São Paulo

Quem é Rafael Brancatelli, artista que criou Touro de Ouro em São Paulo

Arquiteto e sócio-diretor de construtora na capital paulista defende escultura, rebate críticas na web e afirma que projeto é 'genuinamente brasileiro'

Rafael Brancatelli e sua escultura Touro de OuroRafael Brancatelli e sua escultura Touro de Ouro - Foto: Reprodução/Instagram

"Ele tem um olhar sereno, mas está preparado e sabe que, se tiver um desafio, vai encará-lo com toda a força", discorreu o arquiteto e artista plástico Rafael Brancatelli sobre a própria obra Touro de Ouro, em evento para convidados, durante a inauguração da escultura instalada na Rua XV de Novembro, no Centro de São Paulo, em frente ao prédio da Bolsa de Valores, a B3.

O tal "olhar sereno" do animal dourado esculpido sobre uma estrutura metálica que pesa uma tonelada não foi capaz de deter quem se aventurou a inscrever marcas na pele do bicho, poucas horas depois de sua aparição.

Alvo de memes e críticas na internet, a escultura que permanecerá exposta por tempo indeterminado passou a ser vigiada por um time de seguranças após amanhecer, nesta quinta-feira, com pichações onde era possível ler ordens como "taxar os ricos". Na última quarta-feira, manifestantes colararam lambe-lambes com a palavra "FOME" sobre a instalação.

Arquiteto e sócio-diretor da construtura Dmaisb, especializada na execução de obras rápidas, Brancatelli reagiu às críticas com o compartilhamento da opinião de colegas investidores, como o economista e apresentador da Jovem Pan Pablo Spyer, idealizador do projeto.

Um dos posts mais recentes em sua rede social diz: "Enquanto quem gera emprego e move a economia for acusado e responsabilizado pela fome neste país, e os governos (de esquerda ou de direita) não forem devidamente cobrados por sua falta de eficiência e idoneidade, nada vai mudar".

Homem branco de estatura média, quase sempre com o cabelo penteado para o lado direito e ajeitado com gel, Brancatelli distribuiu sorrisos e ganhou um sem-número de abraços dos dois filhos pequenos durante a inauguração da escultura.

O profissional de 41 anos se classifica como arquiteto e "artista plástico". Mas não é fácil acessar informações sobre suas criações artísticas, já que grande parte delas é formada por quadros, pinturas e desenhos que são feitos para amigos ou clientes.

Há 15 anos, Brancatelli se dedica ao segmento da construção civil, com ênfase na realização de projetos de arquitetura corporativa, como escolas, clínicas, hospitais e escolas, atividade que também inclui a elaboração de artigos de design com cara de peças de arte.

A ideia para a criação da escultura Touro de Ouro partiu de uma colocação corriqueira da filha. "Há um tempinho atrás", como ele relembra, Brancatteli ouviu a filha perguntar qual era o animal que ilustrava a nota de R$ 200. "O lobo-guará", ele respondeu. A menina indagou depois sobre a nota de R$ 300 e disse que gostaria de ver um urso panda na cédula, caso ela existisse.

"Achei bonitinha a inocência das crianças, ainda mais parando pra pensar que o panda não é um bicho brasileiro. Provavelmente, o Pablo (Spyer) ia falar: 'Ah, esses chineses...'. E eu disse: 'Bom, o touro é um bicho universal, está presente em todas as culturas no mundo inteiro há muitos anos, e ele simboliza a força, a resiliência. Então eu pensei em fazer algo que tivesse um desenho original, um projeto genuinamente brasileiro", contou Brancatelli na apresentação da escultura em evento para convidados.

Hoje, após meses dedicados ao trabalho, que passou por mais de 150 versões até finalmente ser aprovado, o arquiteto precisa se defender, além das críticas, das acusações de plágio.

Ele jura que a estátua com cinco metros de comprimento não possui qualquer inspiração no Charging Bull, o famoso touro de bronze situado na Wall Street, em Nova York, nos Estados Unidos, e idealizado pelo escultor italiano Arturo Di Modica em 1989.

"Em todo o mundo, a força do mercado financeiro é simbolizada por um touro. No Brasil, o que representa mesmo a nossa força é o brasileiro.

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

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Afinal, são mais de 200 milhões de pessoas que carregam a força, a coragem, a garra e a resiliência dignas desse ciclo", ressaltou o vídeo de divulgação da obra, inaugurada pouco depois de a Bolsa atingir a marca de quatro milhões de contas de pessoas físicas.

Em evento para celebrar o lançamento do Touro, autoridades da empresa B3 afirmaram, num tablado montado à frente de um telão, que o animal "é uma demonstração da virada em São Paulo, cidade que está saindo de uma crise tão difícil".

Na ocasião, Brancatelli reforçou o discurso otimista em sua apresentação. "Tive a honra de conceber essa obra. Foi um trabalho feito a muitas mãos. Sou um apaixonado pelo Centro da cidade e faço parte de um grupo de pessoas que querem fazer a diferença com mudanças genuínas", afirmou.

"Há muito tempo atrás, pensei nessa ideia, numa escultura... E pensei como poderia colaborar com a minha arte, trazendo algum tipo de benefício. E imaginei que nossa cidade tem um viés turístico muito forte. Pensei que a escultura poderia ser uma oportunidade de trazer pessoas para conhecer toda a força arquitetônica e histórica que a cidade tem. Esse touro é um símbolo de muita força, e um presente para o nosso povo", continuou.

O touro, a rigor, dá o pontapé para outras iniciativas em exaltação à Bolsa na capital paulista. Se tudo ocorrer como o planejado, em março de 2022, o Centro de São Paulo ganhará o Museu da Bolsa. Com exposições sobre a casa, investidores, divulgação de acervo e oferta de palestras para jovens.

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