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Lucro

Petrobras registra lucro de R$ 44,56 bilhões no primeiro trimestre, alta de mais de 3.700%

O resultado é bem maior que o de R$ 1,16 bilhão obtido no mesmo período do ano passado, quando a empresa ainda sofria os impactos da pandemia

PetrobrasPetrobras - Foto: Fernando Frazão/ Agência Brasil

A Petrobras registrou lucro líquido de R$ 44,561 bilhões no primeiro trimestre deste ano. O resultado é bem maior que o de R$ 1,16 bilhão obtido no mesmo período do ano passado, quando a empresa ainda sofria os impactos da pandemia. É uma alta de 3.718,4% na comparação com o mesmo período do ano passado.

A cifra também supreendeu ao superar as previsões do mercado. Pouco antes da divulgação do resultado, o presidente Jair Bolsonaro fez duras críticas aos lucros da estatal, menos de um mês depois de ele trocar o comando da empresa.

Analistas esperavam um ganho entre R$ 30 bilhões e R$ 40 bilhões entre janeiro e março deste ano por conta da escalada do petróleo no mercado internacional, impulsionada pela guerra na Ucrânia. O lucro é quase metade de todo o ganho obtido em 2021, de R$ 106 bilhões.

Em carta a acionistas, o presidente da estatal, José Mauro Coelho, disse que "a Petrobras está distribuindo os frutos de sua geração de valor para a população brasileira".

No trimestre, a receita de vendas ficou em R$ 141,641 bilhões, alta de 64,4% em relação ao mesmo período do ano passado.

Segundo a estatal, o avanço da receita e do lucro foram embalados pelo preço  do pretróleo no exterior. O barril  subiu de US$ 60,90, na média do primeiro trimestre do ano passado, para US$ 101,40 nestes três primeiros meses de 2022, uma alta de 66,5%, de acordo com cálculos da estatal.

A companhia também ressaltou o aumento nas exportações de petróleo e óleo combustível, com avanço de 60,8%. A empresa destacou ainda as maiores margens do diesel e os ganhos cambiais devido à valorização do real frente ao dólar.

Ao mencionar o lucro no segmento de refino, a estatal disse que "houve maior margem de derivados no mercado interno, principalmente diesel, devido à elevação da margem internacional".  Desde janeiro, a estatal reajustou os preços do diesel e da gasolina duas vezes nas refinarias. No caso da gasolina, a alta chegou a 24,9%. No diesel, o aumento foi de 35% nas refinarias.

O Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep) disse que o lucro surpreende, pois representa praticamente metade de todo o ganho do ano passado, de R$ 106 bilhões. Mahatma dos Santos, pesquisador do Ineep, associou parte dos ganhos à forte elevação dos preços médios de venda dos derivados internamente.

"A manutenção da política de preços de paridade de importação  revelou-se, mais uma vez, elemento central da estratégia de geração de valor da companhia, a despeito dos seus impactos nefastos no custo de vida dos brasileiros", disse ele.

Coelho ressaltou, em  nota, que o  resultado financeiro se deve  ao fato de a estatal estar saneada. O endividamento bruto da estatal  atingiu US$ 58,554 bilhões no primeiro trimestre de 2022, valor 17,5% menor que a dívida no mesmo período de 2021.

Por outro lado, a estatal investiu menos. Houve queda de 7,6% nos primeiros três meses em todas as áreas de atuação da estatal, para US$ 1,768 bilhão.

A companhia lembrou ainda que nos primeiros três meses desse ano recebeu US$ 1,8 bilhão com a venda de ativos.

Especialistas lembraram que os maiores ganhos com a venda de petróleo e de derivados ajudaram a impulsionar os ganhos neste início de ano.  No primeiro trimestre deste ano, o preço do barril chegou perto dos US$ 130 por conta da guerra na Ucrânia. Eduardo Melo, sócio e assessor da Ável Investimentos, disse que os números positivos foram causados pelo aumento do petróleo e pela maior otimização na produção. Além disso, Melo faz um alerta para o próximo trimestre:

"Entretanto, as medidas restritivas de lockdown na economia chinesa permanecendo tendem a impactar o próximo balanço, do 2º trimestre. Caso as restrições se intensifiquem, um possível cenário é que o preço do petróleo Brent seja puxado para baixo, o que diretamente pode afetar negativamente os lucros da estatal", disse.

No primeiro trimestre deste ano, a estatal registrou produção de 2,46 milhões de barris de petróleo e gás natural equivalente (boe) por dia, quase mesmo patamar dos 2,45 milhões de barris do mesmo período do ano passado. 

A estatal informou recentemente que a venda de derivados no primeiro trimestre teve alta de 2% em relação ao mesmo período do ano passado. O resultado foi influenciado pelo forte avanço da gasolina, com alta de 17,3%, e queda de 2,1% no caso do diesel.

Além do preço do petróleo e da maior produção, Rodrigo Crespi, analista da Guide Investimentos, destacou menor número de paradas para manutenção e a entrada em operação de unidades no pré-sal, que contribuíram com números melhores.

"Além da produção, outro fator é a exportação, que cresceu. Vemos a empresa dando continuidade à otimização de portfólio, com algumas vendas de ativos no segundo trimestre, como a venda de 100% de participação de Albacora Leste para a PetroRio por US$ 2,2 bilhões, e venda para a Cepsa de sua participação na Deten Qúimica por R$ 585 milhões", apontou.

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