SAÚDE

40% dos médicos no Brasil sofrem com algum tipo de transtorno mental, mostra pesquisa

O estudo foi realizado entre julho e agosto deste ano e foram coletadas 2005 respostas; ansiedade, depressão e burnout foram os principais problemas relatados

Pesquisa revelou ainda que duas em cada três pessoas afetadas são mulheres e que elas são maioria entre os médicos com transtornos Pesquisa revelou ainda que duas em cada três pessoas afetadas são mulheres e que elas são maioria entre os médicos com transtornos  - Foto: FreePik

Cerca de 40% dos médicos no Brasil apresentam quadro de transtorno mental, segundo estudo feito pela Afya, maior hub de educação e soluções para a prática médica do país.

A pesquisa “Qualidade de vida dos médicos” desenvolvido pelo Research Center, núcleo de pesquisa da companhia, revelou ainda que os profissionais da saúde são afetados principalmente por ansiedade, depressão e burnout.

A pesquisa revelou ainda que duas em cada três pessoas afetadas são mulheres e que elas são maioria entre os médicos com problemas nos três quadros de transtornos mentais.
 



O estudo também mostrou que os médicos de forma geral estão trabalhando mais de 50 horas semanais, porém, que este tempo de trabalho não tem relação com os quadros de transtornos mentais.

“A proposta deste estudo é manter um panorama vivo e dinâmico sobre a qualidade de vida médicos e, a partir disso, incentivar a comunidade a criar soluções que deem suporte e acolhimento a este público. Ao compreender esse cenário, podemos promover um ambiente de trabalho mais saudável, prevenindo o esgotamento e assegurando a continuidade de um cuidado médico de qualidade para toda a população”, explica Eduardo Moura, médico e diretor de pesquisa do Research Center da Afya.

O estudo foi realizado entre julho e agosto deste ano e foram recebidos um total de 2005 respostas. Cerca de 33,5% dos médicos responderam que são diagnosticados com ansiedade — sendo que 21,1% destes apresentaram os sintomas nos últimos 12 meses. Deste montante, 27 afirmaram estar em tratamento e 6,4%, embora constatado o transtorno, não o tratam.

A depressão vem em segundo lugar, com 22,1% dos profissionais já receberam esse diagnóstico, sendo que 19,9% tratam e acompanham com especialistas e 2,2% não tratam. Outros 17,1% apresentam sintomas, mas não têm diagnóstico e não tratam a doença.

O burnout aparece com 6,7% dos casos, e metade foram identificados nos últimos 12 meses. 2% dos médicos diagnosticados com a condição não fazem acompanhamento com especialista.

Contudo, em uma avaliação mais ampla, mais de 50% dos médicos indicam já terem apresentado sintomas da doença, ainda que não tenham um diagnóstico fechado ou já tenham se curado da condição.

Quase 50% deles responderam que não tratam a doença por não terem disponibilidade de tempo. Médicos com diagnóstico de burnout trabalham em média 57,2 horas por semana, cerca de sete horas a mais do que a média geral.

Estresse
94% dos médicos concordam que o nível de estresse compromete seu relacionamento fora do ambiente de trabalho, enquanto 82% concordam que compromete muito o desempenho no trabalho. Quase 50% concordam que o estresse já os levaram a erros médicos.

O estudo mostra que 48% dos médicos apontam elevada demanda de trabalho como principal motivo do estresse e 42% pelo descontentamento com o Sistema de Saúde e condições de trabalho.

A pesquisa ainda revelou que cerca de 3,6% dos médicos já esteve internado para tratar alguma condição mental e precisou ficar afastado cerca de 5,1 semanas nos últimos 12 meses.

Médico, está tudo bem?
O estigma associado aos transtornos mentais e a dificuldade de acesso a serviços de apoio frequentemente levam os médicos a evitarem buscar ajuda profissional. O tema que ainda é tabu na sociedade, ganha força durante o Setembro Amarelo, mês dedicado ao cuidado com a saúde mental e à prevenção ao suicídio. Ciente desse cenário, a Afya lança nesta quinta-feira a campanha “Está tudo bem?” para incentivar médicos e estudantes de medicina a procurar por ajuda especializada.

Durante o mês de setembro, médicos e alunos de medicina em todo o país terão acesso a uma nova funcionalidade nas plataformas digitais da Afya: o botão “Está tudo bem?”. Ao utilizar esse recurso, o usuário será direcionado para um mapeamento de saúde mental, que pode oferecer desde conteúdos sobre cuidados com a saúde e bem-estar até suporte médico e psicológico gratuito para aqueles que estiverem enfrentando dificuldades emocionais.

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“Precisamos quebrar o estigma das doenças mentais e humanizar a figura do médico como um ser humano que também enfrenta adversidades e indecisões ao longo da jornada. Tratar corretamente sintomas oriundos de condições mentais em desequilíbrio é uma etapa importante para uma vida mais equilibrada e saudável”, diz Moura.

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