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O que se sabe sobre o míssil hipersônico russo 'Oreshnik' lançado contra a Ucrânia

Até quinta-feira (21), não se sabia que a Rússia possuía essa arma

Kiev acusou a Rússia de lançar um ataque de míssil balístico intercontinental na UcrâniaKiev acusou a Rússia de lançar um ataque de míssil balístico intercontinental na Ucrânia - Foto: Ministério da Defesa Russo/AFP

O novo míssil balístico de alcance intermediário que a Rússia disparou contra a Ucrânia é uma arma com capacidade nuclear e cuja existência era desconhecida até agora.

Isso é o que se sabe sobre esse míssil ainda experimental, chamado "Oreshnik" (avelã em russo).

- Milhares de quilômetros -
Até quinta-feira (21), não se sabia que a Rússia possuía essa arma.

O presidente russo, Vladimir Putin, explicou que se trata de um míssil balístico de “alcance médio”, o que implica que pode atingir alvos num intervalo de 3.000 a 5.500 km.

De acordo com Putin, o disparo foi um teste em condições de combate, o que significa que o projeto ainda está em fase de desenvolvimento.

Cerca de 1.000 km separam a região russa de Astracã, de onde o míssil foi disparado, segundo Kiev, e a fábrica de mísseis Pivdenmach no Dnipro, no centro-leste da Ucrânia, que foi atingida.

"Oreshnik" não se enquadra na categoria de mísseis intercontinentais (que podem atingir mais de 5.500 km), mas, se disparado do extremo leste russo, pode atingir a costa oeste dos Estados Unidos.

“Oreshnik [também] pode ameaçar quase toda a Europa”, afirmou Pavel Podvig, pesquisador do Instituto das Nações Unidas para Pesquisa sobre Desarmamento (Unidir) em Genebra, em entrevista ao veículo Ostorozhno Novosti.

Até 2019, a Rússia e os Estados Unidos tinham a proibição de colocar em serviço esse tipo de míssil, em virtude do tratado sobre forças nucleares de alcance intermediário, contratado durante a Guerra Fria, em 1987.

Mas, em 2019, o então presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, retirou Washington do pacto, acusando Moscou de viola-lo e abrindo caminho para uma nova corrida armamentista.

- 3 km por segundo -
"Oreshnik" é "baseado em um modelo russo de míssil balístico intercontinental RS-26 Rubezh", explicou à imprensa a porta-voz adjunta do Pentágono, Sabrina Singh.

“Esse sistema é bastante caro e não é produzido de maneira massiva”, afirmou no Telegram o especialista militar Ian Matveyev, que garantiu que o míssil pode carregar uma carga explosiva de “várias toneladas”.

O programa de armamento RS-26 Rubezh, cuja primeira tentativa bem-sucedida ocorreu em 2012, foi suspenso em 2018, segundo a agência estatal TASS, por falta de recursos para realizar esse projeto "simultaneamente" com o desenvolvimento dos sistemas hipersônicos de nova geração Vanguarda.

Estes últimos são projetados para atingir um alvo em quase qualquer lugar do mundo.

De acordo com Putin, o míssil "Oreshnik", disparado na quinta-feira "em sua configuração hipersônica não nuclear", pode atingir a velocidade de Mach 10, ou seja, "2,5 a 3 km por segundo" (cerca de 12.350 km/h).

- Ogivas -
"Oreshnik" também estaria equipado com cargas de manobra no ar, o que aumentaria ainda mais a dificuldade de interceptação.

"Os sistemas de defesa aérea atualmente disponíveis no mundo e os sistemas de defesa antimísseis criados pelos americanos na Europa não interceptam essas missões", disse Putin, sem fornecer mais detalhes.

Um vídeo do disparo russo, divulgado nas redes sociais, mostrou seis poderosos clarões sucessivos que caíram do céu no momento do ataque. Segundo os especialistas, isso demonstra que o míssil transportou pelo menos seis cargas.

Essa entrada múltipla consiste em equipar um míssil com várias ogivas, nucleares ou convencionais, que seguem, cada uma, uma trajetória independente quando entram na atmosfera.

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