OPINIÃO

A Fundaj, o Ciclo do açúcar, os 130 anos da Usina Cucaú e o legado de Lula Cardoso Ayres 

A Fundação Joaquim Nabuco espelha, sob vários aspectos, o universo do açúcar que deu ao Nordeste, e a Pernambuco em particular, não só a economia, mas uma imensa riqueza cultural. Além do próprio autor de Minha Formação, o autor do projeto da Fundação, Gilberto Freyre, que completaria hoje 122 anos, sua data natalícia, e artistas como Vicente do Rego Monteiro, Cícero Dias, Lula Cardoso Ayres e muitos outros.
 
Além das pinturas, gravuras e desenhos, notabiliza-se  o acervo relativo ao açúcar da Fundação Joaquim Nabuco por uma riquíssima coleção de fotografias. Na verdade, mais de uma coleção, pois em diversas delas - em que se inclui a de Lula Cardoso Ayres - o açúcar está registrado em imagens do patrimônio arquitetônico e, sobretudo, humano. O Engenho Massangana representa uma síntese privilegiada disso, pois da vivência da infância de Nabuco.
 
Não há como fazer referência a fotografia, Fundação Joaquim Nabuco e açúcar sem uma menção mais do que especial à coleção Francisco Rodrigues. Os retratos da aristocracia do açúcar se multiplicam em dezenas, em centenas de poses e olhares que falam de um tempo cuja história e memória a Fundação preserva com orgulho.
 
Por vezes o açúcar dos retratos e dos edifícios, dos depoimentos orais e sob outras formas também se mostra sob a forma de livros, de folhetos, teses e artigos em revistas nacionais e estrangeiras. Mas também por meio audiovisual, como o documentário sobre a cultura do açúcar, complemento importante do livro Engenho e arquitetura, do arquiteto Geraldo Gomes. Ou a obra coletiva O retrato no tempo - coleção Francisco Rodrigues (1840-1920). 

Como se tudo isso fosse pouco, a Fundação Joaquim Nabuco tem todo um museu dedicado ao universo do açúcar. O Museu do Açúcar que, juntamente com o de antropologia e o de arte popular, forma o Museu do Homem do Nordeste. Logo na entrada, vê-se o açúcar reinventado na cana do mural de Francisco Brennand e, na parte interna, outro artista, Aloisio Magalhães nos presenteia com um monumento composto pela mó proveniente do Engenho Vila da Rainha (Rio de Janeiro) e do Engenho Camaragibe em Pernambuco.

No museu propriamente uma parte da história do açúcar exprime-se nos objetos. Como os modelos em miniatura dos aparelhos de moagem da cana, das peças e utensílios de cozinha, dos instrumentos de suplício de escravos, de moedas, de selos, de rótulos de cachaça e de muitos outros itens que retratam no tempo e no espaço os modos de vida daqueles cujo sustento veio e vem de engenhos e de usinas, ou, numa só palavra, do açúcar e os seus vínculos. Com usinas como Cucaú, mais do que centenária, onde o humanismo e a responsabilidade social são os melhores sinônimos do açúcar, que sem ele não teria Pernambuco, tampouco a Fundação Joaquim Nabuco, a força viva que tem. Assim, a Fundaj agradece a comenda dos 130 anos da Usina Cucaú e externa os grandes laços que nos unem. 



* Presidente da Fundação Joaquim Nabuco.

 

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