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Cultura/Recife

Ricardo Mello: "Cultura tem uma coisa encantadora e quem está nela é apaixonado"

Secretário nomeado para pasta de Cultura na gestão João Campos, encara o ofício como missão e ressalta o diálogo como o centro de suas ações

Ricardo Mello, secretário de Cultura do RecifeRicardo Mello, secretário de Cultura do Recife - Foto: Rodolfo Loepert

Ricardo Mello, jornalista, escritor e documentarista mudou de lado: de “fazedor de cultura” atuante em produções literárias e projetos no audiovisual, para assumir em 2021 a gestão da pasta de Cultura como secretário do prefeito João Campos (PSB), substituindo Leda Alves.

Desde a campanha eleitoral do socialista, Mello foi um dos nomes que participou da elaboração do plano de governo, em especial  no que diz respeito ao setor que, segundo ele está em sua essência e em seu coração. “Sempre foi uma área que me encantou e pela qual tenho amor e paixão” ressaltou, em conversa com a Folha de Pernambuco.

 

Encarando como um desafio, e duplo, haja vista o revés de uma área tomada pelos prejuízos advindos da pandemia e o vislumbrar da classe pós-coronavírus, é em tom de leveza e tendo o diálogo como prioridade que Ricardo Mello assume a missão de fincar o Recife como capital da cultura que urge em ser (devidamente) explorada.

 

Ricardo Mello, assinando termo de posse da Secretaria de CulturaRicardo Mello, em posse para a Secretaria de Cultura do Recife.            Crédito: Rodolfo Loepert

Amor e paixão
Há algum tempo vivo e faço Cultura, e sempre foi uma área que me encantou e vivo por amor e paixão. Eu disse ao prefeito João Campos que Cultura tem uma coisa encantadora que quem está nela é apaixonado.

Segmento para ser escutado
Temos um segmento louco para ser escutado, para dialogar. O desafio é muito grande, mas conversando a gente vai encontrando caminhos. Estou muito disposto e encaro como uma missão.

Plano de Governo
Ajudei na hora de mostrar ao prefeito a importância da área. Virou uma proposta estruturada com um olhar para a Cultura e João (Campos) demonstrou ter percebido isso, sobre o quanto o setor é forte no Recife. A Cultura é raiz para a cidade e o prefeito corrobora com isso.

Carnaval 2021
Muita gente diz que não vive sem o Carnaval, no sentido da paixão pela festa, já o que vale para outros é não viver sem ele porque precisa dele. Para um ano de ‘não-Carnaval’ teremos foco em saber o que fazer com quem depende da festa, isso inclui artistas, agremiações e técnicos.

Temos que encontrar caminhos para minimizar os impactos. Se não vamos ter a festa, vamos dar um suporte a quem precisa da folia como meio de vida. 

Volta gradual
Espetáculos em formato híbrido como o JGE é uma saída, de forma gradual. As casas de Cultura também devem ter protocolos a cumprir, como limitação de público que vai progressivamente acontecendo e observando a evolução dos fatos.

É uma fase que é de transição lenta para a normalidade que desejamos, e para a Cultura então, que vive de juntar pessoas e que precisa do público... Mas precisamos sair mais forte disso tudo.

Política Municipal de Cultura
Estamos com reunião marcada para o plano dos cem dias de trabalho para tratar sobre a questão da Política Municipal de Cultura, sobre o próprio Conselho Municipal de Cultura e pensar em um modelo de gestão efetivo para os equipamentos culturais, com sinergia, para integrar a gestão dos espaços. 

Marco regulatório para a Cultura
Pensar no mapa atual da cultura do Recife, com um diagnóstico, conversando com os segmentos, como se veem hoje, o que estão pensando.

Além da pandemia, com o que eles estão ressentidos? Pensar também em um marco regulatório que dê segurança jurídica nas contratações dos artistas e facilitem o cumprimento dos compromissos assumidos, entre eles os pagamentos dos cachês.

Cultura do Recife além dos ciclos
Cultura se faz todo dia e no Recife todo. Vamos retomar a força cultural da agenda na cidade, nessa transição pós-pandemia que vai ser longa para chegar à normalidade.

“Chama Cultura”
Precisamos construir um caminho, planejando e realizando, e pensar a curtíssimo, médio e longo prazo. Recife tem que ter uma Cultura em sintonia com o momento atual. Estabelecemos como um primeiro passo o projeto  “Chama Cultura”, no sentido da reacender uma chama em um primeiro momento com o diálogo. A prefeitura não faz a Cultura, ela é fomentadora. 

“(Há Recifes) Arrecifes Culturais” 
A ideia é consolidar uma nova política de cultura para a cidade, e uma das primeiras coisas que queremos fazer é fortalecer o Conselho Municipal de Cultura. É o simbolismo que existe nos arrecifes, da solidez que existe neles e da inserção na natureza.

Ele está ali convivendo com harmonia com tudo que há em volta, cheio de vida, forte e firme e ao mesmo tempo plural. Dialogar com todo mundo é um compromisso que tem que ser cumprido e assumido desde os primeiros passos da gestãO. Porque 'há Recifes, há muitos Recifes culturais'.

Cultura nas escolas
Olhar para o SIC (Sistema de Incentivo à Cultura), fomentar quem faz a Cultura, democratizar o acesso e viabilizar a relação do setor  com as escolas, penso demais nisso no pós-pandemia, dessa aproximação  da escola ir para o teatro, ir ao espetáculo de dança e da Cultura entrar nas escolas, pensando na formação de crianças com a vivência do que é o Recife do ponto de vista cultural.

Recife
Arriscaria dizer que poucas cidades no mundo têm a riqueza, diversidade, intensidade e engajamento cultural como tem o Recife. Somos politizados neste aspecto, de discutir, viver a cultura como elemento estruturante.

Temos que olhar para tudo que surgir, da periferia, de pequenos projetos que às vezes precisam de tão pouco para que se consolidem, precisamos entender os territórios e as expressões como legítimas.

Parcerias
Procurar parcerias e não querer ser do tamanho  apenas do que parece ser a condição financeira de uma gestão pública municipal.

Não tem como dar conta do tamanho da Cultura do Recife, se olharmos para apenas para um orçamento. Temos que ter a iniciativa privada com a força produtiva, o terceiro setor e com o próprio fazedor de cultura, com mão de obra cada vez mais qualificada. 

Circuito de Visitas
Está no planejamento com o prefeito João Campos fazer uma agenda cultural semanal com um circuito de visitas, abrir conversar, ir aos equipamentos, entender as demandas e ir agindo tanto pela vontade de fazer, mas muito mais pela necessidade.

Teatro do Parque
Espaço que tem simbolismo histórico, assim como o Santa Isabel. São espaços que também simbolizam o acesso à Cultura, à medida que se tem espetáculos a preços populares.

O Parque tem que virar de novo um polo de referência, ele pode ser o nosso grande puxador desse acesso, dentro de um complexo cultural que o Recife tem.

É um lugar de encontro para a Cultura e teve sempre essa marca. Assim como a escola e a sua formação, a ativação cultural faz parte disso, evamos criar ações que levem a possibilidade do contato  com a expressão cultural de uma forma mais intensa, aí ninguém segura o Recife. 

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