Solidariedade

"A gente cuidando da gente", dizem moradores do Ibura mobilizados na arrecadação de doações

O bairro foi muito atingido pelas fortes chuvas da RMR

Ponto de arrecadação para as vítimas das chuvas na Associação Asa Branca, ao lado da  UPA Lagoa Encantada, Ibura Ponto de arrecadação para as vítimas das chuvas na Associação Asa Branca, ao lado da UPA Lagoa Encantada, Ibura  - Foto: Marconi Meireles/Folha de Pernambuco

O bairro do Ibura, no Recife, foi uma das localidades mais afetadas pelas grandes chuvas que atingem todo o estado de Pernambuco. Para ajudar a população a reconstruir suas vidas, diversas organizações se juntaram para arrecadar e distribuir mantimentos

Contando com representantes da Igreja Adventista, do Coletivo Ibura Mais Cultura, Mulheres do Dez e Ibura Ae e localizando-se na Associação Asa Branca, ao lado da UPA Lagoa Encantada, o local da arrecadação estava cheio de doações de todos os tipos: alimentos, roupas e itens de higiene pessoal. Mesmo assim, isso não é o suficiente para todos os atingidos pelas chuvas. 

Nesta terça-feira (31), uma das voluntárias envolvidas na ação, Carla Geórgia, de 47 anos, explicou que as mulheres estão à frente, organizando as doações e com a ajuda da população, é possível ver a empatia dos moradores. “São várias mulheres unidas em um só propósito. Estão chegando muitas doações e a gente arrecada, distribui, é a gente cuidando da gente. É nessa hora que o amor do próximo tem que ser visto para todo mundo ter mais empatia”, afirmou Carla.

Tássia Seabra é coordenadora do Coletivo Ibura Mais Cultura e acrescentou: “Chega comida pronta, cesta básica, roupas. Temos necessidade de colchões, remédios e suporte psicológico. Estamos sentindo muita necessidade disso, o inverso nem começou oficialmente, então isso é uma problemática e nós queremos garantir que as pessoas tenham pelo menos colchão para poder dormir”. 

Além das arrecadações, Tássia contou que o local também funciona como uma cozinha solidária. “A gente montou uma cozinha solidária aqui para poder atender os pontos que estão com maior necessidade. Nossa prioridade agora é garantir café da manhã, almoço e jantar para as famílias que não têm o que cozinhar”, explicou ela. 

Com toda a mobilização acontecendo na Associação Asa Branca, o presidente da Associação, José Rufino da Silva, de 65 anos, reiterou que as mulheres são as grandes realizadoras do projeto, mas que ceder o espaço é fazer sua parte. Ele afirmou que é durante cenários como estes que as pessoas enxergam a solidariedade.

“Moro no Ibura há 43 anos e nunca vi uma tragédia destas, é nesse momento que conseguimos constatar a solidariedade do povo da periferia, isso aqui é tudo de gente da periferia. Hoje eu estou com a convicção de que o povo pobre deve ser estudado porque eu nunca vi tanta solidariedade”, falou José. 

Um dos grandes afetados pelas chuvas foi Anderson da Silva, que perdeu a cunhada e dois sobrinhos em um deslizamento de barreira. “Eu saí de onde eu estava para morar aqui depois de 5 anos e com 20 dias que eu cheguei aqui, aconteceu essa fatalidade. Meu irmão hoje sofre muito com a perda da família, provavelmente vai precisar de apoio psicológico. O corpo da minha cunhada e dos meus sobrinhos só saiu dali porque a gente tirou, o Samu não chegou lá”, conta Anderson. 

“Graças a Deus tem muita gente ajudando, levando cesta básica, comida pronta, roupas, lençóis… O pessoal aqui vem trabalhando, se ajudando, nos apoiando. Quando a gente precisa de uma toalha, uma roupa, eles estão aqui para ajudar”, acrescentou. 

Para contribuir com a ação e população do Ibura, podem ser levadas doações diretamente ao local ou doar quantias em dinheiro através do pix do Coletivo Ibura Mais Cultura, [email protected] e [email protected].

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