EUA

"A decisão foi minha", diz Trump sobre contestar resultados das eleições de 2020

Em entrevista à NBC, o ex-presidente americano afirmou ter ignorado conselheiros que disseram que ele perdeu as eleições e criticou política anti-aborto de Ron DeSantis

Donald Trump Donald Trump  - Foto: Elijah Nouvelage / AFP

O ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump afirmou que a decisão de contestar o resultado das eleições de 2020, em que foi derrotado pelo democrata Joe Biden e gerou uma série de tentativas de reverter o pleito, partiu dele, embora tenha ouvido assessores defenderem a tese da fraude.

"Eu estava ouvindo pessoas diferentes e, quando juntei tudo, [percebi que] a eleição foi fraudada" disse Trump em uma entrevista exibida pela rede americana NBC no domingo (17). — Quanto a se acredito ou não que [a eleição] foi fraudado? Claro. A decisão foi minha.

As ações de Trump logo após a divulgação do resultado das eleições é o que motiva boa parte das ações judiciais que o ex-presidente enfrenta atualmente na Justiça, colocando em risco sua nova candidatura à Presidência.

Em um dos casos, que corre em Washington, Trump é acusado de obstrução e fraude por tentar se manter no poder após a derrota eleitoral. Também é investigada sua participação nos atos de 6 de janeiro de 2021, que terminaram com a invasão do Capitólio por extremistas que contestavam o resultado eleitoral.

Na Geórgia, os promotores apresentaram 13 acusações (no processo judicial americano, cada ação delitiva exige uma acusação à parte) contra o ex-presidente, incluindo falsificação e racketeering (organização criminosa) pelo mesmo motivo. No caso do estado do sul do país, Trump chegou a telefonar para um autoridade eleitoral republicana para pedir que ele "encontrasse" votos suficientes para mudar o resultado da eleição.

Na entrevista na TV americana, Trump disse ainda ter ignorado a opinião de advogados e outros conselheiros do Partido Republicano e da Casa Branca que o aconselharam a aceitar a derrota em 2020. Apesar de ter dado ouvidos a outros que defendiam a tese de que a eleição foi fraudada, Trump reforçou que tomou suas próprias decisões.

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"Você sabe quem eu escuto? Eu mesmo. Eu vi o que aconteceu" acrescentou Trump.

O ex-presidente também comentou sobre o seu último chefe de gabinete na Casa Branca e co-réu na acusação na Geórgia, Mark Meadows, afirmando esperar que ele ainda fosse “leal”. Especialistas jurídicos sugerem que os promotores podem pressionar para que alguns dos réus no caso se declarem culpados e se tornem testemunhas contra outros envolvidos, e Meadows vem sendo apresentado pela imprensa americana como um desses possíveis elos frágeis para a acusação.

Críticas à proibição do aborto
Apoiado pela ala mais radicalizada do Partido Republicano, o ex-presidente criticou seu principal rival nas primárias do partido, o governador da Flórida Ron DeSantis, pela proibição do aborto antes de seis semanas de gestação, o que ele chamou de "coisa terrível".

Trump vem mostrando desconforto para lidar com o tema desde que lançou sua candidatura, e após a revogação da decisão histórica do caso Roe v. Wade, de 1973, que mudou o entendimento sobre o tema nos EUA. A revogação foi impulsionada pelos indicados do ex-presidente à Suprema Corte.

uestionado se DeSantis foi longe demais ao assinar uma proibição, Trump respondeu que o rival cometeu "um erro terrível" e que, se eleito, sentaria "com ambos os lados" e negociaria um acordo.

"O que vai acontecer é que você terá um número de semanas ou meses" disse Trump. "Você vai chegar a um número que vai deixar as pessoas felizes".

(Com New York Times)

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