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'A traição de Pinochet foi abominável', diz presidente do México em visita ao Chile

Andrés Manuel López Obrador está em Santiago para a cerimônia oficial que marcará os 50 anos do golpe militar no país, nesta segunda-feira

Presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, cumprimenta o homólogo chileno, Gabriel Boric, em SantiagoPresidente do México, Andrés Manuel López Obrador, cumprimenta o homólogo chileno, Gabriel Boric, em Santiago - Foto: Javier TORRES / AFP

O presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, declarou, neste domingo, em visita ao Chile, que a “traição” do general Augusto Pinochet, que comandou a sangrenta ditadura chilena, foi “abominável”. López Obrador chegou a Santiago na véspera do aniversário de 50 anos do golpe de Estado que derrubou o então presidente, Salvador Allende, em 11 de setembro de 1973.

— A traição de Augusto Pinochet foi abominável. É uma mancha que não se apaga nem com toda a água dos oceanos — disse o presidente mexicano, após o encontro com o homólogo chileno, Gabriel Boric, no Palácio de La Moneda.

Pinochet liderou o levante que afundou o Chile em anos de chumbo, horas depois de ter declarado lealdade à Allende. O general ficou no poder por 17 anos, até 1990.

Boric agradeceu a solidariedade do México com os exilados políticos chilenos no passado e a presença do presidente no país, para participar da cerimônia oficial que marcará a data, nesta segunda-feira.

López Obrador contou que era estudante universitário quando o golpe ocorreu e que foi um marco na vida dele.

— O presidente chileno Salvador Allende, que ainda governa com seu exemplo, é o dirigente estrangeiro que mais admiro — declarou o presidente mexicano.

O aniversário de 50 anos do golpe chileno motivou também uma declaração do secretário-geral da ONU, António Guterres, neste domingo. Guterres declarou que o golpe de 1973 “foi uma quebra institucional que rompeu os laços de convivência e marcou gerações de chilenos e chilenas. Neste aniversário, celebremos o compromisso chileno com a democracia e os direitos humanos”.

Também neste domingo, Boric participou de um trecho da marcha que cruzou ruas do centro da capital chilena, para marcar o aniversário do golpe. Durante a caminhada, que reuniu cerca de 5 mil pessoas, vândalos encapuzados atacaram a fachada e o entorno do Palácio de La Moneda. Agentes de segurança dispersaram os agressores com gás lacrimogêneo e veículos com jatos d’água. Três pessoas foram detidas e três policiais ficaram feridos, de acordo com o comunicado do governo.

"Como Presidente da República, condeno categoricamente esses atos sem nenhum tipo de matiz. A irracionalidade de atacar aquilo pelo que Allende e tantos outros democratas lutaram é vil e mesquinha", reagiu Boric em sua conta na rede social X [antigo Twitter].

O Chile segue um país dividido e polarizado politicamente, com a extrema direita em ascensão e baixa popularidade do governo de esquerda. Uma pesquisa recente da Mori Consultores revelou que apenas 42% dos chilenos consideram que o ditador Augusto Pinochet destruiu a democracia do país. Há dez anos, o percentual era de 63%, e em 2006, ano da morte de Pinochet, atingiu 68%.(Com AFP)

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