'Se não for cabeça de chapa, abro mão da vice', diz Simone Tebet
Apesar de articulação do MDB para barrar sua candidatura e apoiar o ex-presidente Lula, senadora afirma esperar "unidade" da sigla em torno de seu nome
A pré-candidata do MDB à Presidência da República, a senadora Simone Tebet, afirmou nesta segunda-feira que, caso seja preterida como o principal nome da coalizão a qual seu partido integra para lançar uma candidatura única ao cargo, ela se recusa ser candidata a vice-presidente.
Tebet disputa a posição de pré-candidata da chamada "terceira via", formalizada como uma união entre seu partido, o MDB, e PSDB, Cidadania e União Brasil. Os quatro partidos devem definir a cabeça de chapa no dia 18 de maio, entre os postulantes de cada sigla: o ex-governador de São Paulo, João Doria, pelo PSDB, e o presidente do União Brasil, Luciano Bivar.
— Eu não sou candidata a vice-presidente da República. (Se) Eu abrir mão da pré-candidatura à Presidência e aceitar o papel de vice, estaria aí diminuindo o espaço da mulher na política. Vou estar no palanque do centro democrático, vou segurar a bandeira, vou entregar santinho, mas se eu não pontuar a ponto de ser a cabeça de chapa, não vou ajudar sendo vice. Eu abro mão, para que outros possam ser, e vou estar nesse palanque como cabo eleitoral — declarou durante uma sabatina promovida pela Folha de S.Paulo e pelo UOL.
Leia também
• Em guerra no PSDB e diante do avanço de Tebet, Doria procura Temer para acordo de terceira via
• Pré-candidatura de Simone Tebet gera queda de braço entre alas do MDB
• Em jantar com Lula, caciques do MDB indicam que podem tentar barrar candidatura de Tebet
A senadora defende seu nome como cabeça de chapa, entre outros aspectos, pela menor rejeição em pesquisas, segundo ela, em relação aos concorrentes da coalizão. Na última pesquisa Datafolha, do fim de março, Tebet marcava 1% na pesquisa, ao lado de Felipe D'Ávila (Novo) e Vera Lúcia (PSTU).
Estava atrás de Doria, com 2%, André Janones (Avante), com 2%, e Ciro Gomes (PDT), com 6%. O ex-juiz Sergio Moro (então no Podemos) tinha 8%, mas se filiou ao União e teve a pré-candidatura à Presidência negada pelos novos correligionários.
Questionada a respeito de parte do seu partido resistir a uma candidatura própria, enquanto alguns querem apoiar o ex-presidente Lula e outros, Bolsonaro, Tebet afirmou que o MDB não tiver candidatura própria, enfrentará uma "fragmentação", já que a sigla não está nem do lado petista nem do lado bolsonarista.
Uma ala do MDB tenta rifar Tebet da disputa para que a sigla possa compor com Lula. Caciques emedebistas se reuniram com o ex-presidente na semana passada, em Brasília, e indicaram que podem tentar barrar a candidatura da senadora à Presidência. Pelas regras da Justiça Eleitoral, um candidato precisa ter aval da maioria do partido para poder concorrer.
O apoio do MDB a Lula é defendido principalmente por caciques do Nordeste, que tentam colar no ex-presidente para colher frutos eleitorais. Dos 13 senadores da legenda, cinco estiveram com o petista em jantar oferecido pelo ex-presidente do Senado Eunício Oliveira (CE).
— O maior partido do Brasil não pode ter unanimidade. Nós teremos unidade na convenção, unanimidade não — disse Tebet.
Tebet também negou que o insucesso da candidatura de Henrique Meirelles em 2018, quando terminou a disputa com 1,2% dos votos, tenha feito o partido encolher suas bancadas no Congresso. Segundo ela, o que prejudicou o MDB foram "gravíssimas denúncias de corrupção, que depois se provaram não verdadeiras".