Número de bilionários cresce no mundo, e desigualdade social aumenta; entenda
Segundo dados da revista Forbes, a cada 17 horas, um novo bilionário surge
Já pensou em ficar milionário? E bilionário? Este último talvez seja desconsiderado por muitas pessoas por acharem que é algo impossível de ser alcançado. Para se ter uma ideia, uma pessoa que consiga juntar R$ 20 mil por mês levaria 50 meses (4 anos e 2 meses) para acumular R$ 1 milhão. Por outro lado, para chegar à casa do bilhão, seriam necessários 50 mil meses (cerca 4,1 mil anos) para acumular o patrimônio.
Porém, apesar de parecer impossível, o número de bilionários vem crescendo. Com a pandemia, esse número só aumentou. Os mais ricos ficaram mais ricos e os pobres, mais pobres.
Segundo dados da revista Forbes, a cada 17 horas, um novo bilionário surge. Além disso, 86% dos que já são bilionários ficam ainda mais ricos. Segundo a Forbes, globalmente, existem 2.755 bilionários, que acumulam um patrimônio de US$ 13,1 trilhões. [veja a lista dos mais ricos do mundo ao fim do texto].
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No Brasil, em 1987, apenas três brasileiros apareciam na lista dos bilionários: Sebastião Camargo - fundador da construtora Camargo Corrêa; Antônio Ermírio de Moraes - presidente do grupo Votorantim e Roberto Marinho - fundador da Rede Globo.
Já em 2021, o número saltou para 65 brasileiros entre os mais ricos do mundo, sendo Jorge Paulo Lemann a pessoa mais rica do Brasil, com uma fortuna de 16.9 bilhões de dólares (equivalente a cerca de R$ 90 bilhões).
Lemann criou o Banco Garantia e investiu em empresas como Lojas Americanas, Brahma e Antarctica, que formam o grupo Ambev, o embrião que formou a maior fabricante de cervejas do mundo, a AB InBev.
Com uma concentração de riqueza tão grande na mão de poucos, quem perde com isso são os mais pobres. Segundo o coordenador da área de Justiça Social e Econômica da Oxfam Brasil, organização de combate a desigualdades e de luta por justiça, Jefferson Nascimento, a existência e aumento de bilionários só demonstra o problema que é a desigualdade social. “Pela lógica, os bilionários só existem porque na outra ponta tem a extrema pobreza”, diz.
Segundo uma sondagem da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Penssan), no fim de 2020, mais da metade dos lares brasileiros conviveram com algum grau de insegurança alimentar. Foram 55,2% dos lares brasileiros, ou o correspondente a 116,8 milhões de pessoas nesta situação.
Para Nascimento, uma forma de combater essa desigualdade é com a taxação dos mais ricos. “Existe a necessidade de pessoas mais ricas serem taxadas adequadamente. A realidade é que esses bilionários têm várias informações e estratégias de pagamentos para fugir dos impostos. Em alguns casos, eles pagam a mesma média de um cidadão comum. Isso mais contra as ideias de justiça de que quem ganha mais paga mais”, afirma.
Para o presidente do Conselho Regional de Economia de Pernambuco, André Morais, chega a ser um contra-senso que, enquanto o número de pessoas com fome avança, o número de bilionários cresce.
“A grande questão não é que existam mais bilionários, mas a forma com que essa riqueza é distribuída. Essas distorções aumentam ainda mais a concentração de renda e desigualdade. Necessitamos de um sistema tributário mais justo, com o aumento de impostos para os super-ricos, de modo que se possa realizar transferência de renda para os mais pobres”, ressalta.
Grandes Fortunas
No Senado, um Projeto de Lei (PL) tramita para que grandes fortunas sejam tributadas. De autoria do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), a justificativa do PL que é sobre a razoabilidade em que aqueles contribuintes com maior capacidade contributiva – que, em sua maioria, tiveram aumento patrimonial enquanto a grande massa da população vem sofrendo com os efeitos perversos da crise sanitária e econômica – contribuam com o país neste momento de forte recessão. O projeto, no entanto, ainda não passou por nenhuma comissão.
Veja como o PL pretende tributar as grandes fortunas:
I- a partir de R$ 4.670.000,01 (quatro milhões seiscentos e setenta reais e um centavo) até R$ 7.000.000 (sete milhões de reais), alíquota de 0,5%, com parcela a deduzir de R$ 23.350,00 (vinte e três mil trezentos e cinquenta reais);
II- a partir de R$ 7.000.000,01 (sete milhões de reais e um centavo) até R$ 10.000.000 (dez milhões de reais), alíquota de 1%, com parcela a deduzir de R$ 58.350,00 (cinquenta e oito mil trezentos e cinquenta reais);
III- a partir de R$ 10.000.000,01 (dez milhões de reais e um centavo) até R$ 15.000.000 (quinze milhões de reais), alíquota de 2%, com parcela a deduzir de R$ 158.350,00 (cento e cinquenta e oito mil trezentos e cinquenta reais);
IV- a partir de R$ 15.000.000,01 (quinze milhões de reais e um centavo) até R$ 30.000.000 (trinta milhões de reais), alíquota de 3%, com parcela a deduzir de R$ 308.350,00 (trezentos e oito mil trezentos e cinquenta reais);
V- acima de R$ 30.000.000,01 (trinta milhões de reais e um centavo), alíquota de 5%, com parcela a deduzir de R$ 908.350,00 (novecentos e oito mil trezentos e cinquenta reais).
Os mais ricos
Ao traçar um rápido panorama do cenário que envolve as 10 pessoas mais ricas do mundo, alguns fatores ficam evidenciados. A desigualdade também envolve representatividade. Todos são homens, brancos, com idades entre 37 e 90 anos.
Dos 10 mais ricos, oito são da área de tecnologia, o que também revela alguma mudança da própria representação da riqueza. Nomes à frente de empresas como Amazon, Facebook e Google figuram no ranking. Confira:
1- Elon Musk: US$ 211 bilhões
2 - Jeff Bezos: US$ 186 bilhões
3 - Bernard Arnault: US$ 153 bilhões
4 - Bill Gates: US$ 124 bilhões
5 - Mark Zuckerberg: US$ 121 bilhões
6 - Larry Page: US$ 120 bilhões
7 - Sergey Brin: US$ 115 bilhões
8 - Larry Ellison: US$ 104 bilhões
9 - Steve Ballmer: US$ 102 bilhões
10 - Warren Buffett: US$ 99,7 bilhões