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A seis meses das eleições, Biden está cada vez mais mal-humorado com a imprensa

O mau humor do presidente coincide com pesquisas que mostram resultados pouco animadores

Joe Biden, presidente dos Estados UnidosJoe Biden, presidente dos Estados Unidos - Foto: Saul Loeb/AFP

É a tensão sobre as próximas eleições? Frustração por uma campanha que não está indo como ele deseja? Negação diante de pesquisas sombrias? Seja como for, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, está cada vez mais de mau humor com os jornalistas.

O democrata, que enfrentará novamente seu antecessor republicano Donald Trump (2017-2021) em busca de um segundo mandato, mostra-se mais ácido diante da imprensa.

“Rezei por todos vocês. Precisam de ajuda!”, declarou recentemente, ao sair de uma igreja, a um repórter que perguntou como havia sido seu dia.
 

Na última quinta-feira, durante uma coletiva de imprensa conjunta com o presidente do Quênia, William Ruto, o governante de 81 anos reclamou: “Vocês nunca cumprem sua palavra.”

Um jornalista havia perguntado sobre a situação no Haiti e também sobre o conflito na Faixa de Gaza, mas o presidente só tinha concordado em responder a uma pergunta. Por fim, acabou falando brevemente sobre o Oriente Médio.

A equipe de campanha de Biden critica os meios de comunicação apontando que subestimam o perigo representado por Trump para a democracia e por se interessarem mais pela idade do presidente do que pelo desempenho da economia em seu mandato, considerado relativamente bom.

Longe de atacar apenas os meios conservadores, o pessoal de Biden desenvolveu uma hostilidade particular contra o The New York Times, jornal de prestígio considerado de centro-esquerda.

“Quem faz vista grossa para as mentiras de Donald Trump? The New York Tunes”, gritou um porta-voz da campanha de Biden, depois que o jornal desmentiu, em fevereiro, algumas afirmações do governo sobre o andamento da economia.

De qualquer forma, Biden nunca atacou a imprensa com a mesma virulência que Trump.

Mantendo distância 
Mas enquanto o magnata de 77 anos se aproxima sempre que pode de qualquer microfone, Biden mantém distância deles.

Concede muito poucas coletivas de imprensa importantes, raramente dá entrevistas e nunca tem conversas informais em suas viagens de avião.

Até pouco tempo atrás, às vezes respondia duas ou três perguntas antes de subir em seu helicóptero e partir da Casa Branca rumo a algum evento.

Mas agora, em vez de caminhar sozinho em direção à aeronave, o presidente sai rodeado por um grupo de assessores que agem como uma barreira de contenção contra os jornalistas.

Isso evita perguntas e disfarça diante das câmeras o quão cauteloso o candidato democrata se tornou.

O mau humor de Biden coincide com pesquisas que mostram resultados pouco animadores.

Várias enquetes o mostram em dificuldades frente a Trump, não necessariamente na intenção de voto geral, mas nos chamados "estados indecisos", aqueles seis ou sete que efetivamente decidirão as eleições.

Por um lado, Biden questiona a solidez das pesquisas: "Hoje em dia é difícil fazer uma pesquisa racional. (...) É preciso fazer tantas ligações" antes de conseguir falar com alguém, afirmou recentemente.

Porém, por outro lado, analisa essas mesmas pesquisas em busca de sinais favoráveis: "A imprensa não fala sobre isso, mas a dinâmica está claramente a nosso favor", repete aos seus seguidores.

Mídia tradicional em baixa 
“A campanha de Joe Biden se baseia em falsas esperanças?”, questiona o título de uma entrevista na revista New Yorker com o estrategista democrata Simon Rosenberg, que se declarou definitivamente otimista.

O analista enfatizou, em um vídeo divulgado na quinta-feira, que nenhuma pesquisa até então, por mais favorável que seja, garantiu a Trump os 270 delegados necessários para a vitória final.

“Não estamos onde gostaríamos de estar e há muito trabalho a ser feito”, reconheceu Rosenberg, que no entanto ressaltou: sem dúvida, prefiro estar em nosso lugar do que no deles”, referindo-se aos republicanos.

Para o bem ou para o mal, Biden não deveria esquecer que, apesar de sua frustração com os meios tradicionais, eles têm cada vez menos influência sobre os eleitores.

Segundo uma pesquisa realizada em dezembro pela Universidade de Maryland e o The Washington Post, 14% dos americanos têm como fonte primária de notícias meios diferentes da televisão, rádio e periódicos.

Só 5% dos entrevistados cita, por exemplo, o The New York Times.

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