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TRAGÉDIA NO RECIFE

PM que atirou em esposa e colegas do batalhão teria ameaçado motorista de aplicativo com arma

Soldado da PM não estava fardado no momento da abordagem

Foto: Melissa Fernandes/ Folha de Pernambuco

O motorista de aplicativo que levou o soldado, Guilherme Barros, até o batalhão da Polícia Militar de Pernambuco (PMPE), viveu momentos de terror durante o percurso. Segundo a advogada da vítima, Cassandra Gusmão, o policial teria entrado na frente do carro e, com a arma apontada para o motorista, obrigou-o a realizar a viagem até o quartel. O rapaz, que tem apenas 27 anos, prefere ser identificado como Beto, dirigiu com una arma apontada para a sua cabeça durante todo o trajeto. 

“Era pouco mais de 11 da manhã e Beto estava se dirigindo para ir pegar outra corrida, quando Guilherme saiu de uma rua com a arma na mão e parou o carro”, contou Cassandra.

Ela afirma que o oficial não estava fardado e que, no início, seu cliente achou se tratar de um assalto. Beto teria dito que o PM poderia levar o carro, mas Guilherme teria negado. “Não quero levar o carro, quero que você obedeça minhas ordens", teria dito o soldado.

Segundo o relato da advogada, Beto precisou fazer uma série de contravenções de trânsito para chegar ao 19º BPM, no Pina, região Sul do Recife. “[durante a viagem] Ele ligou para várias pessoas, dizendo que matou a mulher e que ia matar os inimigos. ‘vou matar meus inimigos e vou me matar também, que eu não sou covarde’, falava. Dizia também que ia matar o meu cliente”, contou Cassandra. 

A advogada relatou que o cliente pediu por sua vida, informando ao soldado que era casado, pai de família e que estava apenas trabalhando. Isso teria feito com que Guilherme desistisse de fazer mais uma vítima. “Eu vou descer e tu vai simbora [sic] que eu vou atirar em você”, teria dito. 

Após deixar o soltado da PM no quartel, Beto teria começado a ir embora quando ouviu os tiros. Depois de um período em choque, resolveu voltar ao local para tentar contribuir com as possíveis investigações do caso, com medo de ser confundido com um cúmplice de Guilherme. “Ele [Beto] está muito abalado. De todo mundo que o policial tentou matar, ele foi o único que ficou muito tempo na mira de uma arma", disse a advogada.

De acordo com a representante legal do motorista, Beto teria passado o dia na delegacia, prestando depoimento e agora está em casa. Para ela, o caso acende um alerta sobre o estado de saúde mental dos oficiais. “A gente sabe que o trabalho de um policial é muito estressante. Acho que cabe a PMPE começar a dar uma ajuda psicológica para esses policiais”, finalizou.

 

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