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Tragédias como as da Bahia já ocorreram anteriormente no país; relembre as maiores

Enchentes na Bahia deixaram 72 municípios em situação de emergência; riisco de desastres causados por chuvas nesta época do ano costuma ser maior no Sudeste, onde mais de 4 milhões vivem em áreas sujeitas a deslizamentos ou inundações

Chuvas na Bahia Chuvas na Bahia  - Foto: Camila Souza/GOVBA

As fortes chuvas que atingem cidades do Sul da Bahia provocaram 20 mortes e deixaram 72 municípios em situação de emergência por conta de enchentes. Mais de 16 mil pessoas estão desabrigadas e dependem de alojamentos oferecidos pelo poder público. Outras 19 mil tiveram de deixar suas residências, mas buscaram abrigo na casa de parentes ou amigos.

Os temporais são causados pela Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS), um sistema formado por uma faixa de nuvens que se estende do sul da Amazônia até o Atlântico Sul, canalizando umidade para a Bahia. O sistema é comum durante o verão, segundo informações do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).

Num único dia, o do Natal, Ilhéus registrou 136 mm de chuvas, o maior volume desde novembro de 2013, quando um temporal atingiu a marca de 172mm. Os temporais provocaram cheias em vários rios, alagando milhares de residências.

As tragédias provocadas por chuvas nesta época do ano são mais comuns na Região Sudeste, onde os temporais encharcam o solo e causam deslizamento de terras em encostas, colocando sob ameaça a vida das pessoas que moram em áreas de risco.

O Brasil tem registrado sucessivos desastres motivados por chuvas. O maior deles ocorreu na Região Serrana do Rio de Janeiro, em 2011, e deixou cerca de 900 mortos.

Um estudo do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) e do IBGE, publicado em 2018, com base no Censo de 2010, contabilizou pelo menos 6,2 milhões de pessoas morando em áreas sujeitas a deslizamentos de terra no país. O total chega a 8,2 milhões de brasileiros em 825 monitorados pelo órgão se considerados também os que vivem em áreas de perigo para enxurradas e inundações. Destes, 4,2 milhões vivem nos quatro estados do Sudeste.

Em número de pessoas em risco, São Paulo lidera, com mais de 1,5 milhão, seguido por Minas Gerais (1,3 milhão). Rio de Janeiro está em quarto lugar, com 865.027 mil — atrás apenas da Bahia. No total, 872 municípios são monitorados.

Com o maior volume de chuvas num único mês em 110 anos apenas em Belo Horizonte, Minas Gerais teve mais de 100 cidades em situação de emergência em janeiro de 2020, com mortes em municípios como Nova Lima, Tabuleiro e Sabará. No período chuvoso, que vai de outubro a março, houve recorde de mortes no estado, com 74 vítimas de deslizamentos, enxurradas e soterramentos entre 2019 e 2020. Entre as vítimas estavam crianças e bebês.Nada menos do que 256 municípios declararam situação de emergência ou calamidade pública em decorrência de estragos - mais que o dobro do recorde anterior,registrado entre 2013 e 2014, quando 106 municípios tiveram de ser socorridos.  Mais de 53 mil pessoas foram afetadas, incluindo desalojados, desabrigados e feridos. 

As fortes chuvas que atingiram o litoral de São Paulo no verão de 2020 provocaram uma das maiores tragédias do estado, com 45 mortes provocadas por deslizamentos de terra na Baixada Santista. Encostas foram abaixo nas cidades de Santos, São Vicente e Guarujá, que registrou sua maior tragédia no Morro dos Macacos. Dois bombeiros também morreram enquanto buscavam vítimas durante os trabalhos de resgate. Houve ainda queda de barreiras nas principais rodovias, como Anchieta, Cônego Domênico Rangoni, Rio-Santos e Guarujá-Bertioga, que fazem a ligação de cidades da Baixada Santista com outras regiões do estado.A região ainda tem moradias em locais considerados de risco alto ou muito alto. O último levantamento disponível informa que Santos ainda tem 11 mil moradias nestas condições, seguido por Guarujá, com 4 mil, e São Vicente, onde cerca de 800 famílias que vivem em áreas de risco de alagamento e solapamento, além das famílias que vivem em casas de palafitas sobre o mar.

