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A renovação do Bairro do Recife

Localidade transformou-se em um canteiro de obras, com vários prédios antigos em reforma, dando nova esperança de revitalização do espaço

As alterações podem ser ainda melhor implementadas com a mudança do padrão de mobilidade, a destinação de imóvAs alterações podem ser ainda melhor implementadas com a mudança do padrão de mobilidade, a destinação de imóv - Foto: Henrique Genecy

 

Um ar de renovação parece emanar do Bairro do Recife. Pelo menos é o que demonstra a quantidade de prédios antigos atualmente em reforma no local. Após cerca de três décadas de discussões e projetos que almejavam uma total revitalização, o bairro, aos poucos, começa a ganhar uma nova cara, abraçando novas finalidades em que o velho e o novo se encontram.

Basta um passeio rápido pela avenida Marquês de Olinda e pelas ruas Mariz e Barros, Vigário Tenório e Madre de Deus para constatar um verdadeiro canteiro de obras. Do edifício rosa da Excelsior, já reformado e reativado, na esquina sudoeste da Mariz com a Marquês, passando pelo prédio branco em obras no mesmo cruzamento, no vértice noroeste, o edifício amarelo claro, também em obras, na Vigário com Mariz, e o amarelo escuro na Marquês com Madre até o interminável Chantecler, que compreende o quarteirão da Madre com a Marquês e o o Cais da Alfândega. Processos de restauração que dão uma nova esperança de revitalização do espaço.

Por lei, toda a área do Bairro do Recife é protegida desde 1980, quando o município legislou pela primeira vez sobre o assunto, tomando como base o Plano de Proteção dos Sítios Históricos, instituído um ano antes. A partir de então, outras regras, como a Lei de Uso e Ocupação do Solo (1996) e o Plano Específico de Revitalização (1997), garantiram a preservação do patrimônio histórico - tornando a região uma Zona Especial de Proteção do Patrimônio Histórico-Cultural (ZEPH) - e incentivaram sua revitalização, estimulando seu uso.

Reflexo de mudanças de pensamento sobre o valor histórico ocorrido a partir justamente dos anos 1980, esse novo conceito rompeu com a tendência que imperou até a década anterior, que via o antigo patrimônio como uma velharia descartável de um país em desenvolvimento, herança de iniciativas que não deram certo.

Para o arquiteto, urbanista e mestre em desenvolvimento urbano Milton Botler, a atual fase do processo de revitalização tem um agente estimulador protagonista: o Porto Digital. Fundado em 2000, o parque tecnológico, um dos principais do País, vem contribuindo significativamente para a requalificação urbanística, imobiliária e de recuperação do patrimônio local incentivando, inclusive, outros ramos de negócios.

“O Porto Digital trouxe essas empresas de perfil tecnológico. Hoje falta espaço. A Microsoft saiu de lá porque não tinha prédios para absorvê-la”, exemplifica Botler. “É um bom momento, olhando essa crise toda”, observa.

Tentativas
Nessas três últimas décadas, várias estratégias tentaram soerguer o Bairro do Recife, como se fossem projetos-piloto, mas sem continuidade, como a criação de polos de entretenimento nas ruas do Bom Jesus e da Moeda. O primeiro nem existe mais. Para o Milton Botler, a ideia das áreas de animação acabou entrando em conflito com os demais fins imobiliários do local. “O Porto Digital de fato conseguiu dar uma ocupação ao bairro”, enfatiza.

Para o arquiteto, a revitalização pode ser ainda melhor implementada com a mudança do padrão de mobilidade, a destinação de imóveis para habitação e a inclusão social, no caso específico da comunidade do Pilar, localizada na parte norte da ilha, que até o momento não participa efetivamente da nova economia do bairro.

 

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