2022, esperança e transformação
Toda virada de ano é tempo de reflexão e esperança: pensamos sobre tudo o que foi vivido, nossas dores, dificuldades e conquistas, e nos planejamos para que os dias vindouros sejam melhores. Essa reflexão, que nos ajuda a fixar sentido aos acontecimentos e à nossa própria vida, tem ainda mais significado na chegada de 2022, ano que nos exigirá resiliência, na mesma medida em que nos renovará as possibilidades de transformação.
Os últimos 3 anos foram muito difíceis. Se não bastasse a angústia de ver o Brasil sob um governo absolutamente descomprometido com a democracia, vimos nossos parentes e amigos morrerem aos milhares, também como consequência da propositada inação governamental. Vimos o presidente estimular aglomerações e condenar a vacina que tanto nos salva vidas. Vimos o desemprego aumentar e a inflação bater dois dígitos. Vimos a pobreza crescer e ganhar um tamanho monstruoso, externado nas imagens de pessoas em busca de ossos. E nos abateram a tristeza e a desesperança.
Claro, nem tudo foi perda, pois felizmente parte do Congresso Nacional não topou compactuar com tais atrocidades. Juntas, as vozes democráticas da Câmara e do Senado conseguiram conter muitas das maldades do governo. Impedimos de ir à votação do Plenário a PEC 32, a proposta do governo para tornar o Estado brasileiro patrimonialista e privatizar os serviços públicos. Pegamos o péssimo Auxílio Brasil desenhado por Bolsonaro, que simplesmente matava o Bolsa Família e colocava em seu lugar a insegurança, e o transformamos num programa permanente, com valores definidos e que agora é um direito das famílias mais pobres.
No lugar da PEC do calote, inserimos espaço fiscal para a saúde, a Previdência e a assistência social. Fizemos a CPI da Covid, deixando clara à nação a responsabilidade deste governo por parte expressiva das mais de 600.000 vidas ceifadas ao longo dos últimos dois anos. Essas vitórias, que podem parecer pequenas defronte ao terrível contexto autoritário em que nosso Brasil foi enfiado, são o símbolo de nossa resistência. São o símbolo de que não deixaremos a destruição seguir em curso neste país.
De fato, não podemos vender a ilusão de que 2022 será um ano fácil, pois sabemos que será duríssimo. Fora as mazelas econômicas e sociais, muito possivelmente vamos assistir à tentativa de Bolsonaro colocar em xeque a lisura do processo eleitoral e espalhar fake news em quantidade inimaginável. Teremos de ter a sabedoria de esclarecer a população com paciência e gentileza, sabendo que quem acredita em fake news é também vítima de um governo cuja opção é desinformar. Teremos de ter muita resiliência para não nos deixarmos mover por nenhum sentimento mesquinho, como são o ódio e a vingança. Mas estou completamente certo de que conseguiremos e chegaremos ao fim de 2022 com um sentimento escancarado de alívio e felicidade.
Minha certeza de tempos melhores não se pauta em um otimismo irracional, mas na vivência de quem enfrentou a ditadura, se empenhou na reconstrução e viu nosso país sair do Mapa da Fome em 2014. É a certeza depositada em milhões de brasileiras e brasileiros, que insistem em trabalhar por um país mais justo, onde o poder público se compromete com a cidadania da população. Eles, os autoritários, virão com suas armas de ódio. Nós o responderemos com as nossas armas: a ciência, a solidariedade e o debate democrático. E assim faremos que 2022 seja o ano de nossa transformação. Deixo a cada leitor e leitora que acompanhou meus artigos ao longo do último ano, meus mais sinceros votos de que tenhamos um ano novo renovado em esperança.
*Deputado federal
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