A segurança da vacina contra a Covid-19 independe do país de origem, destacou secretário de Saúde
O presidente da República, Jair Bolsonaro, questionou o crédito da China para vacina afirmando que "pela sua origem" o medicamento não tem credibilidade
Reagindo às declarações do Governo Federal sobre a vacina contra a Covid-19, André Longo, secretário de Saúde de Pernambuco e vice-presidente do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), alegou que a inclusão de uma vacina no Programa Nacional de Imunização deve se ater às questões técnicas.
"O embate político e as influências ideológicas na área da saúde, sobretudo com relação a este assunto, têm uma influência muito ruim na assistência à população", assegurou.
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A avaliação das vacinas contra a Covid-19, assim como todas as vacinas distribuídas pelo Plano Nacional de Imunização (PNI), é feita pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
A CoronaVac, que é desenvolvida em parceria entre a farmacêutica Sinovac Life Science e o Instituto Butantan, de São Paulo, é uma das vacinas com a pesquisa mais avançada no mundo. A vacina já havia sido designada como "vacina do Brasil", de acordo com Eduardo Pazuello, atual ministro da Saúde, e seus dados já estavam sendo avaliados pela Anvisa.
Contudo, após a confirmação de compra de doses da vacina pelo Ministério da Saúde, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) desautorizou a aquisição, afirmando que "o povo brasileiro não será cobaia de ninguém".
Em entrevista coletiva remota realizada nesta quinta-feira (22), no Recife, André Longo salientou que a vacina distribuída para os brasileiros deve ser segura e avalizada pelas autoridades sanitárias do País.
"A população brasileira precisa ter acesso a toda vacina que seja segura e eficaz, que tenha seu processo de modelagem e estudo avaliado pelo comitê técnico da Anvisa, que faz essa liberação. Pouco importa a origem da vacina; se ela é eficaz e segura, deve ser incorporada ao PNI", ressaltou o secretário estadual.
De acordo com ele, o Conass espera que prevaleça a boa técnica para que a vacina esteja disponível para a população o mais breve possível. "A gente confia muito que vai prevalescer a técnica, a boa técnica, nesse processo, e estaremos vigilantes. Nós não vemos, nesse momento, nenhuma necessidade de intervenção judicial ou qualquer outra intervenção. Estamos acompanhando o processo e, diante disso, esperando que possamos ter uma vacina disponivel, se possivel, nos primeiros meses do ano de 2021", concluiu Longo.