Abramed alerta para possíveis falhas no autoteste e pede ao ministério que sejam em laboratórios
Segundo a Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica, apesar de ter terem uma aparente facilidade de aplicação, os dispositivos têm complexidade tecnológica e exigem precisão no manuseio para evitar falsos negativos
Após a aprovação do uso e venda de autotestes para detectar a Covid-19 no Brasil pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) se manifestou apoiando a decisão do órgão, mas chamou a atenção para possíveis falhas na execução e no uso dos testes, que exigem precisão no manuseio.
A Abramed reforçou que aguarda a inclusão das orientações sobre o uso dos autotestes em uma atualização do “Plano Nacional de Expansão de Testagem para Covid-19” (PNE Teste).
Em nota, a Abramed disse que "sente-se na obrigação de alertar e reforçar a sua preocupação com a qualidade desses dispositivos e possíveis falhas na execução dos autotestes que, embora tenham uma aparente facilidade de aplicação, têm complexidade tecnológica e exigem que todas as etapas sejam realizadas com muito cuidado".
A entidade acrescentou que a utilização incorreta dos testes levam à obtenção de falso-negativos, o que, do ponto de vista epidemiológico, é "extremamente grave por trazer falsa sensação de segurança em relação a não transmissibilidade da COVID-19".
Junto à Sociedade Brasileira de Análises Clínicas – SBAC, e à Sociedade Brasileira de Patologia Clínica / Medicina laboratorial – SBPC/ML, o órgão informou que enviou ofício ao Ministério da Saúde para solicitar que os autotestes sejam realizados junto de Laboratórios Clínicos para que sejam orientados e supervisionados por profissionais capacitados.
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A Abramed reiterou que este tipo de teste tem caráter de triagem e requer confirmação para que o diagnóstico da Covid-19 seja confirmado.
Na semana passada, diretores da agência sinalizaram de forma favorável à autorização de uso de autotestes no Brasil, mas adiaram a decisão sob a justificativa de falta de políticas públicas. Uma nova nota técnica foi enviada à Anvisa na noite de terça-feira.
A venda do produto será permitida em farmácias e estabelecimentos de saúde licenciados, sendo proibida a oferta em outros sites na internet que não estejam autorizados. A agência informou que os primeiros produtos devem ser aprovados para comercialização em fevereiro.
A resolução da Anvisa sobre os requisitos para o uso do autoteste foi publicada em edição extra do Diário Oficial da União na tarde desta sexta-feira. Assim, as empresas já podem pedir o registro para a comercialização do produto. Os pedidos feitos anteriormente estão indeferidos.
FAQ: Já posso comprar o autoteste de Covid nas farmácias? Tire suas dúvidas após a aprovação da Anvisa
A relatora do processo, Cristiane Rose Jourdan, votou a favor da liberação. Ela argumentou que os autotestes já são usados em outros países, como Alemanha, Reino Unido e Estados Unidos. Em seu voto, citou a política de autoteste aperfeiçoada pelo Ministério da Saúde.
— Ressalto a importância de ampliar o acesso a testes que permitam a detecção do antígeno SARS-Cov-2, como estratégia de triagem, a fim de se iniciar rapidamente o isolamento dos casos positivos e serem tomadas as ações necessárias para interrupção da cadeia de transmissão — destacou Cristiane Jourdan.