Academias de Ciências e Medicina de Pernambuco desaconselham realização do Carnaval 2022
Uma das grandes questões que permeiam o cotidiano do pernambucano nos últimos meses é a realização do Carnaval 2022. O cancelamento da folia por algumas cidades e o aumento de casos da Covid-19 em países que flexibilizaram antes do Brasil nos apresenta um cenário negativo para a autorização.
De acordo com as Academias Pernambucana de Ciências (APC) e de Medicina (APM), a realização do Carnaval em 2022 colocaria em risco a população com uma grande exposição ao vírus. Em nota divulgada nesta quinta-feira (25), as academias desaconselharam a realização de festas de fim de ano e Carnaval próximas.
"A gente está acostumado a achar que duzentos está melhor do que trezentos óbitos, mas o que eu estou aqui dizendo é que ainda inaceitável, a gente não pode se tranquilizar até quando tivermos zero óbitos", comentou o presidente da APM e professor da Universidade de Pernambuco (UPE), Hildo Azevedo.
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De acordo com Azevedo, além de enfrentar riscos com aglomerações de pessoas já imunizadas no Brasil, o Carnaval é realizado em um momento em que o País recebe muitas visitas que podem estar não vacinadas contra a Covid-19 e transmitindo com maior eficiência o vírus até variantes. "Os não vacinados são aqueles mesmos que pretendem fugir do inverno europeu e invadir o Brasil e países tropicais em busca de clima de praia e, eventualmente, encontrariam o Carnaval", informou.
Na nota, as academias expuseram dados sobre as flexibilizações em países europeus, inclusive países com uma taxa de imunização maior do que se tem no Brasil. "O que está acontecendo na Europa é uma prévia do que poderá acontecer no Brasil em 2022, visto que o risco atual no Brasil é superior, por exemplo, ao da Espanha quando iniciou o relaxamento das medidas restritivas com taxa de vacinação superior à nossa", informa o documento.
Azevedo informou que o grupo leva em consideração a importância do evento, mas que a divulgação das previsões para o que pode acontecer caso ocorra Carnaval deve chegar à população. "Escrevemos essa nota no sentido de não só de alertar a população, mas também poder ajudar as autoridades no sentido de para que possam balizar essa tomada de decisão, que eu entendo que difícil, mas nós fazemos isso pro bem da humanidade para o bem da sociedade brasileira".
Confira a nota completa:
O RISCO DO CARNAVAL
Nota das Academias Pernambucana de Ciências (APC) e de Medicina (APM)
Nos últimos dias, a Europa vem tendo uma média diária de 250 a 300 mil novos casos de COVID-19 e de 3500 a 4300 óbitos por dia, decorrentes da doença. Com efeito, a média móvel dos últimos 7 dias (MM-7) de casos confirmados no Reino Unido aumentou 11 vezes desde 1º de junho até 21/11/2021. Na Alemanha, o aumento foi até maior atingindo 17 vezes. Estamos realmente em uma quinta onda da pandemia varrendo o velho continente. Vários países como Reino Unido, Alemanha, França, Áustria, Holanda e Dinamarca estão retomando o uso de fortes restrições sanitárias.
O aumento de casos na Europa se deve ao relaxamento das medidas restritivas, principalmente, concernentes ao não uso de máscaras e a permissão de aglomerações (campeonato Europeu, por exemplo) além da reduzida vacinação em alguns países como a Rússia. O que está acontecendo na Europa é uma prévia do que poderá acontecer no Brasil em 2022, visto que o risco atual no Brasil é superior, por exemplo, ao da Espanha quando iniciou o relaxamento das medidas restritivas com taxa de vacinação superior à nossa.
Se ocorrerem as aglomerações de final de ano e do carnaval, com probabilidade muito elevada, poderemos vir a repetir em 2022 lockdowns restritos ou parciais com consequências nefastas para a nossa já combalida economia. Está mais do que provado cientificamente que mesmo sendo as vacinas o método mais efetivo de controle de pandemias, outras medidas são necessárias, pois países que vacinaram altas proporções de suas populações, mas que relaxaram as medidas de segurança sanitária, viram surgir novas ondas da pandemia com muita agressividade.
A vacinação é uma estratégia muito importante para reduzir de forma substancial o volume de óbitos decorrentes da infecção e de casos graves, evitando o internamento hospitalar. O uso de máscaras, o distanciamento social e a proibição de aglomerações desnecessárias, são primordiais para que consigamos sair da situação crítica que vivenciamos desde março de 2020. Sabe-se que a probabilidade de contágio aumenta exponencialmente com o tamanho de qualquer aglomeração e não existe a menor possibilidade de festas de réveillon e, principalmente, de carnaval, evento grandioso, ocorrerem respeitando as medidas de segurança.
Nestas circunstâncias, a realização das festividades de final de ano e do carnaval trazem a possibilidade concreta de gerar um novo surto da pandemia, motivo pelo qual alertamos às autoridades públicas que assumam a responsabilidade de preservar a saúde e a vida da população, continuando com a vacinação para todos, mantendo o distanciamento social e o uso contínuo de máscaras que são condições essenciais para o controle e superação da doença COVID-19.
Recife 25 de novembro de 2021
Anísio Brasileiro
Presidente da APC
Hildo Azevedo
Presidente da APM