Economia

Selic em 9,25%: saiba os efeitos práticos da alta na taxa de juros

Com maiores juros (alta da Selic), a tendência é que o consumo seja desacelerado

Dinheiro Dinheiro  - Foto: Arquivo/Marcello Casal Jr/Agência Brasil

A última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a Selic, a taxa básica de juros, para 9,25% ao ano. A medida é uma tentativa do Banco Central (BC) em conter a inflação, que já alcançou 10,67% acumulada em 12 meses. Mas, na prática, qual os efeitos que isso tem na vida das pessoas? 

Segundo o presidente do Conselho Regional de Economia, André Morais, o aumento da Selic prejudica, de forma geral, o cenário econômico do país. “Com crédito mais caro, comprar um apartamento, por exemplo, fica mais difícil, pois tudo envolve a taxa de juros que agora está ainda maior”, explica. 

Com relação à moradia, os contratos de financiamento da casa própria são afetados com a Taxa Referencial (TR). “Ela serve de referência para o sistema financeiro de habitação. A taxa serve como indexador para as aplicações da caderneta de poupança”, explica. 

Com essa elevação, a economia fica desestimulada numa tentativa de conter a inflação. Funciona assim: com maiores juros (alta da Selic), a tendência é que o consumo seja desacelerado. Com consumo menor, a inflação pode voltar a cair, pois a oferta de produtos é maior que o consumo (lei da oferta e procura). 

De outra forma, o investimento estrangeiro é favorecido com a alta da Selic. “Levando em consideração risco x retorno, a gente precisa oferecer melhores taxas, que vai garantir para os investidores maiores ganhos. Com Selic em alta, os investidores estrangeiros passam a olhar mais para cá”, detalha.  

De imediato, a Selic vai alterar valores na poupança, no financiamento da habitação, além da remuneração do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). “De fato, existe efeito gradual na atividade econômica principalmente no mercado de crédito, quando tem crédito barato favorece quem toma recurso. Então deve sim, de fato, encarecer o crédito e aí esfriar a economia e consequentemente o IPCA, que é a inflação”, detalha. 

Remuneração do FGTS
A alta da taxa básica de juros deve favorecer o FGTS. Antes, a taxa era TR + 3%. Mas agora, deve ser maior. Porém, ainda não há nenhuma definição clara sobre o valor que irá aumentar. Essa taxa é calculada pelo BC a partir dos juros dos títulos públicos LTN (Letra do Tesouro Nacional), que variam de acordo com a Selic. 

Poupança
Com a alta da Selic, novas regras para a poupança também passam a vigorar. Abaixo ou igual a 8,5% a poupança rende 70% da Selic mais a variação da TR. Agora, com a taxa de 9,25% o valor pago é de 0,50% ao mês + TR, ou 6,17% ao ano

Desta forma, o empreendedor também é desestimulado. “Imagine um empreendedor que pode correr riscos em montar um negócio ou deixar o dinheiro dele aplicado na poupança apenas rendendo juros. Isso é um desestímulo. Ele deixa de abrir uma loja, deixa de gerar emprego. O efeito é alta no desemprego, menor consumo e assim, a inflação pode cair, na medida que o consumo cai”, conclui Morais. 

 

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