54% dos amantes de bebidas alcoólicas dizem que reduziriam consumo se calorias fossem mais expostas
No Brasil, as bebidas alcoólicas também não são obrigadas a colocar a tabela nutricional em seus rótulos
54% dos bebedores perigosos na Inglaterra, ou seja, que abusam do álcool, afirmaram que mudariam seus hábitos de consumo se as calorias do álcool fossem introduzidas no rótulo dos produtos, de acordo com um novo estudo realizado por pesquisadores da Universidade de Londres.
No Reino Unido todos os alimentos e bebidas não alcoólicas devem exibir informações nutricionais. Produtos alcoólicos são isentos disso e precisam apenas mostrar a força do álcool, o volume da bebida e quaisquer alérgenos contidos neles.
No Brasil, as bebidas alcoólicas também não são obrigadas a colocar a tabela nutricional em seus rótulos e, neste caso, também estão liberadas para declarar apenas o valor energético total do produto.
O estudo, publicado no periódico BMJ Open, analisou respostas de 4.683 adultos na Inglaterra para avaliar o impacto que a rotulagem de calorias do álcool pode ter nas atitudes e no comportamento das pessoas em relação ao consumo de álcool.
Os pesquisadores agruparam os entrevistados da pesquisa em não bebedores, bebedores de baixo risco e bebedores perigosos (ou assíduos) com base em um questionário sobre hábitos de bebida, que perguntou sobre a quantidade de álcool consumida, bem como o impacto da bebida na vida diária. Cerca de três quartos dos bebedores foram classificados como de baixo risco e um quarto como perigosos.
Os pesquisadores também avaliaram o conhecimento das pessoas sobre o conteúdo calórico das bebidas alcoólicas, descobrindo que os bebedores perigosos eram mais propensos do que os bebedores de baixo risco ou os que não bebiam a estimar com precisão o número de calorias na cerveja, no vinho e nas bebidas destiladas.
"Isso sugere que a rotulagem pode ajudar a atingir bebedores de alto risco, que estão consumindo uma proporção maior de calorias do álcool e têm maior probabilidade de ganhar peso em excesso como resultado”, disse Andrew Steptoe, professor de ciências comportamentais e saúde da Universidade de Londres.
O cientista diz que embora as respostas da pesquisa não correspondam necessariamente ao comportamento das pessoas, os resultados indicam que os rótulos podem desempenhar um papel útil na redução do consumo de calorias ocultas no álcool.
Como resultado, na categoria de bebedores perigosos, mais de um quarto (27%) disseram que escolheriam bebidas com menos calorias se o valor estivesse impresso no rótulo, enquanto um em cada seis disse que beberia álcool com menos frequência (18%) e (17%) consumiria menos bebidas.
Mais da metade dos entrevistados (58%) disse que a rotulagem de calorias seria útil, com 64% concordando que ela deveria ser fornecida em lojas e supermercados, e 52% dizendo que ela deveria estar disponível em bares e restaurantes.
"Embora esses resultados sejam encorajadores, é improvável que a rotulagem de calorias do álcool isoladamente contribua substancialmente para a estratégia do governo do Reino Unido de reduzir os danos do álcool e da obesidade. Pode ter um papel positivo como parte de uma abordagem mais abrangente, incluindo regulamentação sobre publicidade, disponibilidade, tributação e preço”, afirma Jamie Brown, professor de ciências comportamentais e saúde da Universidade de Londres e coautor do estudo.
Número de calorias em bebidas
A bebida alcoólica tem um impacto muito grande no organismo, já que além do aumento calórico, o consumo causa retenção de líquido e impacta na saúde do intestino e do fígado.
O álcool age no corpo como uma toxina, contaminando seu funcionamento. Por ser diurético, ele estimula a produção de urina e, consequentemente, nos desidrata. Também força uma reação inflamatória no sistema imunológico e causa queda de açúcar no sangue, fazendo o corpo ficar trêmulo e debilitado.
Bebidas destiladas, como o gin, não contêm açúcares ou carboidratos naturalmente. No entanto, a alta caloria desses produtos vem do açúcar que compõe os drinques, usado geralmente para tirar o gosto amargo. Componentes como leite condensado, caldas, licor, por exemplo, fazem com que o teor calórico suba. É o caso da caipirinha, que tem quase três vezes mais calorias que uma lata de cerveja.
Uma taça de vinho branco, por exemplo, tem cerca de 170 calorias (menos do que uma taça de vinho tinto que gira em torno de 230 calorias). A cerveja contém 156 calorias (valor correspondente a uma lata). Uma dose de gin contém cerca de 60 calorias.
Confira as calorias:
1 dose de gin tônica: 60 calorias
1 lata de cerveja: 156 calorias
1 lata de cerveja light: 71 calorias
1 dose de 50 ml de cachaça: 115 calorias
1 copo de Moscow Mule: 153 calorias
1 taça de vinho branco: 170 calorias
Catuaba (250ml equivalente a um copo de requeijão): 282 calorias
1 copo de caipirinha (250 ml): 300 calorias.