Um ano sem Marília Mendonça: lembre momentos marcantes da trajetória da Rainha da Sofrência
O principal nome do "feminejo" teria hoje 27 anos se não tivesse sido vítima de um acidente de avião
Neste sábado (5) o mundo completa um ano sem Marília Dias Mendonça. A artista é reconhecida como o principal nome do feminejo - subgênero da música sertaneja de composições que tematizam o ponto de vista feminino - e foi uma das responsáveis pela ascensão da categoria nas décadas de 2010 e 2020. Mesmo tendo falecido jovem, aos 26 anos, foi autora de mais de 300 músicas e 391 gravações em seu nome com parceiros, segundo o Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (ECAD).
"Pare o avião”
No que parecia um dia normal, a cantora gravou stories na academia, cantando com os amigos, ligando para os fãs, anunciando shows, tomando conta do filho, recebendo a segunda dose da vacina contra Covid-19, e, por último, entrando numa aeronave - um avião de pequeno porte que caiu na Serra de Piedade de Caratinga, no interior de Minas Gerais, onde retornaria a agenda de shows após o afastamento dos palcos em função da pandemia e daria início a turnê do projeto “Patroas”.
Inicialmente, a assessoria da compositora divulgou que o tio de Mendonça, o produtor da cantora e a artista haviam sido resgatados e passavam bem, informação que chegou a aliviar os corações de todos que acompanhavam a cobertura do acidente. Mas, pouco depois, o Corpo de Bombeiros negava o comunicado, e, no final da tarde, o País recebeu a notícia oficial do falecimento de Marília Mendonça.
De acordo com a policia civil só será possível apontar o responsável pelo acidente depois de serem concluídos laudos a respeito do "fator máquina" (relativo aos motores do avião). Porém, não há prazo definido para que tais laudos sejam entregues e a principal suspeita no momento é de falha humana.
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"Você não manda em mim”
Maiara e Maraísa, dupla que tem grandes parcerias com a musa, Simone e Simaria, Naiara Azevedo, Paula Matos, Yasmin Santos, Bruna Viola, Lauana Prado, Day e Lara, são apenas alguns dos nomes do Feminejo que carregam o legado da rainha da sofrência.
“Marília quebrou padrões dentro da indústria musical sertaneja. Nos fez pensar sobre as diversas possibilidades de se pensar o feminismo. Tirou pautas como traição, infidelidade, bebedeira e liberdade do plano de fundo, e abriu espaço para as muitas formas de ser mulher no Brasil”, analisa Pauline Saretto, mestre e doutoranda pela Universidade Federal Fluminense, com especialização em estudos de representação do feminismo na música.
"Esqueça-me se for capaz”
Criada em Goiânia, no estado de Goiás, Marília teve seu primeiro contato com a música na igreja e começou a compor quando ainda era menor de idade, aos 12 anos. No ano de 2015 gravou seu primeiro DVD, que contava com "Infiel", uma das músicas mais cantadas e tocadas daquele ano. Em 2019, "Todos os Cantos" rendeu um Grammy Latino na categoria de Álbum de Música Sertaneja.
De lá para cá, muitas coisas estão diferentes, mas uma certamente não mudou: seu sucesso como cantora. “Ela tinha, e ainda tem, uma força muito grande nas mídias sociais. Era muito presente nas pautas do dia a dia. Isso tornava ela um ídolo acessível ao público. Sua adesão vem justamente dessa acessibilidade e dessa proximidade com os fãs. Falar quase que de igual para igual com seu ídolo é uma forma de trazer algum tipo de pertencimento nestes espaços”, lembra Pauline.
Após a sua morte, a rainha do sertanejo guardou diversos projetos que não morreram com o seu falecimento prematuro. Na véspera do que seria seu aniversário de 27 anos, no último mês de julho, sua família compilou, e lançou, as canções (algumas inéditas) deixadas por Marília, que foram criadas para o que seria um futuro EP intitulado “Decretos Reais”. O lançamento engloba as músicas "Amo Demais", "Te Amo'', "Que Mais Posso Dizer", "Não Era Pra Ser Assim", "Sendo Assim/Muito Estranho (Cuida Bem de Mim)".