento irá analisar criteriosamente as sugestões, mas não vai admitir retrocessos", escreveu Lira em sua rede social.

A declaração do presidente da Câmara foi interpretada como um sinal de que os parlamentares irão se mobilizar para derrubar parte dos atos de Lula, que alteram o marco aprovado no Legislativo em 2020.

O líder do PP na Casa, André Fufuca (MA), foi enfático em dizer ao GLOBO que a sigla "não apoiará nenhum retrocesso em relação ao Marco Legal do Saneamento". — Debateremos com responsabilidade qualquer ponto que vise positivar ou melhorar o tema — completou ele, seguindo a mesma linha que o presidente da Câmara.

Aliado do governo federal, o líder do PSB na Casa, Felipe Carreras (PE), defendeu que o Congresso "analise com cuidado as sugestões".

"Não vejo críticas [da parte de Lira]. Vejo que ele defende a revisão e que nós, parlamentares, vamos analisar com cuidado as sugestões. É natural que a Câmara, por sua pluralidade, tenha visões diferentes. Vamos democraticamente debater e chegar no melhor texto", disse o parlamentar, confirmando que o Legislativo deve se debruçar sobre o teor dos decretos.

Internamente, o presidente da Câmara deixou claro a sua insatisfação com os decretos, que, na visão dele, se intrometem em um assunto que deveria ser debatido no Legislativo. E repete a quem o procura sobre o assunto: "Antes de falar do que pode desmanchar, vamos falar do que vamos construir".

Os decretos de Lula trazem dois pontos considerados questionáveis por parlamentares e especialistas do setor: a possibilidade de empresas estaduais prestarem o serviço em áreas metropolitanas, aglomerados urbanos e microrregiões sem necessidade de licitação, e a permissão para a regularização de contratos precários.

Uma das principais inovações do marco regulatório de 2020 era forçar as companhias estaduais deficitárias a organizarem as contas e comprovarem capacidade financeira de fazer os investimentos necessários para ampliação do acesso da população à água potável e tratamento de esgoto, visando à meta de universalização do acesso em 2033.

Em caso de falta de capacidade, as companhias teriam obrigatoriamente que abrir licitação ou firmar Parceiras-Público Privadas (PPPs) para assegurar o serviço, sob pena de não ter acesso a recursos públicos. Um dos decretos editados por Lula flexibiliza os critérios a serem adotados nesta análise, que já foi realizada pelas companhias nos últimos dois anos e permite que elas refaçam o processo até 31 de dezembro de 2023.

Nesta quarta-feira, ao sancionar os atos, o presidente Lula pediu um "voto de cofiança" às empresas públicas e prefeituras que foram beneficiadas com os decretos.

Sancionado em 2020, o marco do saneamento definiu 2033 como meta para a universalização dos serviços, ou seja, fornecer água para 99% da população e coleta e tratamento de esgoto para 90%. O marco permitiu a entrada da iniciativa privada — mais de 20 leilões já foram feitos desde o início do marco, com investimentos que ultrapassam R$ 50 bilhões.

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