Série "Bom dia, Verônica" é fruto da parceria entre os escritores Ilana Casoy e Raphael Montes
Produção estreia nesta quinta-feira, na Netflix, com Tainá Müller, Eduardo Moscovis e Camila Morgado no elenco
Durante a escrita de “Bom dia, Verônica”, Ilana Casoy ouviu de Raphael Montes, co-autor do livro, o seguinte comentário: “Isso um dia vai ser uma série da Netflix”. Na época, a escritora riu da brincadeira, sem imaginar que mais tarde ela se transformaria em algo sério. A plataforma de streaming estreia, nsta quinta-feira (1º), a série baseada na obra literária, com Tainá Müller no papel que dá nome à história.
A parceria entre Ilana e Raphael nasceu após os dois se conhecerem em um evento realizado em Minas Gerais. Ambos já eram nomes conhecidos na literatura policial, só que em ramos diferentes. Criminóloga, ela sempre se dedicou a estudar perfis psicológicos de criminosos, em casos como o do casal Nardoni e de Suzane Von Richtofen. Ele, por sua vez, se consolidou como autor de romances policiais de sucesso, como “Suicidas” e “Dias Perfeitos”.
“Quando a gente se conheceu, eu propus fazermos juntos ‘O silêncio dos inocentes’ (livro do norte-americano Thomas Harris) brasileiro, unindo o conhecimento dela sobre casos reais, investigações e dramas humanos, com o meu trabalho de criar histórias engajantes, com viradas e personagens complexos”, conta Raphael. O resultado da parceria foi lançado em 2016, pela Darkside Books, sob o pseudônimo de Andrea Killmore, e vendeu 10 mil exemplares só na primeira tiragem.
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A trama é centrada na figura de Verônica Torres, uma escrivã da Delegacia de Homicídios em São Paulo. Após presenciar um suicídio no seu local de trabalho, ela passa a investigar um golpista que engana mulheres através de um site de relacionamentos. Em paralelo, ela acaba se deparando com o caso de Janete (Camila Morgado), que vive presa em um relacionamento abusivo com Brandão (Eduardo Moscovis), um serial killer que se esconde por trás da farda de policial militar.
Autora de livros como “Serial Killer, Louco ou Cruel” e “Serial Killer Made in Brazil”, Ilana está acostumada a lidar com perfis de assassinos em série. A experiência a faz garantir que esse tipo de criminoso não existe só nas produções de Hollywood. “A mente humana não tem fronteira geográfica. A diferença é cultural. O local onde o assassino está vai ter uma influência no ritual dele, na necessidade psicológica e no que ele tem como simbologia”, explica.
Ao longo de oito episódios, a primeira temporada da série aborda questões relacionadas às mulheres, como machismo no ambiente corporativo e as diferentes formas de violência sofridas no cotidiano. A junção entre realidade e ficção, para Ilana, ajuda a propor uma reflexão sobre esses assuntos. “Eu vivi muitas situações com vítimas e até esposas de criminosos com as quais já conversei, mas foi muito importante trazer isso para a dramaturgia. Há a possibilidade de alcançar mais pessoas e fomentar mais discussões”, comenta.
A dupla de autores esteve diretamente envolvida na adaptação do livro para o formato audiovisual. Além de produtores, os dois assinam como roteiristas da série, ao lado de Gustavo Bragança, Davi Kolb e Carol Garcia. A direção é de José Henrique Fonseca, filho de Rubem Fonseca, maior referência do romance policial brasileiro.
No processo de transposição da narrativa para a tela, algumas mudanças foram necessárias. Sem receio, os autores alteraram aspectos da história para moldá-la à nova linguagem. “Adaptar é fazer escolhas. Algumas coisas você diminui para que outras floresçam e ganhem potência. O núcleo do Brandão e da Janete, por exemplo, conseguimos explorar de maneira muito mais interessante e profunda. Mas a essência da trama é a mesma. Acredito que o que comove o leitor do livro é também o que vai fazer as pessoas maratonarem a série”, defende Raphael. Ainda sem confirmação sobre uma segunda temporada do seriado, os escritores já trabalham na sequência do livro, que terá como título “Boa tarde, Verônica”.