Argentina

Abuso na infância e poucos amigos: a vida de Javier Milei antes da projeção política

Ultraliberal alcançou a Casa Rosada após uma carreira política meteórica impulsionada por aparições na TV e estratégia digitalPresidente eleito da Argentina, o ultradireitista Javier Milei assume neste domingo o comando da nação vizinha. Economista formad

Javier Milei, presidente eleito da ArgentinaJavier Milei, presidente eleito da Argentina - Foto: Luis Robayo/AFP

Presidente eleito da Argentina, o ultradireitista Javier Milei assume, neste domingo (10), o comando da nação vizinha. Economista formado na Universidade de Belgrano, instituição de pouco prestígio no país, Milei vem de uma família de classe média e já relatou que sofreu abusos por parte de seu pai.

Em entrevistas, Milei chegou a dizer, no passado, que, para ele, seus “progenitores” estavam “mortos”. Seu principal vínculo é com sua irmã, Karina, chefe de sua campanha e principal assessora, que já foi por ele comparada a Moisés. Os cachorros — vivos e mortos — também são muito importantes para Milei, que dedicou o resultado das primárias de agosto, quando foi o mais votado, “aos filhos de quatro patas”.

Milei é descrito como uma pessoa solitária, que tem poucos amigos e construiu um partido político do zero, que chegou bem mais longe do que muitos que o conheceram imaginavam.

Oito anos antes de ser eleito, Milei era o economista-chefe da Corporação América, que controla, entre outras empresas, a Aeroportos Argentina 2000. Naquele ano, 2015, decidiu levar suas teorias econômicas libertárias aos canais de TV locais com a meta de se tornar conhecido

Demorou pouco tempo para que o economista passasse a ser convidado para outros programas e se tornasse, como tinha sido seu plano desde o início, uma figura midiática relevante no país.

Milei chamava a atenção com suas ideias disruptivas, entre elas a de eliminar o Banco Central — pilar de seu programa de governo —, seu estilo intempestivo e seu visual. Era, nas palavras de uma pessoa que o conhecia muito bem à época, “um combo perfeito para a TV: um economista de cabelo bagunçado, que falava coisas delirantes, explosivo, briguento, que foi goleiro de um time portenho e cantor de uma banda de rock inspirada nos Rolling Stones”.

O sucesso na TV o levou ao teatro e, paralelamente, às redes sociais, sua principal plataforma de projeção nacional. Milei se tornou um fenômeno do mundo digital e, aos poucos, conquistou uma legião de fãs no Youtube, Instagram e TikTok. Num país mergulhado na decadência econômica e acostumado aos permanentes escândalos de corrupção, as falas de Milei cativaram, sobretudo, os mais jovens, base de sua militância mais radical.

Milei continuou trabalhando na Corporação América até que, em 2021, quando elegeu-se deputado pelo partido que fundou, A Liberdade Avança, passou a dedicar a vida à política. Sua relação com o dono do grupo econômico — que tem presença no Brasil —, o empresário Eduardo Eurnekian, é errática. E entrou em crise quando Milei insistiu em atacar publicamente o Papa Francisco, posição que modificou nos últimos meses de campanha eleitoral. Eurnekian disse que o ex-funcionário “tem falhas” e, numa declaração que provocou a ira de Milei, assegurou que “o país não está em condições de aguentar outro ditador”

Sua relação com a rede global de extrema direita é uma peça importante em sua história. Um ex-assessor de Milei admite que surfar na onda de figuras como os ex-presidentes Jair Bolsonaro e Donald Trump foi uma “ideia genial” para se instalar na política argentina.

Apenas oito anos depois de ter se apresentado pela primeira vez na TV, sem contar com o apoio de governadores e prefeitos, e com uma bancada minúscula no Congresso, Milei foi eleito com 55,7% dos votos válidos.

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