Logo Folha de Pernambuco

GUERRA NO ORIENTE MÉDIO

Morte do líder do Hamas desperta esperança e temores pelos reféns em Gaza

Dos 251 reféns tomados pelo Hamas nos ataques de 7 de outubro de 2023, 97 permanecem em Gaza, incluindo 34 que o Exército israelense declarou como mortos

Yahya SinwarYahya Sinwar - Foto: Said Khatiba/AFP

A morte do líder do Hamas, Yahya Sinwar, despertou novos apelos à libertação de reféns sequestrados pelo movimento islamista palestino na Faixa de Gaza.

Familiares e apoiadores expressaram seu otimismo de que a morte do mentor dos ataques de 7 de outubro de 2023 pode revitalizar o diálogo para libertar os reféns.

Mas a morte de Sinwar poderá levar a um vácuo de poder no Hamas, alertam vários analistas.

Em uma manifestação pela libertação dos reféns em Tel Aviv, horas depois de Israel anunciar a morte de Sinwar, Sisil, de 60 anos, disse à AFP que há "uma oportunidade única na vida" de alcançar "um acordo sobre os reféns para acabar com a guerra".

Já Yoram, morador de Tel Aviv, de 50 anos, classificou o momento como "aterrorizante".

"Ninguém sabe realmente o que vai acontecer", disse. "É por isso que vim apoiar as famílias".

O Fórum das Famílias de Reféns comemorou a eliminação de Sinwar, "responsável pelo assassinato de milhares de pessoas e pelo sequestro de centenas" e "um dos maiores obstáculos" a um acordo.

"Apelamos ao governo israelense, aos líderes mundiais e aos países mediadores para que transformem esta conquista militar em uma conquista diplomática" para a libertação dos reféns em Gaza", disse o grupo.

Dos 251 reféns tomados pelo Hamas nos ataques de 7 de outubro de 2023, 97 permanecem em Gaza, incluindo 34 que o Exército israelense declarou como mortos.



Oportunidade
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, pediu ao Hamas que liberte os reféns. "Quem depuser as armas e entregar nossos reféns, permitiremos que continuem vivos", declarou.

O chefe da diplomacia israelense, Israel Katz, afirmou que a morte de Sinwar "cria uma oportunidade para a libertação imediata dos reféns e abre caminho para uma mudança que conduza a uma nova realidade em Gaza".

Até agora, nenhum acordo foi alcançado para libertar os reféns e pôr fim à guerra entre Israel e o Hamas, após meses de negociações mediadas pelo Catar, Egito e Estados Unidos.

As negociações continuam paralisadas desde que os diálogos presenciais foram interrompidos em agosto, sem acordo. Apesar da pressão internacional, tanto Israel quanto o Hamas endureceram suas posições.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse que a morte de Sinwar elimina um obstáculo importante para um cessar-fogo em Gaza e um acordo sobre os reféns.

O Ministério das Relações Exteriores do Catar indicou em um comunicado que seu primeiro-ministro, Mohammed bin Abdulrahman Al Thani, conversou por telefone com o chefe da diplomacia americana, Antony Blinken, sobre "as últimas atualizações dos esforços conjuntos de mediação para acabar com a guerra".

Grave perigo
No entanto, vários analistas alertam que a incerteza despertada pela morte de Sinwar pode criar uma ameaça potencial.

O israelense Guy Aviad, especialista em Hamas, diz: "embora tenhamos eliminado Sinwar, neste momento existe um grave perigo para os reféns".

Segundo este historiador militar, o irmão mais novo do líder assassinado, Mohammed Sinwar, ficou encarregado dos reféns e "talvez tente vingar a morte do irmão".

Para o analista de Oriente Médio Andreas Krieg, a morte de Sinwar poderá encorajar Netanyahu e prejudicar as perspectivas dos reféns.

"Netanyahu fez o possível para obstar qualquer diálogo de mediação e agora pode dizer que está muito mais próximo da sua solução militar", comenta o analista do King’s College London.

"Recuperar os reféns não tem sido a prioridade de Netanyahu e não acredito que será no futuro", acrescenta.

Após a última rodada de diálogos em agosto, Netanyahu reiterou os apelos para que Israel controle o Corredor Filadélfia na fronteira entre Gaza e Egito, um ponto de discórdia nas negociações.

Veja também

Ucrânia pede sistemas de defesa para enfrentar novos mísseis russos
Ucrânia

Ucrânia pede sistemas de defesa para enfrentar novos mísseis russos

Hospitais de Gaza em risco por falta de combustível
Gaza

Hospitais de Gaza em risco por falta de combustível

Newsletter