Remédio para emagrecer pode ter relação com problemas renais? Veja o que diz especialista
Morte da cantora Paulinha Abelha, aos 43 anos, levantou debate sobre o tema
A morte da cantora da banda Calcinha Preta Paulinha Abelha, aos 43 anos, na última quarta-feira (23), levantou um debate sobre o aparecimento de problemas renais em razão do uso de remédios para emagrecer. Essa foi uma das hipóteses levantadas pelos médicos que cuidaram da artista sobre o motivo do falecimento.
O uso inapropriado desse tipo de medicação, de fato, pode levar à morte, como diz a nefrologista Hellen Caroline de Oliveira Pereira. “Depende do que tem na composição. Remédio pode causar insuficiência renal”, alerta.
“O remédio para emagrecer pode ter causado uma nefrite [inflamação dos rins] e evoluindo para insuficiência renal”, acrescentou a médica sobre o caso de Paulinha.
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Outras hipóteses da causa da morte levantadas pela equipe médica do hospital em Aracaju onde Paulinha passou 11 dias internadas antes de morrer são a Síndrome de Haff, popularmente conhecida como “doença da urina preta”, e uma possível doença autoimune. A nota de falecimento divulgada cita que o óbito aconteceu "em decorrência de um quadro de comprometimento multissistêmico".
Nas 24 horas que antecederam a morte, Paulinha apresentou "importante agravamento de lesões neurológicas", que foram constatadas em ressonância magnética. Exames clínicos e complementares atestaram a morte encefálica.
A insuficiência renal é a condição em que os rins perdem a capacidade de efetuar suas funções básicas e eliminar substâncias tóxicas, como a ureia. “A substância pode afetar o sistema neurológico e fazer a pessoa entrar em coma”, detalha Hellen.
O tratamento indicado para um quadro de insuficiência é a diálise, processo que consiste na remoção de substâncias tóxicas que ficam retidas no organismo quando os rins param de funcionar de forma adequada.
Automedicação deve ser evitada
A automedicação deve ser sempre evitada e, no caso dos remédios para emagrecer, um especialista precisa ser consultado para que nada seja ingerido de forma indiscriminada.
“Tomar remédio para emagrecimento sem especialista não tem cabimento. Tem que dosar, saber se você tem problema renal, tem que fazer exame pré, pós. Não pode tomar sem saber se tem algum problema. As dosagens de qualquer remédio são diferentes para quem tem problema renal”, completou a nefrologista. Relatos da equipe de Paulinha são de que os medicamentos eram tomados por ela sob supervisão médica.
A nefrologista lembra ainda que a doença renal é silenciosa e a pessoa, geralmente, sente sintomas correlatos apenas quando o rim para ou em casos de cálculo e nefrite [inflamação dos rins]. Os principais são vômito, ânsia e dor de cabeça - o quadro clínico pode levar até mesmo ao estágio de coma.
Muitos medicamentos para emagrecer disponíveis no mercado sequer tem informações precisas ou são registrados na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Até mesmo a sensação de aparente segurança causada por muitos desses produtos serem de origem natural, como de plantas e ervas, precisa ser revista e ter atenção redobrada.
“Muitos não têm no rótulo tudo que tem. Às vezes, tem substância que a gente não sabe nem a origem. Você está consumindo algo que você não sabe o que é. É perigoso, a beleza não vale isso tudo”, pontua Hellen Caroline.
Prevenção
De acordo com Hellen, a prevenção é fundamental para tentar evitar quadros críticos como o de Paulinha Abelha.
“Tem que dosar as taxas renais duas vezes ao ano para ter certeza que não tem problema. Pessoas de grupos de risco, como diabéticos, hipertensos e idosos devem procurar o nefrologista ao menos uma vez ao ano, tendo problema renal ou não”, pontua a especialista.
Quem tem antecedentes de doenças renais também deve se consultar com frequência. “O nosso consultório não é muito movimentado, mas a diálise é cheia. A prevenção da nefrologia é muito pouca”, finaliza a médica.
Entre as dicas de alerta dadas pela nefrologista para tentar evitar os problemas renais estão:
- evitar automedicação
- comer alimentos saudáveis; evitar enlatados e muito sal
- evitar tomar refrigerante, especialmente os à base de cola
- fazer exercícios regularmente
- beber de 2,5 a 3L de água por dia, caso não tenha insuficiência renal