O Grande Recife registrou 20 mortes relacionadas à chuva em 2019, com temporais registrados nos meses de junho e julho. Pelo menos 11 pessoas morreram emdeslizamentos de terra ocorridos em Recife, Olinda e Abreu e Lima. Entre as vítimas estava uma jovem de 21 anos, grávida de oito meses.  Mais de 1.600 pessoasprecisaram deixar suas casas na Região Metropolitana e na Zona da Mata em função de alagamentos.Ceará:Dez suspeitos são presos por chacina com seis mortos na noite de Natal em Fortaleza

A maior tragédia relacionada a chuvas no Brasil ocorreu em janeiro de 2011 na Região Serrana do Rio de Janeiro. Fortes temporais deixaram mais de 900 mortos em quatro cidades e pelo menos 35 mil desabrigados. As chuvas no alto dos morros provocaram escorregamento de encostas e até pedras rolaram sobre residências. Considerada a maior catástrofe climática do país, a tragédia mobilizou o país e teve o efeito de modernizar sistemas de defesa civil no Brasil, com aperfeiçoamento de mapeamento de riscos e criação de sistemas de alerta. Em 2019, a maior chuva em 22 anos na capital fluminense voltou a causar 10 mortes, com bairros submersos. 

A cidade histórica de São Luiz do Paraitinga, no Vale do Paraíba, foi destruída por chuvas que provocaram cheia no Rio Paraitinga, que corta o município. Dos 11 mil moradores da cidade na época, nove mil tiveram de deixar suas casas - cerca de 4 mil ficaram desabrigados. O município ficou sem água, telefone, luz e comida e diversos prédios históricos, como a igreja matriz, desabaram. No total, cerca de 140 imóveis do centro histórico foram destruídos. As chuvas haviam sido fortes desde dezembro de 2019 na região, deixando a terra encharcada. Nos últimos dias de 2019, chuvas fortes caíram nos rios Jacuí e Jacuizinho, em Cunha, que fazem parte da bacia. Na altura da cidade, o Rio Paraitinga subiu 12 metros. Mais de 70 pessoas morreram, muitas delas turistas que passavam o réveillon na região. 

O réveillon de 2010 foi de tragédia em Angra dos Reis (RJ). Pelo menos 53 pessoas morreram vítimas de soterramento devido a fortes chuvas na região - 31 na Ilha Grande e 21 no Morro da Carioca, os dois lugares mais atingidos. No Morro da Carioca (Angra), 11 pessoas de uma mesma família perderam a vida. Na Enseada do Bananal (Ilha Grande), local de turismo, 14 hóspedes de uma mesma pousada morreram soterrados. 

Em abril de 2010 chuvas intensas atingiram Niterói por mais de 24 horas e provocaram deslizamentos de terra. Pelo menos 168 pessoas morreram, 45 delas no morro do Bumba. Mais de 7 mil pessoas ficaram desabrigadas - suas casas foram destruídas ou interditadas pela Defesa Civil. 

Santa Catarina foi palco em 2008 de um dos maiores estragos causados por temporais. Naquele ano, as chuvas atingiram fortemente 60 municípios, deixando 150 mortos e cerca de 80 mil desalojados, vítimas de enchentes ou soterramentos. Em décadas anteriores o estado já havia registrado enchentes graves em municípios como Tubarão (1974) e no Vale do Itajaí (1983).

A pior tragédia causada por chuvas no Brasil, antes da Região Serrana do Rio de Janeiro, havia sido registrada em 1967 no município de Caraguatatuba, no litoral norte de São Paulo, que deixou 436 mortos.

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