O que levou à suspensão geral de pomadas para cabelos pela Anvisa?
Agência sanitária proibiu a venda de todas as marcas dos produtos enquanto investiga ocorrência de efeitos adversos nos olhos
Nesta sexta-feira (10), a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) proibiu a comercialização de todas as pomadas para modelar e trançar cabelos no Brasil em resolução publicada no Diário Oficial da União.
Leia também
• Anvisa proíbe venda de todas as pomadas para modelar e trançar cabelos no Brasil
• Procon-PE apreende em comércio e salão de beleza no Recife 33 pomadas modeladoras proibidas
• Vigilância Sanitária de Jaboatão recolhe 68 pomadas modeladoras durante vistoria
Desde 13 de janeiro, a agência começou a suspender a venda de marcas específicas, uma lista que chegou a 27 fabricantes na última quarta-feira. Porém, na decisão de hoje, o órgão sanitário estendeu o veto para todos os produtos atualmente disponíveis no país.
Por que as pomadas para cabelos foram suspensas?
Ainda em dezembro de 2022, a Anvisa fez o primeiro alerta sobre o recebimento de um volume alto de queixas de efeitos adversos graves decorrentes do uso de pomadas para modelar e trançar cabelos. Na época já destacava ocorrências como:
- Perda temporária da visão;
- Ardência nos olhos;
- Lacrimejamento intenso;
- Coceira;
- Vermelhidão ;
- Inchaço ocular;
- Dor de cabeça.
De acordo com os relatos, o tempo para a recuperação da visão no caso da cegueira temporária ultrapassou uma semana, podendo chegar a até 15 dias. A agência destaca que as reclamações são principalmente ligadas a banhos de mar, piscina, ou mesmo de chuva após o uso dos produtos.
Produtos de uso cosmético para modelagem dos cabelos usualmente possuem substâncias químicas que interferem na forma e volume dos cabelos. Em contato com a água, elas podem escorrer para os olhos provocando toxicidade ocular aguda. Esses produtos podem permanecer nos cabelos por horas ou dias, explicou o médico oftalmologista Evandro Lucena, presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia em Oftalmologia e membro do Conselho Brasileiro de Oftalmologia, em entrevista recente ao GLOBO.
A partir das queixas, a Anvisa abriu uma investigação junto às autoridades sanitárias municipais e estaduais, e começou a suspender a venda de marcas identificadas como ligadas aos efeitos adversos.
No entanto, nesta sexta, após análise junto ao Ministério da Saúde, decidiu que a melhor estratégia preventiva é proibir a venda de todos os produtos temporariamente.
Diante do número de ocorrências, distribuição geográfica e diversidade de marcas envolvidas, a medida mais segura é interditar estes produtos até que todas as providências possíveis sejam adotadas para evitar novos eventos, diz a Anvisa.
Para a próxima semana, está prevista uma reunião com o setor produtivo das pomadas no Brasil para discutir os procedimentos necessários para que elas sejam regularizadas.
Enquanto a medida estiver em vigor, nenhum lote de qualquer desses produtos pode ser comercializado e não deve ser utilizado por consumidores e profissionais de beleza. Mesmo exemplares adquiridos anteriormente e existentes nas residências ou em salões de beleza não devem ser utilizados neste momento, afirma a agência.