"A família Flordelis age na intimidação", diz em julgamento testemunha que teve bomba jogada em casa
Regiane Ramos Cupti Rabello foi chefe de Lucas dos Santos de Souza, já condenado por participação na morte do pastor Anderson do Carmo
Ouvida na noite de terça-feira (13) no Fórum de Niterói, na Região Metropolitana do Rio, a comerciante Regiane Ramos Cupti Rabello contou que, desde que depôs no primeiro julgamento do Caso Flordelis, em novembro do ano passado, vem sofrendo retaliações que seriam protagonizadas por pessoas ligadas à família da pastora.
Na ocasião, dois filhos da ex-deputada foram condenados pela morte do marido dela, o pastor Anderson do Carmo: Lucas Cezar de Souza, que trabalhou em uma oficina mecânica de Regiane, e Flávio dos Santos Rodrigues.
Desta vez, estão sentados no banco dos réus Carlos Ubiraci Francisco de Oliveira, também filho afetivo de Flordelis, denunciado por participação no plano para executar a vítima, e três acusados de forjar uma carta que inocentava a ex-parlamentar: Adriano dos Santos Rodrigues, mais um filho da ex-deputada, o ex-policial militar Marcos Siqueira e sua esposa, Andrea Santos Maia.
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A carta em questão foi assinada por Lucas na cadeia, onde ele estava detido junto do irmão Flávio e do ex-PM. No texto, o rapaz eximia a mãe de qualquer responsabilidade sobre o assassinato. Posteriormente, porém, ele acabou voltando atrás, reconhecendo que o conteúdo foi escrito pela própria Flordelis, tendo sido entregue a ele pronto, para que apenas repetisse o relato.
"O Lucas não sabia escrever texto. O que estava naquela carta não era fala do Lucas, dava pra ver que era montado, até por ele ter muito pouco estudo", contou Regiane no tribunal, revelando que chegou a frequentar a casa da família do funcionário para, segundo ela, averiguar as histórias contadas por ele sobre abusos e desvios: "Aquilo ali não era um lar, era um hospício".
Ainda sobre a carta forjada, ela disse ter ouvido de Lucas a confirmação de que o conteúdo havia sido elaborado pela mãe. No momento em que a cópia foi feita, em uma sala de leitura na prisão, Flávio teria, inclusive, descartado uma das páginas enviadas por Flordelis, porque “já era coisa demais” e “daria muito na pinta”. Segundo Regiane, Lucas também revelou que guardou o documento original, mas que as folhas acabaram descartadas pelo irmão quando ele deixou a cela para participar da reconstituição do crime.
"Depois que eu relatei o que eu sabia, foi jogada uma bomba na minha casa. Foi para me intimidar. A família Flordelis age na intimidação. Querem proteger a mãe de qualquer jeito. Esse tipo de coisa vem acontecendo desde dezembro e está se intensificando. Até vidros de carros quebraram", disse Regiane, acrescentado que parentes da pastora também vêm passando pela casa dela e fazendo ameaças.
Às 21h, o julgamento, que ainda está na fase de oitiva de testemunhas, foi interrompido por uma hora para o jantar. Pelo menos sete pessoas ainda devem ser ouvidas pelos promotores, assistente de acusação e o advogado de defesa. Depois, os quatro réus também irão depor, passando em seguida para a etapa das alegações finais. Não há previsão de quando a audiência irá terminar, tampouco se será estabelecido algum intervalo.