A situação no Haiti "nunca esteve tão ruim", diz Unicef
"O Haiti está realmente se tornando uma crise esquecida", denunciou Catherine Russell, poucos dias depois de sua visita a Porto Príncipe
Meninas estupradas, menores recrutados por organizações criminosas, casas incendiadas. A diretora-executiva do Unicef descreveu nesta quinta-feira (19) os "horrores" sofridos pela população do Haiti e pediu ao mundo que não se esqueça deste país assolado pela violência.
"O Haiti está realmente se tornando uma crise esquecida", denunciou Catherine Russell, poucos dias depois de sua visita a Porto Príncipe.
Cerca de 5,2 milhões de pessoas, quase metade da população, precisam de ajuda humanitária. Entre elas, cerca de 3 milhões são menores de idade, lembrou.
"Grupos armados violentos controlam mais de 60% da capital e grande parte da região agrícola do país", afirmou.
"Os haitianos de nossa equipe no país me disseram que a situação nunca foi tão ruim quanto agora: fome e desnutrição sem precedentes, paralisia econômica, ressurgimento da cólera e insegurança generalizada, que criam uma espiral de violência".
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À esta situação são somadas as inundações e terremotos que "lembram a vulnerabilidade do Haiti à mudança climática e aos desastres naturais", afirmou.
A diretora do órgão da ONU que presta assistência a crianças em todo mundo condenou o uso do estupro "como arma de intimidação e controle" por gangues armadas.
"Uma menina de 11 anos me disse com sua voz doce que cinco homens a pegaram na rua. Três a estupraram. Quando conversamos, ela estava grávida de oito meses e deu à luz alguns dias depois".
Outra mulher disse a ela que "homens armados invadiram sua casa e a estupraram. Sua irmã de 20 anos resistiu e foi queimada viva. Em seguida, colocaram fogo na casa".
"Mulheres e crianças morrem, escolas e locais públicos que deveriam ser abrigos não são mais abrigos. O mundo, coletivamente, abandona o povo haitiano e se não tomarmos medidas imediatas é difícil imaginar um futuro digno para esta população", afirmou.
O governo haitiano pediu à ONU que envie ao país uma força internacional de intervenção para ajudar a polícia, sem resposta até agora.
"Como comunidade internacional, não podemos ficar de braços cruzados vendo o país desmoronar", alertou.